Quando uma delegação da Ordem dos Carmelitas Descalços visitou o Papa a 18 de abril, o Superior Geral aproveitou a ocasião para apresentar ao Pontífice um pedido especial: a nomeação de Santa Edith Stein como Doutora da Igreja.
Segundo o órgão de comunicação social "Agência Católica de Notícias"Os carmelitas querem que a Igreja reconheça os contributos da freira mártir. Com o título de "doctor veritatis", doutora da verdade, Edith Stein poderia tornar-se a quinta mulher doutora da Igreja, em reconhecimento das suas contribuições no domínio da teologia.
O facto de o Superior Geral fazer este pedido ao Santo Padre é importante porque é uma condição prévia para que o Dicastério para as Causas dos Santos possa iniciar o processo de atribuição do título a Edith Stein. Outro passo indispensável, a canonização, já foi facilitado por João Paulo II no final do século XX.
Edith Stein e a sua carreira intelectual
Esta santa, também conhecida como Teresa Benedicta da Cruz, nasceu a 12 de outubro de 1981 no seio de uma família judia. Apesar da sua educação e de ter crescido num ambiente de prática, declarou-se ateia durante vários anos. Ao mesmo tempo, seguiu uma brilhante carreira académica que a levou a colaborar com o filósofo alemão Edmund Husserl.
Defensora do direito de voto das mulheres e de uma maior participação na vida pública, deu o exemplo, sendo a primeira mulher a doutorar-se em filosofia na Alemanha. Paralelamente, iniciou um período de grande produção literária, com investigações e reflexões como "Sobre o Problema da Empatia", que foi a sua tese; "Introdução à Filosofia"; e "Um Inquérito sobre o Estado".
Em 1921, depois de ter lido a biografia de São Teresa de ÁvilaConverteu-se ao catolicismo e chegou à conclusão de que queria ser freira carmelita. Demorou muito tempo a atingir o seu objetivo, mas foi aconselhada a continuar a ensinar e a trabalhar em escolas e universidades. Edith Stein aproveitou então a oportunidade para traduzir e estudar em profundidade as obras de intelectuais católicos como São Tomás de Aquino e São João Henrique Newman.
Entrada para Carmel
Finalmente, a 15 de outubro de 1933, festa de Santa Teresa de Ávila, Edith Stein entra para a Ordem das Carmelitas. No seio da ordem carmelita, a filósofa recebeu o apoio dos seus superiores para prosseguir o seu trabalho intelectual.
No entanto, a vida de Edith Stein sofreu uma viragem abrupta quando, em 1942, a Gestapo a prendeu por ser judia. Passou então por dois campos de concentração até chegar ao local onde viria a morrer: Auschwitz.
Edith Stein, santa e co-padroeira da Europa
Edith Stein morreu na câmara de gás a 9 de agosto de 1942. Queimada pelos soldados nazis, não existe uma sepultura especial para ela. Em 11 de outubro de 1998, o Papa São João Paulo II canonizou-a em Roma e, no ano seguinte, nomeou-a co-padroeira da Europa.
Entre os numerosos contributos de Santa Edith Stein para a teologia, contam-se a sua análise da figura e da condição da mulher e a sua espiritualidade centrada na Cruz de Cristo.