Pedro de Andrés Leo é um diácono da diocese de Madrid. Embora nascido em Madrid, Pedro já viveu quase toda a sua vida em Guadalajara. Ele é o quarto filho de uma família cristã ligada ao Caminho Neocatecumenal. Na paróquia de San Nicolás em Guadalajara caminhou na primeira comunidade e, em Madrid, continuou a sua viagem na paróquia de San Sebastián, na rua Atocha, na sexta comunidade.
Pedro completa a sua formação no Seminário Missionário Diocesano Redemptoris Mater - Falou com Omnes sobre o seu processo vocacional, a importância da oração e o apoio da sua comunidade.
Como descobriu o chamado de Deus para o sacerdócio?
-Para mim, a inquietação pela chamada surgiu gradualmente. Aos 14 anos, quando entrei na minha própria comunidade, considerei pela primeira vez seriamente tornar-me padre, como uma resposta alegre ao amor incondicional de Cristo por mim, que me tinha sido anunciado. Contudo, este primeiro impulso não tomou forma concreta devido à minha recusa em entrar no Seminário Menor devido à minha timidez.
Com o passar dos anos, surgiu em mim uma forte pergunta: "Senhor, qual é a minha vocação? o que quereis que eu seja? Para mim esta pergunta era fundamental, e apareceu em mim graças à minha comunidade, onde celebrávamos a Palavra todas as semanas, a Eucaristia em pequena comunidade e tínhamos uma reunião mensal da comunidade. Devo dizer que sem o testemunho de fé dos meus irmãos em comunidade, especialmente das jovens famílias e do padre, a questão da vocação não teria surgido em mim.
Terminei o ensino secundário e, como não sabia como responder a esta pergunta, decidi ir para a universidade. Nesse Verão, em 2012, fui com a minha paróquia e outra paróquia em Madrid numa peregrinação a Lourdes, onde coloquei a questão da vocação aos pés da Virgem, porque não sabia o que fazer.
Após um ano de grande significado na comunidade em que o Senhor me deu o dom, através da obediência a Deus através dos meus catequistas, de me reconciliar com a minha história e de querer ser cristão, de ser santo, fui à peregrinação da JMJ no Rio de Janeiro, Brasil. Lá, depois de falar pela primeira vez sobre as minhas preocupações vocacionais com um padre, o Senhor chamou-me numa Eucaristia: "Eu sou a Luz do mundo, aquele que me segue não caminha na escuridão, mas terá a luz da vida". Estas palavras de Cristo (Jo 8,12) foram para mim a verdadeira vocação: Deus estava a chamar-me! Já não era eu que procurava saber qual era a Sua vontade para mim, era Ele mesmo que falava e me chamava. Cheio de alegria e de nervosismo, levantei-me para ir ao seminário para o encontro vocacional com os iniciadores do Caminho, Kiko e Carmen, no Rio de Janeiro a 29 de Julho de 2013, o memorial de Santa Marta.
Após um ano de discernimento vocacional na companhia de vários sacerdotes e outros rapazes que se tinham levantado, fui a um retiro para novos seminaristas com Kiko e Carmen em Porto San Giorgio (Itália), onde fui enviado para o Seminário. Redemptoris Mater de Madrid, à qual me juntei em 29 de Setembro de 2014 e onde estou a receber formação.
O carisma do Caminho é o do Kerygma, a primeira proclamação, com um forte apelo à missão. Como se vive esta vocação missionária já no tempo de preparação para o sacerdócio?
-Vivemos esta vocação com grande alegria e gratidão ao Senhor, porque sabemos que não merecemos nada e que tudo é um presente dele. Espontaneamente, a nossa disponibilidade para a missão nasce em nós graças ao facto de que, durante o tempo da formação e como parte fundamental da mesma, fazemos o Caminho numa comunidade como mais um irmão, participando nas celebrações da Palavra, da Eucaristia e da Convivência (o que chamamos no Caminho tripé) com famílias, solteiros, jovens, idosos, sacerdotes... Somos mais um cristão que segue Cristo na Igreja. Desta relação com Cristo, que nos ama como pecadores, nasce o zelo pela evangelização, pela missão. ad gentes.
Além disso, durante dois anos, somos enviados numa missão itinerante como parte fundamental da nossa formação. Ali, como membros de uma equipa de catequistas ou acompanhando um padre na evangelização, temos a graça de participar activamente no anúncio do Evangelho, para que a nossa vocação missionária seja reforçada e confirmada pelo Senhor.
Uma simples pergunta... Está totalmente satisfeito?
- Hoje posso dizer que sim, estou feliz. A fonte desta alegria e felicidade não está nos bens, nem mesmo nos títulos humanos. A felicidade vem-me da intimidade com Cristo. Foi Ele que me chamou, o fiador da minha vida. Obviamente, vivo tudo isto na precariedade, como tudo o resto na vida cristã.
"Levamos este tesouro em vasos de barro", diz São Paulo. É por isso que cada dia a oração é uma parte fundamental da minha vida, através da liturgia das horas, da leitura orante da Sagrada Escritura, da leitura espiritual, da oração contemplativa....
Nessa precariedade há momentos em que surgem receios do futuro, mas é com Cristo que posso deixar a minha terra e a minha parentela, como Abraão, à terra que Ele me mostrará, onde Ele já me espera e onde Ele me unirá à Sua cruz, que é a fonte da evangelização.