Na sessão de catequese do Público esta quarta-feira, que desde o início do ano é dedicada ao "vícios e virtudesO Papa reflectiu sobre a tristeza, "um demónio ardiloso, que os Padres do deserto descreviam como um verme do coração, que corrói e esvazia quem o abriga", e sobre o qual já reflectiu. anteriormente.
Francisco definiu a tristeza como "um abatimento da alma, uma aflição constante que impede o ser humano de sentir alegria na sua existência". Na sua meditação, sublinhou que os Padres faziam uma distinção importante.
"Há, de facto, uma tristeza que é própria da vida cristã e que, com a graça de Deus, se transforma em alegria: esta, evidentemente, não deve ser rejeitada e faz parte do caminho de conversão". Neste sentido, citou a parábola do filho pródigo que sofreu "uma tristeza amiga", que conduz à salvação.
"Mas há também uma segunda espécie de tristeza, que se insinua na alma e a faz cair num estado de desânimo: é esta segunda espécie de tristeza que deve ser combatida resolutamente e com todas as forças, porque vem do Maligno. Encontramos esta distinção também em S. Paulo, que, escrevendo aos Coríntios, diz: "Esta tristeza de Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não é de lamentar; mas a tristeza do mundo produz a morte" (2 Cor 7, 10).
Discípulos de Emaús, corações desiludidos
Neste caso, podemos referir-nos ao relato dos discípulos de EmaúsAqueles dois discípulos partem de Jerusalém com o coração desiludido e confiam-se ao desconhecido que os acompanha. "Aqueles dois discípulos partem de Jerusalém com o coração desiludido, e confiam-se ao estrangeiro que, a certa altura, os acompanha: "Esperávamos que fosse ele - isto é, Jesus - a libertar Israel" (Lc 24,21).
A dinâmica da tristeza está ligada à experiência da perda, diz o Papa. "No coração do ser humano, nascem esperanças que, por vezes, são desiludidas. Pode ser o desejo de possuir algo que não se consegue obter; mas também algo importante, como a perda de um afeto. Quando isso acontece, é como se o coração humano caísse num precipício, e os sentimentos experimentados são o desânimo, a fraqueza de espírito, a depressão, a angústia".
Superar a tristeza com santidade
Para combater a tristeza, o Pontífice lançou várias mensagens, que podem ser resumidas em duas. Em primeiro lugar, a tristeza "pode ser facilmente combatida guardando o pensamento da ressurreição de Cristo. Por muito cheia que seja a vida de contradições, de desejos derrotados, de sonhos não realizados, de amizades perdidas, graças à ressurreição de Jesus podemos acreditar que todos serão salvos".
"A fé lança fora o medo, e a ressurreição de Cristo remove a tristeza como a pedra do túmulo. O dia de cada cristão é um exercício de ressurreição".
A segunda arma é a santidade. "Georges Bernanos, no seu famoso romance "Diário de um padre do campo", faz o pároco de Torcy dizer: "A Igreja tem alegria, toda aquela alegria que está reservada a este mundo triste. O que fizeram contra ela, fizeram contra a alegria". E outro escritor francês, Léon Bloy, deixou-nos esta frase maravilhosa: "Só há uma tristeza, (...) a de não sermos santos!
No domingo, Nossa Senhora de Lourdes, Dia do Doente
"Que o Espírito de Jesus Ressuscitado nos ajude a superar a tristeza com a santidade", rezou o Papa, que também se referiu à Virgem Maria ao dirigir-se aos peregrinos de diferentes línguas.
Em particular, antes de dar a Bênção, o Santo Padre recordou a festa de Nossa Senhora de Lourdes no domingo, dia 11, quando a Igreja celebra a Dia Mundial do Doente. "Que Nossa Senhora de Lourdes vos proteja com a sua ternura maternal no vosso caminho", rezou o Papa, dirigindo-se aos pacientes e todos os fiéis.
Além disso, como é habitual em todas as suas mensagens e discursos, Francisco rezou por todos aqueles que sofrem por causa das guerras, pela paz na martirizada Ucrânia, pela Palestina, por Israel, pelos Rohingyas e por outros em tantos lugares. "Rezemos pela paz, precisamos de paz", pediu aos peregrinos na Sala Paulo VI.