De 17 a 24 de dezembro, próximo da celebração litúrgica da NatalA Igreja convida-nos a rezar com um prefácio específico, o Prefácio II do Advento, que sublinha a contemplação dos acontecimentos que rodeiam a primeira vinda de Cristo, convidando o povo de Deus à vigília alegre e à exultação no louvor.
"Quem prædixérunt cunctórum præcónia prophetárum, Virgo Mater ineffábili dilectióne sustínuit, Ioánnes cécinit affutúrum et adésse monstrávit. Qui suæ suæ nativitátis mystérium tríbuit nos præveníre gaudéntes, ut et in oratióne pervígiles et in suis invéniat láudibus exsultántes".
"Aquele que todos os profetas anunciaram, a Virgem aguardava com inefável amor materno; João anunciou-o já próximo e depois apontou-o entre os homens. O próprio Senhor nos concede agora que nos preparemos com alegria para o mistério do seu nascimento, a fim de que, quando ele vier, nos encontremos vigilantes na oração e cantando o seu louvor".
Trata-se de um texto de composição recente, baseado num prefácio muito antigo, datado dos séculos IV-V e conservado no Sacramentário Veronês. Alguns elementos deste texto antigo foram acrescentados a outros provenientes de outras fontes, formando um texto muito belo e equilibrado.
É composto por duas partes; a primeira tem como sujeito Cristo, que é objeto das proclamações dos profetas ("cunctorum praeconia prophetarum"), objeto do amor inefável da Virgem, que o espera e o traz dentro de si, e objeto da pregação de João Batista, que tinha também a tarefa de o indicar como o Cordeiro que tira o pecado do mundo (cfr. Jo 1, 29).
Compêndio da História da Salvação
Também aqui, tal como no prefácio do primeiro Advento, nos encontramos perante uma espécie de compêndio da história da salvação, que é resumida através de alguns pontos particularmente esclarecedores.
A preparação para a vinda de Cristo na carne começa com os profetas, como nos recorda a Carta aos Hebreus: "Deus falou antigamente aos pais, de muitas e variadas maneiras, pelos profetas. Nesta última fase, falou-nos pelo Filho" (Heb 1,1-2). As primeiras leituras da Missa dos dias 17 a 24 de dezembro contêm perícopes proféticas, como a famosa profecia de Is 7,14 ("Eis que a Virgem está grávida e dá à luz um filho, a quem porá o nome de Emanuel"), mas também o nascimento de figuras que são tipos de Cristo, como Sansão, Samuel, etc. A história humana do Filho de Deus insere-se numa história antiga, caracterizada pela expetativa do Messias.
Dentro desta história de espera, um lugar de destaque é ocupado pela Virgem Mãe: nem sequer é necessário dizer o seu nome, pois neste ser a sempre Virgem Mãe de Deus é a figura da grandeza de Maria, que com indizível amor se dispôs a suportar o doce fardo da gravidez para dar à luz o Messias.
Por fim, em último lugar entre os profetas da Antiga Aliança, é mencionado João Batista, que com a sua profecia (cf. Mt 3,11) e a sua indicação de Cristo presente no mundo (cf. Jo 1,29-31.34) encerra ao mesmo tempo o tempo antigo e inaugura o novo.
A segunda parte do prefácio, pelo contrário, é caracterizada por Cristo como sujeito, e o tema dominante é a preparação para o acolhimento de Cristo pelo seu povo. Passa-se, assim, da contemplação da expetativa histórica do Messias para uma indicação da atitude própria de quem espera hoje a celebração litúrgica da vinda do Salvador. O tema da vigilância volta aqui, como no Prefácio do Advento I, mas aqui a tónica é posta na oração que deve acompanhar a espera (cf. 1Pd 4,7) e está presente também o tema da alegria, típica do tempo do Natal (cf. Lc 2,10).
Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma)