Nos últimos dias, a hashtag #Esselunga tem sido uma tendência para o novo anúncio desta cadeia de supermercados italiana líder de mercado. O anúncio, da autoria da agência criativa nova-iorquina Small, tem um enredo simples: uma rapariga faz compras com a mãe no supermercado e leva um pêssego que, no final do anúncio, dá ao pai (separado) que a foi buscar a casa. Enquanto estão no carro, a rapariga dá o pêssego ao pai e diz-lhe que é um presente da sua mãe.
Após a emissão, alguns polemizaram dizendo que a empresa queria instrumentalizar as emoções de uma criança, celebrando a família tradicional. Outros, por outro lado, elogiaram a coragem de abordar o divórcio do ponto de vista das crianças, algo que o filme realizado por Scott McGehee e David Siegel também fez com grande eficácia. O que Maisie sabia (O que fazemos com a Maisie).
A intenção da empresa ao fazer o anúncio, segundo Roberto Selva, diretor de marketing, foi deixar claro que cada produto que é colocado no carrinho de compras tem um valor simbólico que vai para além da sua simples compra. Para além desta mensagem, no fundo, surge a ideia de que é possível uma reconciliação entre os pais, rectificando uma decisão que pode ter sido precipitada.
O spot, de certa forma, é um convite a pensar num outro final para uma relação que nasceu para cuidar um do outro e, por isso mesmo, para durar. E é isso que parece ter incomodado algumas pessoas. Os adultos em geral procuram a aprovação social para as nossas decisões, sejam elas boas ou más.
Quanto mais divórcios há, mais alguns sentem a necessidade de justificar que a separação é o melhor para todos, rejeitando tudo o que possa pôr em causa esse facto. É claro que, por vezes, a separação pode ser a única opção. Mas isso não significa que seja algo a celebrar, pois também é verdade que deixa sempre muito sofrimento pelo caminho.
Como Shakira corretamente expressou em Acrósticocom frases cheias de significado quando se referem às relações familiares: "Se as coisas se estragam, não as deites fora. São reparadas"; "Os problemas enfrentam-se e resolvem-se"; "Aprender a perdoar é sábio"; "Que desses lábios só saia amor"... Se ao menos as levássemos a sério.
Professor na Faculdade de Direito da Universidade Internacional da Catalunha e Director do Instituto de Estudos Superiores da Família. Dirige a Cátedra de Solidariedade Intergeracional na Família (Cátedra IsFamily Santander) e a Cátedra de Puericultura e Políticas Familiares da Fundação Joaquim Molins Figueras. É também Vice-Reitora da Faculdade de Direito da UIC Barcelona.