Na Igreja há uma realidade, talvez ainda pouco conhecida, que está a crescer constantemente no mundo: a da diaconado. "Nos últimos anos, há mais de 48.000 diáconos presentes em todos os continentes e o seu número está a aumentar. Por exemplo, de 2018 a 2019 cresceram em 1.000. Um verdadeiro dom do Espírito Santo", diz Enzo Petrolino, 73 anos, diácono permanente e presidente da Comunidade Diaconal em Itália.
Mas quem são os diáconos? Enzo Petrolino, que é também marido e pai feliz de três filhos, responde a esta pergunta tecendo o fio da história: "Para compreendê-los bem, devemos partir dos Actos dos Apóstolos, em que o evangelista Lucas nos fala da instituição dos primeiros sete diáconos, escolhidos para responder a uma necessidade das primeiras comunidades cristãs: cuidar das viúvas dos heleneses, que tinham sido abandonadas anteriormente. Os diáconos, na sua essência, nasceram para servir".
A diakonia, que em grego significa serviço, é reservada a alguém em particular?
- É uma vocação que diz respeito a todos os baptizados e pode ser considerada o coração da missão da Igreja, porque o próprio Jesus disse: "Não vim para ser servido, mas para servir", para ser diácono do Pai. A história ensina-nos que os diáconos desapareceram depois durante 1500 anos, e apenas o Concílio Vaticano IIA Constituição Dogmática Lumen Gentium reintroduziu na Igreja esta figura, chamada não para o ministério mas para o serviço.
Qual é a importância do diaconado na Igreja de hoje?
- O Magistério do Papa Francisco é o mais actual. Desde o início do seu pontificado, o Santo Padre tem dito que quer uma Igreja pobre para os pobres e por isso deve ser diaconal, extrovertida: atenta aos últimos e às periferias, não só física mas também existencial.
Quais são as áreas de competência dos diáconos?
- As áreas de competência cobrem várias frentes: há diáconos que trabalham na Caritas local ou no ministério da saúde; há aqueles que trabalham nas prisões ou aqueles que se dedicam ao serviço da liturgia e da evangelização. Outra frente importante é a da família: aqui os diáconos têm mais oportunidades de ajudar porque 98% deles são casados.
Qual é a tendência nas vocações diaconais em comparação com as vocações sacerdotais?
- Infelizmente, as vocações sacerdotais estão a diminuir nos países ocidentais, enquanto que continua a haver um declínio acentuado no número de seminaristas, a maioria dos quais se encontra na Ásia, África e América: a Europa está no fundo da lista. É diferente no caso das vocações diaconais, que estão a crescer de forma constante em todos os países do mundo. O maior número de diáconos encontra-se nos Estados Unidos, Brasil e Itália, terceiro no mundo, mas primeiro na Europa.
O papel das esposas na viagem profissional diaconal é fundamental: se a esposa de um aspirante a diácono casado não concordar, o marido não pode ser ordenado. Como é que as esposas participam nesta viagem?
- O envolvimento das esposas é um aspecto que a nossa comunidade está a colocar muita ênfase, tentando tornar as esposas conscientes do que irão enfrentar assim que o seu marido se tornar diácono. Concentramo-nos na sua formação, paralela à dos aspirantes a diáconos.
O que vê como o futuro próximo para o diaconado no mundo?
- Imagino que será um futuro muito interessante e estará ligado a uma Igreja cada vez mais extrovertida. Os diáconos terão de aprender a ser mais sinodais, caminhando juntos, enfrentando as novas necessidades do mundo e da Igreja. O nosso desafio será evitar um diaconado em acção que não sirva para nada.