Ecologia integral

A 3ª Caravana pela Ecologia Integral propõe o desinvestimento na mineração

No dia 17 de setembro, teve início em Espanha o périplo da "III Caravana pela Ecologia Integral", em que nove representantes de territórios latino-americanos (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile e Peru), afectados pelo extractivismo e pela exploração mineira, visitarão 10 cidades de 6 países europeus com encontros e acções de sensibilização e defesa.     

Francisco Otamendi-18 de setembro de 2024-Tempo de leitura: 2 acta
Mesa redonda Ecologia

Representantes da América Latina, hoje na sede dos Redentoristas em Madrid @Enlázate for Justice

A caravana é organizada pela RIM-Red Iglesias y Minería da América Latina, pelo CIMI-Consejo Indigenista Misionero, pelo Conselho da CNBB-Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e pelo REPAMRede Eclesial Pan-Amazônica. Nesta III edição, os organizadores propõem o "desinvestimento na mineração", e o seu lema é "Transição mineiro-energética: solução ou sacrifício dos pobres e da terra?

Em Espanha, a organização é gerida pela aliança "Defender a justiça". (Caritas, Cedis, CONFER, Justiça e Paz, Manos Unidas e REDES), que convocaram esta manhã uma conferência de imprensa com os representantes latino-americanos. No início da sessão, rezou-se pelo ativista hondurenho Juan Antonio López, que foi assassinado no domingo à saída da missa, deixando mulher e dois filhos.

Proposta

O desinvestimento é uma proposta "como opção para deixar de financiar os crimes socioambientais que sacrificam a vida em territórios inteiros, bem como para apoiar o fim de um modelo económico baseado no extractivismo, na desigualdade e nos novos colonialismos das cadeias de extração mineral", afirmam os organizadores.

O objetivo da digressão é "promover o diálogo e a defesa nos processos eclesiais e políticos na Europa sobre as questões das economias extractivas e da transição energética, com base nas denúncias e nos projectos de vida das comunidades martirizadas pela exploração mineira, que resistem e propõem alternativas".

Colaboração das instituições

Em Espanha, colaboram também no passeio outras instituições, como a ALBOAN, a Fundação Arrupe Etxea, o Bispado de Bilbau, a Comissão de Pastoral Social e Ecologia Integral da CEE-Conferência Episcopal Espanhola, a PER-Plataforma para a Empresa Responsável, a Coordenadora de ONG para o Desenvolvimento de Espanha, o Observatório dos Direitos Humanos da Universidade de Valladolid, a Plataforma "Salve a Montanha" de Cáceres e a Comissão de Ecologia Integral do Arcebispado de Madrid.

De 16 de setembro a 11 de outubro, coincidindo com o "Tempo da Criação", os representantes visitarão Espanha (Madrid, Bilbao, Valladolid e Cáceres), Bélgica (Bruxelas e instituições da UE), França (Paris), Itália (Roma e Vaticano), Áustria (Viena e Linz) e Alemanha. Na quarta-feira, serão recebidos na Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e na Conferência dos Religiosos (CONFER). 

Defesa da vida e dos direitos das populações indígenas

A III Caravana é composta por nove jovens activistas e representantes dos povos indígenas da Argentina (Valentina Vidal), do Brasil (Railson Guajajara, Ytaxaha Braz Pankararu, Christian Cravels e Guilherme Cavalli, que actuou como moderador), do Chile (Joan Jara Muñoz) e do Peru (Vito Calderón, Padre Enrique Gonzalez e a freira Gladys Montesinos, que apesar de peruana está a trabalhar na Bolívia). 

Na opinião dos representantes, "a chamada transição energética não está a avançar para uma mudança de modelo, mas continua a sustentar o sistema colonial e extrativo de matérias-primas, à custa da vida de milhares de pessoas e territórios".

Na sua análise, não há nenhuma empresa ou Estado em que os direitos dos povos indígenas sejam adequadamente combinados e respeitados com a extração de minerais, como o lítio, apesar dos apelos do Papa Francisco em encíclicas como Laudato si' o Fratelli tutti.

O autorFrancisco Otamendi

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