Vaticano

Papa Francisco: "A Quaresma é uma viagem de transfiguração pessoal".

O Papa Francisco na sexta-feira de manhã lançou a sua mensagem para a Quaresma de 2023. Nela, centrou-se na passagem sobre a Transfiguração do Senhor, narrada por Mateus, Lucas e Marcos. "Neste acontecimento", disse o Papa, "vemos a resposta que o Senhor deu aos seus discípulos quando estes mostraram incompreensão para com ele".

Paloma López Campos-17 de Fevereiro de 2023-Tempo de leitura: 4 acta
Quaresma

Uma coroa de espinhos numa igreja em Dunquerque (OSV News photo/CNS file, Bob Roller)

 O Papa Francisco convidou na sua mensagem para o Quaresma 2023 para contemplar a passagem da Transfiguração do Senhor. Este episódio mostra a resposta de Cristo à incompreensão dos discípulos. De facto, é precedido por "um verdadeiro confronto entre o Mestre e Simão Pedro, que, após professar a sua fé em Jesus como o Cristo, o Filho de Deus, rejeitou a sua proclamação da paixão e da cruz".

A passagem da Transfiguração é lida todos os anos no segundo Domingo da Quaresma. Esta é uma estação litúrgica durante a qual "o Senhor nos leva a si mesmo e nos conduz a um lugar à parte". O Papa recordou na sua mensagem que "mesmo quando os nossos compromissos diários nos obrigam a permanecer onde habitualmente estamos, vivendo uma vida diária muitas vezes repetitiva e por vezes aborrecida, durante a Quaresma somos convidados a "escalar uma montanha alta" juntamente com Jesus, para viver com o Povo santo de Deus uma experiência particular de ascetismo".

Asceticismo quaresmal

Esta experiência de ascese, continuou Francisco, "é um compromisso, sempre animado pela graça, para superar a nossa falta de fé e a nossa resistência em seguir Jesus no caminho da cruz". É um caminho necessário "para aprofundar o nosso conhecimento do Mestre, para compreender e aceitar plenamente o mistério da salvação divina, realizada no dom total do eu por amor".

O Papa também mencionou a relação entre esta ascensão e a experiência sinodal. Assim, ele disse que "é necessário partir numa viagem, uma subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma caminhada de montanha. Estes requisitos são também importantes para a viagem sinodal que, como Igreja, nos comprometemos a empreender".

Partilhar experiência de vida

Francisco convidou os fiéis a verem na passagem da Transfiguração um símbolo de experiência partilhada. "No "retiro" no Monte Tabor, Jesus levou consigo três discípulos, escolhidos para serem testemunhas de um acontecimento único. Ele queria que esta experiência de graça não fosse solitária, mas partilhada, como é, afinal de contas, toda a nossa vida de fé".

Mais uma vez, o Papa aproveitou a oportunidade para aplicar estas mesmas ideias à Via Sinodal que a Igreja está a viver. Ele salientou que "analogamente à ascensão de Jesus e dos seus discípulos ao Monte Tabor, podemos afirmar que o nosso caminho quaresmal é "sinodal", porque o percorremos juntos no mesmo caminho, discípulos do único Mestre. Sabemos, de facto, que Ele próprio é o Camino E assim, tanto na viagem litúrgica como na do Sínodo, a Igreja nada mais faz do que entrar cada vez mais plena e profundamente no mistério de Cristo Salvador".

Caminho Sinodal e Quaresma

No Monte Tabor, as esperanças que aparecem ao longo do Antigo Testamento são cumpridas. O Papa disse que "a novidade de Cristo é o cumprimento do Antigo Pacto e das promessas; é inseparável da história de Deus com o seu povo e revela o seu profundo significado. De modo semelhante, a viagem sinodal está enraizada na tradição do Igreja e, ao mesmo tempo, aberto à novidade. A tradição é uma fonte de inspiração para a procura de novos caminhos, evitando as tentações opostas de imobilidade e experimentação improvisada.

Francisco salientou que esta época litúrgica tem um objectivo muito concreto: "a viagem ascética da Quaresma, tal como a viagem sinodal, tem como objectivo uma transfiguração pessoal e eclesial. Uma transformação que, em ambos os casos, encontra o seu modelo no de Jesus e se realiza através da graça do seu mistério pascal".

Caminhos para a transformação pessoal

A fim de ajudar nesta mudança que deve ter lugar tanto dentro de nós como na Igreja, o Santo Padre propôs duas maneiras de "ascender com Jesus e alcançar o objectivo com Ele".

A primeira destas refere-se ao "imperativo de que Deus Pai se dirigiu aos discípulos no Tabor, enquanto eles olhavam para Jesus transfigurado. A voz da nuvem dizia: "Escutai-o". Portanto, a primeira indicação é muito clara: escutem Jesus. A Quaresma é um tempo de graça, na medida em que escutamos Aquele que nos fala".

Para ouvir Jesus temos de ir à liturgia, mas "se nem sempre podemos participar na Missa, meditemos nas leituras bíblicas diárias, mesmo com a ajuda da Internet". Por outro lado, o Papa salientou, "a escuta de Cristo implica também a escuta dos nossos irmãos e irmãs na Igreja; aquela escuta mútua que em algumas fases é o objectivo principal, e que, em qualquer caso, é sempre indispensável no método e estilo de uma Igreja sinodal".

A segunda chave que Francisco ofereceu foi a de "não se refugiar numa religiosidade feita de acontecimentos extraordinários, de experiências sugestivas, por medo de enfrentar a realidade com as suas lutas diárias, as suas dificuldades e as suas contradições". A luz que Jesus mostra aos discípulos é uma antecipação da glória pascal e devemos ir ao seu encontro, seguindo "só Ele".

O Papa concluiu a sua mensagem pedindo "que o Espírito Santo nos encoraje durante este tempo quaresmal na nossa subida com Jesus, para que possamos experimentar o seu resplendor divino e assim, fortalecidos na fé, possamos continuar juntos no seu caminho, a glória do seu povo e a luz das nações".

Poster para a Quaresma de 2023 pelo Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral
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