Um dia após a publicação de a segunda edição do estudo Para dar luz Sobre os casos de abusos sexuais por parte de membros da Igreja em Espanha, a Prelatura do Opus Dei neste país publicou uma nota na qual relata os casos relacionados com membros do Opus Dei que foram investigados.
Estes dados, como refere a nota, foram transferidos na altura "para o Provedor de Justiça e para a auditoria encomendada pela Conferência Episcopal".
A nota regista sete casos de abuso sexual de membros da Prelatura: quatro de sacerdotes e três de leigos. O período de tempo desta investigação foi obviamente mais curto, uma vez que o Opus Dei ainda não atingiu o centenário da sua existência.
Juntamente com os pormenores dos casos, em que a confidencialidade das pessoas envolvidas foi mantida, a Obra pediu "perdão a todas as vítimas que sofreram abusos no nosso meio e, sobretudo, àquelas que não soubemos acolher e atender de forma adequada" e sublinhou a disponibilidade para as acompanhar e às suas famílias na "sua dor e sofrimento".
Casos de prescrição civil e casos de processos canónicos
Dos quatro casos que envolveram sacerdotes do Opus Dei, três deles prescreveram civilmente, pelo que, segundo a declaração da Prelatura, "só foram considerados no âmbito canónico". No primeiro caso, o tribunal eclesiástico condenou o sacerdote, que foi demitido do estado clerical. No segundo caso, o processo canónico foi encerrado devido à morte do padre. No terceiro caso, o processo canónico está em curso. No quarto caso, o tribunal arquivou e encerrou o processo por não ter encontrado provas de crime. Foi também arquivado canonicamente".
No que diz respeito aos processos relativos a leigos, duas queixas foram levadas ao conhecimento do Ministério Público e estão em curso. O terceiro caso diz respeito ao conhecido processo Martínez-Cuatrecasas, condenado a dois anos de prisão e reaberto no âmbito canónico em 2022.
A nota do Opus Dei também faz referência a outros possíveis casos envolvendo leigos que foram noticiados pelo jornal El País. Relativamente a estes três, "um deles não se enquadra no âmbito do protocolo, porque o presumível autor nunca pertenceu à Prelatura. Nos outros dois casos, os queixosos não contactaram até agora a Prelatura, pelo que não foi possível iniciar qualquer ação". Relativamente a estes últimos casos possíveis, a partir do Opus Dei reiteram a sua disponibilidade para o ajudar.
Sacerdotes da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz
Um dos pontos esclarecidos no comunicado é que os possíveis casos referentes a sacerdotes da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz incardinados nas dioceses "são tratados pelo bispado correspondente, uma vez que tanto a investigação canónica como as medidas preventivas ou disciplinares correspondem ao ordinário das respectivas dioceses", pelo que, a existirem casos, estes fariam parte dos dados recolhidos e investigados pelos Gabinetes existentes em todas as dioceses espanholas para este efeito.