O Santo Padre Francisco dirigiu-se a uma audiência com os participantes no Capítulo Geral dos Filhos Missionários do Imaculado Coração de Maria, também conhecidos como Claretianos, esta manhã no Palácio Apostólico.
"É para mim uma grande alegria dar as boas-vindas ao vosso Capítulo Geral", começou o Papa, referindo-se à renovação do Superior Geral, Pe. Vattamattam: "Felicito o Pe. Mathew Vattamattam, a quem os capitulares renovaram a sua confiança ao reelegerem-no como Superior Geral. Com ele, saúdo os irmãos que foram eleitos para formar o novo governo do Instituto. Que o Espírito do Senhor esteja sempre sobre vós para que, como missionários, possais anunciar a Boa Nova aos pobres (cf. Lc 4,19) e a todos os que têm fome da Palavra que salva (cf. Is 55,10-11)".
Tomando como fio condutor o tema do Capítulo, "Enraizado e audaz", o Santo Padre comentou que isto significa estar enraizado em Jesus: "Isto pressupõe uma vida de oração e contemplação que os leve a poder dizer como Jó: "Eu só te conheci por rumores, mas agora os meus olhos te viram" (Jb 42,5). Uma vida de oração e contemplação que lhes permite falar, como amigos, cara a cara com o Senhor (cf. Ex 33,11). Uma vida de oração e contemplação que vos permite contemplar o Espelho, que é Cristo, para vos tornardes um espelho para os outros".
Além disso, o Papa salientou o carácter missionário claretiano: "Sois missionários: se quereis que a vossa missão seja verdadeiramente frutuosa, não podeis separar a missão da contemplação e uma vida de intimidade com o Senhor. Se quiserem ser testemunhas, não podem deixar de ser adoradores. Testemunhas e adoradores são duas palavras que estão no coração do Evangelho: "Ele chamou-os para estarem com ele e para os enviar a pregar" (Mc 3,14). Duas dimensões que se alimentam uma da outra, que não podem existir uma sem a outra".
O Papa também comentou a segunda parte do lema do Capítulo, explicando que esta "orientação vai torná-los audazes na missão, tal como a missão do Padre Claret e dos primeiros missionários que se lhe juntaram foi ousada". A vida consagrada exige audácia e precisa de pessoas mais velhas que resistam ao envelhecimento da vida, e de jovens que resistam ao envelhecimento da alma".
Francisco assegura que "esta convicção levar-vos-á a sair, a pôr-se a caminho e a ir onde ninguém quer, onde a luz do Evangelho é necessária, e a trabalhar lado a lado com o povo". A sua missão não pode ser "à distância", mas sim de proximidade, proximidade. Em missão não se pode contentar em estar na varanda, em observar com curiosidade à distância. Podemos estar à frente da realidade ou comprometer-nos a mudá-la. Seguindo o exemplo do P. Claret, não se podem ser meros espectadores da realidade. Participar nela, para transformar as realidades de pecado que se encontram ao longo do caminho. Não seja passivo perante os dramas que muitos dos nossos contemporâneos estão a viver, mas desempenhe o seu papel na luta pela dignidade humana e respeito pelos direitos fundamentais da pessoa. Deixai-vos tocar pela Palavra de Deus e pelos sinais dos tempos, e à luz da Palavra e dos sinais dos tempos reler a vossa própria história, o vosso próprio carisma, recordando que a vida consagrada é como a água, se não fluir apodrece. Ao recordar a memória deuteronómica do passado, deixai-vos reabastecer com a linfa do carisma. Isto fará das vossas vidas uma vida profética que também tornará possível despertar e iluminar o mundo.
Desempenhe o seu papel na luta pela dignidade humana e pelo respeito dos direitos humanos fundamentais.
Papa FranciscoAudiência com o Capítulo Geral dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria
O Santo Padre instou-os novamente a colocar o centro em Jesus, e a "colocar a vossa segurança Nele e só Nele quem é todo bom, o bem maior, a verdadeira segurança". Penso que este poderia ser um dos melhores frutos desta pandemia que tem desafiado tantas das nossas falsas garantias. Espero também que o Capítulo vos tenha levado a concentrar-vos nos elementos essenciais que hoje definem a vida consagrada: a consagração, que valoriza a relação com Deus; a vida fraterna em comunidade, que dá prioridade à relação autêntica com os irmãos; e a missão, que vos leva a sair, a descentralizar-nos para ir ao encontro dos outros, particularmente dos pobres, para levar Jesus até eles".
Finalmente, agradeceu-lhes por "todo o trabalho apostólico e toda a reflexão sobre a vida consagrada que realizaram durante estes anos. Que continueis, e que o Espírito vos guie nesta nobre tarefa.