Cultura

Carmen Abascal: "Apreciar a beleza está dentro do homem".

A beleza, a aspiração à beleza, é uma experiência estética e também um direito que está dentro do homem e que nos torna melhores, explica Carmen Abascal à Omnes. Conhecida empresária do sector da comunicação, a arte atraiu-a desde criança, mas só recentemente desenvolveu a sua faceta de pintora, que começou por ser um hobby.

Francisco Otamendi-15 de janeiro de 2024-Tempo de leitura: 4 acta

Carmen Abascal tem pintado constantemente em pequenos e grandes formatos, explorando diferentes técnicas e materiais. Estudou Belas Artes na Universidade Complutense de Madrid, embora trabalhe em comunicação há muitos anos. Mas há já algum tempo que desenvolve uma intensa atividade como artista.

Em outubro do ano passado, fez uma "casa aberta" e diz-se "muito feliz porque as pessoas gostam do meu trabalho: tenho vendido bastante e também tenho tido encomendas". É verdade, diz, que a sua pintura está muito de acordo com a estética atual. Entre outros temas, gosta "do horizonte como ligação, como ponte entre o céu e a terra, como harmonia, que reflecte a aspiração do homem ao transcendente, que estou convencida que está dentro de cada um".

A sua última exposição foi em Puerto de Santa María, em Puerto Sherry. Atualmente, Carmen Abascal está a trabalhar em vários projectos para apresentar em diferentes feiras, tanto em Espanha como no estrangeiro, que desenvolve simultaneamente com a sua empresa.  

Onde nasceu e estudou? Onde iniciou a sua atividade?

-Sou natural de Tudela e estudei Belas Artes na Universidade Complutense. Dirigi uma associação de tempos livres para crianças, criando um concurso de comédia musical, no qual a criatividade aplicada ao cenário e aos figurinos, bem como à dança e à música, desempenhou um papel decisivo. O projeto do Concurso Nacional de Comédia Musical alcançou grande prestígio em toda a Espanha, com participantes de diferentes regiões espanholas. Depois trabalhei numa empresa de leilões.

A sua sensibilidade para a arte, para a beleza, surgiu numa idade muito jovem...

-Eu sempre tive, desde criança, sempre gostei muito. Vejo que o ser humano tem esta necessidade estética, que não é um capricho, mas uma necessidade, uma necessidade humana universal intimamente ligada à bondade, a ética e a estética estão intimamente ligadas, como dizem muitos filósofos, e eu experimento isso todos os dias. Para mim, a pintura é uma experiência estética, mas uma experiência que quero partilhar com a pessoa que vê o meu trabalho. Penso que todos temos direito à beleza, que nos torna melhores. Não sei se é muito idealista, mas estou absolutamente convencido de que é assim. Acabei de ler um romance "Um abril Encantado", da australiana Elizabeth von Arnim, que é um hino à beleza e à bondade, e precisamente a personagem que se destaca pela sua bondade é a que mais anseia pela beleza, nesse romance. Para além disso, cultivei muita arte, visitando museus, exposições, etc.

Falemos de Tàpies e da areia... O que mais o influenciou?

-Não é só o Tápies. O movimento dos anos 60 dos pintores espanhóis que trabalham com materiais sempre me atraiu muito. Por exemplo, também tenho muitos trabalhos com madeira, Lucio Muñoz trabalhou muito com madeira, tenho trabalhos que faço com cadernos... Sempre gostei muito da reciclagem. Agora que a sustentabilidade está em alta, sempre trabalhei com material reciclado como expressão artística. A areia dá-me muita versatilidade para expressar a ligação com a natureza em diferentes territórios, no mar, no céu, nos vulcões, na terra, na lama, na pedra, etc. 

Admira e é fascinado pela natureza...

-Gosto de ir para as montanhas, para o campo. Preciso de me desligar, ligando-me à beleza.

Gosta muito do horizonte.

-Outra linha de trabalho que tenho, porque sempre me motivou o horizonte. Seja no mar, no campo, em terra, gosto de pensar que estamos com os pés no chão, mas a olhar para o céu.... 

E as cores, o que é que elas lhe trazem, o que é que procura na sua pintura?

As cores da natureza atraem-me, trazem equilíbrio e paz, algo tão necessário nestes tempos de agressividade. Com esta linha procuro a paz, a serenidade. Muitas pessoas comentam que o meu trabalho lhes dá paz e, por outro lado, muitos clientes pedem-me quadros que tragam serenidade, é claro que são valores que todos procuramos. Creio que a beleza traz um valor transcendental que nos conduz à verdade, ao bem, mais do que a reivindicação da arte como expressão da vida em que se mostra o feio. Talvez eu seja mais um sonhador nesse sentido. 

Vamos terminar. Está a falar de uma série sobre pessoas ligadas. O que quer dizer com isso?

 -Durante muitos anos trabalhei com "conectados". Um artista precisa de exprimir a sua expressão criativa de diferentes formas, e nós evoluímos. Agora estou a trabalhar mais com expressões materiais, com horizontes e séries temáticas mais expressionistas. Acabei de fazer um jardim botânico, com verdes, muita expressão da natureza, arbustos, árvores...

"Conectados" foi uma série influenciada por Gerardo Rueda. Passei muito tempo a fazer esse trabalho, chamei-lhe conectados porque ligava blocos de diferentes tamanhos que podiam ser diferentes comunidades. Para mim eram como um lembrete que nos pode ajudar, estamos todos ligados, na família, no trabalho, na sociedade civil, queria pensar em comunidades ligadas de forma positiva e colaborativa, o que também tem um aspeto solidário.

A beleza é um direito? Esta é uma frase dele.

-Penso que sim. É um universal, algo que está dentro do homem, aspirar à beleza, algo que todos devemos experimentar do mais profundo do nosso ser, muito ligado à bondade, a que todos temos direito e que nos torna a todos melhores. Viver uma tarde de sol, um nascer do sol, um ato generoso de uma criança com um idoso são factos belos que nos alargam o coração... a todos nós.

O autorFrancisco Otamendi

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