Há uma expressão que, por ser evangélica, chamou a minha atenção na nova lei da educação. O Ministério da Educação de Pilar Alegría assinala que o perfil de saída "é a pedra angular do edifício curricular, a matriz que une e para a qual convergem as diferentes etapas".
O perfil de saída é o modelo de pessoa a ser atingido com a implementação de LOMLOE. Todo o sistema educativo está orientado para este objectivo. O perfil de saída do aluno delineia o tipo de pessoa que, como grupo social, queremos contribuir para o desenvolvimento através da educação e, através dela, o tipo de sociedade que aspiramos a construir.
Como educadores cristãos, e estou a pensar especialmente nas escolas e professores de religião de inspiração católica, faríamos bem em perguntar-nos qual é o nosso 'perfil de saída', ou seja, que modelo de pessoa temos e, com ele, como queremos que seja a nossa sociedade. E teremos de nos perguntar até que ponto o nosso projecto coincide com o que esta ou outras leis educacionais propõem.
Talvez tenhamos de começar desde o início. A nossa pedra angular na educação é nada mais nada menos que o próprio Jesus Cristo. O objectivo de toda a formação cristã é a configuração a Cristo. O modelo que temos de humanidade é aquele que encarna, não idealmente, mas vivo e pulsante, Jesus de Nazaré. Na verdade, somos chamados a ter o coração, o olhar, a mente de Jesus Cristo. Este é o nosso último ponto de referência formativo.
É verdade que a escola tem a sua própria dinâmica, e que a nossa proposta católica pode coincidir com muitos dos objectivos estabelecidos no perfil de saída educacional, e pode mesmo reforçar alguns deles em maior profundidade.
Mas temos de ser conscientes e honestos connosco próprios para podermos oferecer o nosso próprio projecto, o nosso próprio perfil de saída, sem ter medo de haver aspectos em que não concordamos com o "politicamente correcto". Temos de ser capazes de propor a nossa perspectiva sobre algumas questões em que aparentemente falamos da mesma coisa, mas apenas aparentemente. Porque, por exemplo, não é a mesma coisa falar dos cuidados do lar comum na perspectiva de que o mundo é criação de Deus e o homem é a sua "obra-prima", como é fazê-lo propondo um esquema panteísta da mãe terra Gaia e apresentando o homem como inimigo, uma espécie de vírus que deve ser controlado com políticas neo-malthusianas que reduzem a população. Não é a mesma coisa.
E não se trata apenas de uma questão de opiniões sobre o mesmo assunto. Por vezes não é um problema do que é dito, mas sim do que não é dito. Existem perspectivas vitais que nunca aparecerão no perfil de saída de qualquer lei educativa, mas que são essenciais para nós. Nós cristãos não podemos esquecer que somos cidadãos do céu, que a terra é a nossa casa comum, mas que ela se expande e se torna infinita no seio do Pai. Que Jesus, morto e ressuscitado, hoje vivo, é aquele que sustenta a nossa vida.
A nossa pedra angular é Cristo. Sem ele, todo o edifício cai. Sem esta pedra-chave, é impossível educar como cristãos. Com isso claro, sabendo quem somos e qual é a nossa proposta, poderemos trazer a luz que nasce do Evangelho e que iluminou todos os séculos e todas as nações.
Também XXI.