Os Três Reis Magos são todos nós

Os "magos" personificam todos aqueles que, sem pertencerem ao Povo de Israel, deveriam ser incorporados em Cristo através do baptismo.

11 de Janeiro de 2022-Tempo de leitura: 3 acta
REIS SÁBIOS

A manifestação de Jesus como o Menino, o Filho de Deus, a alguns".mágicos do Oriente"é a revelação do Messias, o Filho de Deus, a toda a humanidade". Os "magos" representam-nos. Personificam todos aqueles que, sem pertencerem ao Povo de Israel, deveriam ser incorporados em Cristo através da fé e do baptismo. Eles foram os primeiros a quem o Senhor quis manifestar-se fora de Israel.

O seu caminho para a Criança é guiado por um "estrela". Isto mostra-nos a importância da criação como um caminho para Deus para todos os povos. Os magos começam a sua viagem desde a revelação de Deus na natureza até à revelação de Deus através das Escrituras de Israel: "...a revelação de Deus através das Escrituras".Em Belém de Judá", disseram-lhe eles, "pois assim está escrito pelo Profeta". E vós, Belém, terra de Judá, não sois certamente a menor entre as principais cidades de Judá; pois de vós sairá um líder que pastoreará o meu povo Israel". (Mt 2,5-6). A fim de encontrar o verdadeiro Deus, é preciso passar pela revelação de Deus hexpulsa Israel.

Os magos, que a tradição diz que também eram reis, representam-nos a todos. S. Leão o Grande escreveu: "Que todos os povos venham juntar-se à família dos patriarcas (....) Que todas as nações, na pessoa dos três Reis Magos, adorem o Autor do universo, e que Deus seja conhecido, não só na Judéia, mas também em todo o mundo, para que em toda a parte o seu nome seja grande."(Serm.23).

O mundo está em grande necessidade do verdadeiro Deus, revelado em primeiro lugar a Israel. Os Magos chegam a Jerusalém "para prestar homenagem ao Rei dos Judeus"(Mt 2,2). Ele é "Quem governa sobre numerosos povos"(cf. Núm 24, 7 ss.). Todos nós temos uma grande necessidade de adorar esta Criança e de lhe oferecer o dom da nossa existência.

Percebemos claramente que a cultura dominante é relativista. Tudo deve girar em torno do indivíduo, como um padrão de verdade e bondade; tudo é uma função da percepção subjectiva de cada indivíduo e no "...".o direito a ter direitosNão sou uma pessoa "social", afastando-me dos deveres e responsabilidades familiares ou sociais. Outros devem simplesmente submeter-se à minha decisão.

Este "subjectivismo" dominante, que parece favorecer o indivíduo, na realidade enfraquece o indivíduo, enfraquece a família e a sociedade, e torna-o facilmente dependente dos interesses dos grandes grupos de poder.

Sim, a Doutrina Social da Igreja também afirma que ".o bem comum está sempre orientado para o progresso do povo"(CCC, n.1912); que ".a ordem social e o seu progresso devem ser subordinados ao bem do povo.... e não o contrário."(GS 26,3), mas a pessoa aberta a Deus como seu Criador e Salvador e aberta à família e à sociedade; não fechada em si mesma. É uma ordem social baseada na verdade da pessoa como criatura; uma ordem social construída sobre a justiça e animada pelo amor. 

Não será a raiz deste processo transformador, que estamos a sofrer e que nos está a conduzir a um "subjectivismo" dominante, ao empobrecimento espiritual, à ausência de Deus, à perda do verdadeiro sentido da vida e da morte, que conduz a um niilismo desumanizador? Cada pessoa precisa de encontrar sentido na vida e este sentido último só pode ser o verdadeiro Deus, o Único que pode satisfazer plenamente a ânsia de felicidade do homem.

É por isso que é tão importante olharmos para o céu, para aquela estrela que nos leva ao Menino Jesus para nos acordar e nos ajudar a acordar daquele sonho desumanizador que procura banir Deus da vida humana.

O autorCelso Morga

Arcebispo da Diocese de Mérida Badajoz

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