O Papa Paulo VI canonizou Chárbel Makhlouf a 9 de outubro de 1977. Este monge maronita teve um impacto profundo na vida das pessoas que o conheceram na Líbanoe ainda hoje milhares de pessoas afirmam receber favores por intercessão do padre.
São Karbel nasceu em 1828 na aldeia de Beqakafra, no Líbano. Aos 23 anos, entrou num mosteiro maronita, emitiu os votos solenes em 1853 e foi ordenado sacerdote aos 31 anos.
Profundamente apaixonado por Cristo, o monge maronita era conhecido pelo seu estilo de vida de oração e jejum. São Karbel retirou-se para viver em solidão num eremitério que fazia parte do mosteiro de Annaya. No entanto, o seu isolamento era interrompido pelas visitas que recebia. Durante a sua vida, alcançou a reputação de santo e, devido ao seu dom de curar os doentes, muitas pessoas vinham ter com ele em busca de uma cura para as suas doenças.
São Karbel e a busca de Deus
No entanto, estes acontecimentos não são os mais extraordinários. São Karbel é o primeiro santo do Líbano, uma vez que a sua canonização em 1977. O Papa Paulo VI chamou ao monge "um pacificador paradoxal" e "um digno representante das Igrejas do Oriente e da sua alta tradição monástica". Para além dos milagres realizados por São Karbel, mesmo durante a sua vida, o que se destaca nele é o seu impacto na Igreja Católica e mesmo noutras religiões, por exemplo, nos muçulmanos.
Mas o objetivo deste monge não era chamar a atenção para o seu estilo de vida ou para a sua capacidade de atrair pessoas de diferentes origens. A razão das suas acções, como disse Paulo VI, "era a busca da santidade, isto é, a mais perfeita conformidade com Cristo humilde e pobre". As decisões de Karbel foram guiadas pela "busca incessante do único Deus, que é a marca da vida monástica, acentuada pela solidão da vida eremítica".
Profundidade da vida espiritual
Antecipando a mentalidade dominante hoje em dia, o Papa Paulo VI perguntava-se se o exemplo de São Karbel não levaria alguns "a suspeitar, em nome da psicologia, que esta austeridade intransigente é um desrespeito abusivo e traumático dos valores saudáveis do corpo e do amor, das relações de amizade, da liberdade criativa, da vida numa palavra".
Encarar desta forma o estilo de vida do monge e dos seus companheiros é, nas palavras do Pontífice, "mostrar uma certa miopia perante uma realidade que, de resto, é profunda". O próprio Cristo era exigente para com os seus discípulos, sublinhou o Papa, embora não se possa ignorar a prudência que os superiores e a Igreja no seu conjunto devem exercer e exigir.
Ver no ascetismo dos monges um desprezo pela vida, explicou Paulo VI, "é esquecer o amor de Deus que o inspira, o Absoluto que o atrai". É, em suma, "ignorar os recursos da vida espiritual, que é capaz de trazer uma profundidade, uma vitalidade, um domínio do ser, um equilíbrio que é tanto maior quanto não foi procurado por si mesmo".
São Karbel, uma recordação para o mundo de hoje
Apesar disso, Paulo VI sublinhou que a vocação de São Karbel não é a única na Igreja, mas que a Igreja se alimenta de diferentes carismas. No entanto, o testemunho de vidas como a do monge libanês é necessário para "a vitalidade da Igreja" e para encarnar "um espírito do qual nenhum fiel a Cristo está isento".
São Karbel é um testemunho muito importante para a Igreja e para a sociedade. Como sublinhou o Papa na sua canonização, "a vida social de hoje é muitas vezes marcada pela exuberância, pela agitação, pela procura insaciável de conforto e de prazer, aliada a uma crescente fraqueza de vontade: só recuperará o seu equilíbrio através de um aumento do autodomínio, da ascese, da pobreza, da paz, da simplicidade, da interioridade, do silêncio".
Paulo VI concluiu a sua homilia recordando que a vida de Karbel nos ensina que "para salvar o mundo, para o conquistar espiritualmente, é necessário, como quer Cristo, estar no mundo, mas não pertencer a tudo o que no mundo afasta de Deus".