Vaticano

Papa no Pentecostes: "Não desistimos, falamos de paz e de perdão".

Na Missa da Solenidade de Pentecostes, celebrada pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro, esta manhã, o Santo Padre referiu-se à ação do Espírito Santo nas nossas almas e ao anúncio do Evangelho com audácia. Sublinhou ainda que "nos entregamos ao Espírito, mas não às forças do mundo, e falamos de paz, de perdão, de acolhimento e de vida".  

Francisco Otamendi-19 de maio de 2024-Tempo de leitura: 4 acta
Papa Verona

Papa Francisco na Missa da Vigília de Pentecostes em Verona (Itália) @OSV

"Na história do Pentecostes, os Actos dos Apóstolos mostram-nos dois campos de ação do Espírito Santo na Igreja, em nós e na missão. Com duas características, a força e a doçura. A ação do Espírito em nós é forte, como simbolizam os sinais do vento e do fogo, que muitas vezes na Bíblia estão relacionados com o poder de Deus". 

Foi assim que o Papa iniciou a sua homilia na cerimónia de Celebração Eucarística O Papa deixou muitas vezes de lado o texto oficial e falou com o coração.

Sem a força do Espírito Santo, prosseguiu, "nunca conseguiremos vencer o mal, nem vencer os desejos da carne, de que fala S. Paulo. A impureza, a idolatria e a inveja podem ser vencidas com o Espírito. Ele dá-nos a força para o fazer, porque entra no nosso coração, árido, duro e frio, que arruína as nossas relações com os outros e divide as nossas comunidades. E Ele entra nesse coração e cura tudo. Jesus mostrou-nos isso quando, movido pelo Espírito, se retirou durante quarenta dias para o deserto para ser tentado, e também nessa altura a sua humanidade cresceu, fortaleceu-se e preparou-se para a missão.

"Ao mesmo tempo, a ação do Paráclito em nós é amável, é forte e é suave. O vento e o fogo não destroem nem incineram o que tocam. O primeiro soa na casa onde estão os discípulos, e o fogo repousa suavemente em forma de chamas sobre a cabeça de cada um". 

"Esta doçura é uma caraterística da ação de Deus, que encontramos tantas vezes na Bíblia", e que "cultiva delicadamente as pequenas plantas das virtudes, rega-as, protege-as com amor, para que cresçam e se fortaleçam", e "podemos saborear, depois do esforço da luta contra o mal, a doçura da misericórdia e da comunhão com Deus". O Espírito dá-nos a força de empurrar e é também delicado, resumiu o Santo Padre.

"Enviados a anunciar o Evangelho, com ousadia".

Depois o Pontífice disse: "O Paráclito unge-nos, está connosco, age transformando os seus corações (referia-se aos discípulos) e infunde neles uma audácia que os impele a transmitir aos outros a experiência de Jesus e a esperança que os anima. Isto é verdade também para nós que recebemos o dom do Espírito Santo no Batismo e na Confirmação.

"Do cenáculo desta Basílica somos enviados a anunciar o Evangelho a todos, indo sempre mais longe, não só no sentido geográfico, mas para além das barreiras étnicas e religiosas, para uma missão verdadeiramente universal, e graças ao Espírito podemos e devemos fazê-lo com a mesma força e a mesma bondade. Não com arrogância e imposições. O cristão não é prepotente, a sua força é diferente, é a do Espírito".

"Continuamos a falar de paz, de perdão, de aceitação, de vida".

"É por isso que não desistimos", acrescentou, no que parecia ser uma parte importante da sua mensagem nesta ocasião. festa de Pentecostes. "Rendemo-nos ao Espírito, mas não às forças do mundo. Continuamos a falar de paz aos que querem a guerra, de perdão aos que semeiam a vingança, de acolhimento e solidariedade aos que fecham portas e erguem barreiras, de vida aos que escolhem a morte, de respeito aos que gostam de humilhar, insultar e descartar, de fidelidade aos que rejeitam todos os laços e confundem a liberdade com um individualismo superficial, opaco e vazio".

Acolher todos, esperar, dar a paz

"Tudo isto sem nos deixarmos amedrontar pelas dificuldades, pelo escárnio, ou pela oposição, que hoje como ontem nunca faltam na vida apostólica". E o modo como o fazemos com esta força, "o nosso anúncio deve ser suave", sublinhou, "para acolher todos, todos, todos, todos. não esqueçamos a parábola dos convidados para a festa que não queriam ir. Ir à encruzilhada e trazer toda a gente, toda a gente, toda a gente. Bons e maus. Todos. O Espírito dá-nos a força para irmos em frente e chamarmos todos, com essa bondade. Dá-nos a doçura de acolher toda a gente".

Em conclusão, o Papa salientou que "temos uma grande necessidade de esperança. Não é otimismo, é outra coisa. Precisamos de esperança. Precisamos de elevar os nossos olhos para horizontes de paz, fraternidade, justiça e solidariedade. Muitas vezes isto não é fácil. Mas sabemos que não estamos sós. Sabemos que com a ajuda do Espírito Santo, com os seus dons, juntos podemos tornar este caminho mais transitável.

Renovemos, irmãs e irmãos, a nossa fé na presença do Consolador ao nosso lado, e continuemos a rezar: "Vinde, Espírito Criador, iluminai as nossas mentes, enchei os nossos corações com a vossa graça, guiai os nossos passos, dai ao nosso mundo a vossa paz. Amém.

Regina coeli: leitura e meditação do Evangelho

Mais tarde, da janela do Palácio Apostólico, o Papa Francisco rezou o Regina coeli com os peregrinos e os romanos reunidos na Praça de São Pedro num dia de chuva. O Santo Padre encorajou-os, como já o fez noutras ocasiões, a prestar atenção às "palavras que exprimem os maravilhosos sentimentos do amor eterno de Deus". 

A Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito, encoraja-nos todos os dias, e por isso convidou-nos a "ler e meditar o Evangelho todos os dias", levando-o no bolso. A Palavra de Deus "cala todas as conversas", sublinhou, encorajando também a oração silenciosa de adoração. "Que Maria nos torne dóceis à voz do Espírito Santo".

Após a recitação da oração mariana, Francisco recordou nesta solenidade de Pentecostes  O Papa recordou que "o Espírito Santo cria harmonia a partir de realidades diferentes", "harmonia nos corações, nas famílias, na sociedade, no mundo inteiro", e rezou para que "a comunhão e a fraternidade" cresçam, e para que se ponha fim às guerras na Terra Santa, na Palestina, em Israel e em tantos outros lugares. 

Agradeceu também à população de Verona pelo acolhimento que lhe foi reservado. visite Recordou também os peregrinos de Timor-Leste, "que visitarei em breve", os peregrinos da Letónia e do Uruguai, e a comunidade paraguaia em Roma, entre outros grupos.

O autorFrancisco Otamendi

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