América Latina

Novas mudanças, novas perspectivas na Argentina

A mudança política na Argentina deve ser uma simples troca de poder. O país enfrenta grandes desafios que são também oportunidades.

Marcelo Barrionuevo-27 de Janeiro de 2016-Tempo de leitura: 2 acta

A Argentina entrou na mudança com a vitória eleitoral do Frente Cambiemos. O país deixou para trás doze anos de governo kirchnerista que traçou um caminho para uma "nacionalização" cada vez mais virulenta que procurou impor uma visão cultural tendenciosa e unidireccional sobre a visão do mundo da vida e da sociedade.

O caminho de decisão do povo argentino olhou para a necessidade de mudança. Isto manifesta não só a escolha de um partido, mas também a opinião de um povo que a dada altura reage como uma autodefesa da sua própria natureza. Confirma mais uma vez que as pessoas podem ser pacientes, mas num determinado momento reagem e pedem uma mudança na direcção das coisas.

A relação que este novo sinal partidário tinha com a cultura cristã já podia ser vista no tempo em que eram governantes de Buenos Aires. Havia tanto elementos positivos como elementos que marcavam uma distância dos princípios cristãos fundamentais. Um exemplo desta última é que foi a primeira empresa a aprovar a união civil de pessoas do mesmo sexo. 

Durante várias décadas, a Argentina tem vindo a passar por mudanças sociais e culturais em etapas de dez anos. As situações das partes estabelecem percursos que geram mudanças e depois vêm outros que se viram na direcção oposta. Embora seja verdade que a alternância é positiva, quando é marcada por linhas ideológicas, não permite um crescimento estável. A Argentina deve a si própria um projecto nacional mais estável e permanente.

Outro desafio que a nação enfrenta é o início da Bicentenário, 1816-2016 que celebra os 200 anos de independência da coroa espanhola. É um acontecimento significativo e esperamos que seja também um espaço histórico de reflexão e de identidade para o futuro. Outra actividade que a Igreja está a preparar é o Congresso Eucarístico Nacional a ser realizado na histórica cidade de San Miguel de Tucumán. Cerca de cem mil pessoas irão ali reunir-se para celebrar o mistério de Jesus, Senhor da História, vivo e presente no pão eucarístico.

2016 será um ano importante, mas com muitas flutuações sociais, culturais e económicas. A Igreja enfrenta um tempo muito forte com muitos desafios pastorais: o drama do tráfico de droga tem sido uma forte exigência do episcopado, a identidade nacional para a educação como tarefa urgente, a experiência do Jubileu da Misericórdia será como o pano de fundo de gestos e acções no meio do povo, a experiência do Congresso Eucarístico como uma oportunidade excepcional para comunicar a necessidade urgente de reconciliação nacional. Há novos ventos de mudança na Argentina, mas eles devem servir para respeitar os pobres que tanto sofrem; novos ventos para uma nova era que não deve esquecer que o poder é serviço.

O autorMarcelo Barrionuevo

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