ConvidadosMaría Lacalle Noriega

Ajudar os jovens a experimentar o verdadeiro amor

No Sínodo, os jovens demonstraram que têm uma imensa necessidade de se sentirem amados, e de amar realmente. Estão à procura de algo grande, algo belo. Eles recorrem à Igreja para obter respostas. Não os decepcionemos. E não sejamos ingénuos, porque eles precisam de muita ajuda.

10 de Dezembro de 2018-Tempo de leitura: 3 acta

O Sínodo dos jovens demonstrou mais uma vez que a instituição que eles mais valorizam é a família. Isto pode parecer surpreendente dada a crise que o casamento e a família têm vindo a atravessar há décadas. Mas os jovens sentem - alguns deles apesar de nunca o terem experimentado - que a família é o lugar ideal para o pleno desenvolvimento pessoal. E nos seus corações está o desejo de um lar, de um acolhimento pleno, do amor incondicional que só pode ser experimentado no seio de uma família.

Desde os anos 60, os pilares básicos do casamento e da família foram minados e foi imposto um estilo de vida baseado num individualismo feroz, a rejeição de todo o compromisso e de qualquer referência à verdade, e uma concepção da liberdade como algo absoluto, sem conteúdo. No que diz respeito à sexualidade, ela tem sido desligada do amor, compromisso e abertura à vida, passando a ser considerada uma mera fonte de prazer, algo privado e puramente subjectivo, algo que pertence única e exclusivamente à intimidade de cada indivíduo, deixando ao sujeito a possibilidade de dar qualquer significado à sua própria sexualidade e às relações que possa estabelecer.

Mas este modo de vida não trouxe mais felicidade nem vidas mais cheias. Tem trazido solidão e desenraizamento, muito sofrimento e feridas emocionais profundas.

No Sínodo, os jovens demonstraram que têm uma imensa necessidade de se sentirem amados, e de amar realmente. Estão à procura de algo grandioso, algo belo. Eles voltam-se para a Igreja para encontrar respostas sobre as quais construir as suas vidas e para encontrar a sua esperança. Não os decepcionemos. E não sejamos ingénuos. Os jovens, nascidos no ambiente cultural que descrevemos acima, e muitas vezes sem ter tido uma experiência de amor verdadeiro, precisam de muita ajuda.

Devemos ajudá-los a confirmar a sua esperança, a superar o pessimismo antropológico em que muitos estão imersos devido às feridas afectivas dentro deles, fazendo-os ver que o verdadeiro amor é possível. Que não é um ideal reservado a uns poucos, que está ao alcance daqueles que se propõem "querer querer querer", especialmente se estiverem abertos à ajuda de Deus.

Devemos ajudá-los a escapar à cultura dos direitos individuais, que é radicalmente contrária a uma cultura de amor e responsabilidade e que está a destruir as famílias.

Devemos ajudá-los a superar a falsa ideia de que a liberdade é uma força autónoma e não condicionada, sem vínculos ou regras. Devemos ajudá-los a ultrapassar a absolutização do sentimento e a redescobrir que a dinâmica interior do amor conjugal inclui e precisa de razão e vontade e se abre à paternidade e maternidade, harmonizando a liberdade humana com o dom da Graça.

O casamento, mesmo que seja a união de um único homem e uma única mulher, dificilmente pode ser vivido na solidão dos dois, especialmente nesta nossa sociedade, tão centrada nos desejos e no provisório. Os cônjuges precisam de ser acompanhados, especialmente nos primeiros anos de casamento (40 % de rupturas conjugais ocorrem nos primeiros sete anos). As famílias podem e devem acompanhar outras famílias, construindo comunidades autênticas que fortalecem os seus membros e testemunham o verdadeiro amor no meio do mundo.

Temos de ajudá-los a não ter medo, pois o Bom Pastor está connosco como estava em Caná na Galileia, como o Esposo entre esposos que se entregam um ao outro para toda a vida. No coração do cristão não deve haver lugar para a apatia, nem para a cobardia, nem para o pessimismo. Pois Cristo está presente. É por isso que São João Paulo II se dirigiu aos cônjuges cristãos com estas palavras: "Não tenha medo dos riscos! A força de Deus é muito mais poderosa do que as suas dificuldades"! (GrS, 18).

O autorMaría Lacalle Noriega

Director do Centro de Estudos de Família. Universidade Francisco de Vitoria (UFV).

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