Vaticano

"Todos somos chamados a conhecer o impacto dos abusos", diz o Papa

O Papa Francisco recebeu em audiência os membros da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, esta manhã, no Palácio Apostólico do Vaticano, para a sua assembleia plenária.

Loreto Rios-7 de março de 2024-Tempo de leitura: 4 acta

O Papa com a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, 7 de março de 2024 ©OSV

A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, presidida pelo Cardeal Sean O'Malley, foi criada pelo Papa Francisco em 22 de março de 2014 e, desde 5 de junho de 2022, faz parte do Dicastério para a Doutrina da Fé.

No seu o discurso desta manhãlido pelo Arcebispo Pierluigi Giroli, o Papa recordou que dedicar-se a "atender às necessidades dos pobres e dos necessitados". vítimas O combate aos abusos é uma vocação corajosa, que vem do coração da Igreja e a ajuda a purificar-se e a crescer".

Francisco encorajou também os membros da Comissão a "continuarem neste serviço, com espírito de equipa: construindo pontes e colaborando para tornar mais eficaz a vossa atenção aos outros".

O Santo Padre referiu-se também ao Relatório Anual sobre Políticas e Procedimentos de Salvaguarda na Igreja, que contém as conclusões de um inquérito enviado a todas as conferências episcopais do mundo, recordando que "não deve ser apenas mais um documento, mas ajudar-nos a compreender melhor o trabalho que ainda temos pela frente".

Por outro lado, Francisco indicou que "perante o escândalo dos abusos e o sofrimento das vítimas, podemos ficar desanimados, porque o desafio de reconstruir o tecido de vidas quebradas e curar a dor é grande e complexo". No entanto, "o nosso compromisso não deve vacilar; na verdade, encorajo-vos a ir em frente, para que a Igreja seja sempre e em todo o lado um lugar onde todos se sintam em casa e onde cada pessoa seja considerada sagrada".

Imitar Jesus

O Papa sublinhou que, para alcançar este objetivo e "para viver bem este serviço, devemos fazer nossos os sentimentos de Cristo: a sua compaixão, o seu modo de tocar as feridas da humanidade, o seu Coração trespassado de amor por nós. Jesus é aquele que se fez próximo de nós; na sua carne, Deus Pai aproximou-se de nós para além de todos os limites e mostra-nos assim que não está longe das nossas necessidades e preocupações.

Porque Jesus "toma sobre si os nossos sofrimentos e carrega as nossas feridas, como diz o quarto poema do Servo Sofredor no Livro do Profeta Isaías". Francisco convidou-nos a imitar o exemplo de Cristo: "Aprendamos também isto: não podemos ajudar os outros a carregar os seus fardos sem os colocarmos aos nossos ombros, sem praticarmos a proximidade e a compaixão.

Por isso, "a proximidade às vítimas de abuso não é um conceito abstrato: é uma realidade muito concreta, feita de escuta, intervenção, prevenção e ajuda. Todos somos chamados - especialmente as autoridades eclesiásticas - a tomar consciência direta do impacto dos abusos e a deixar-nos comover pelo sofrimento das vítimas, escutando diretamente a sua voz e praticando aquela proximidade que, através de escolhas concretas, as levanta, ajuda e prepara um futuro diferente para todos".

Além disso, o Santo Padre sublinhou que é importante evitar "que estes irmãos e irmãs não sejam acolhidos e escutados, porque isso pode agravar muito o seu sofrimento. É necessário cuidar deles com um empenho pessoal, assim como é necessário que isso seja feito com a ajuda de colaboradores competentes".

Ao mesmo tempo, o Papa agradeceu à Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores pelo seu trabalho de "acompanhamento das vítimas e dos sobreviventes. Grande parte deste serviço é efectuado de forma confidencial, como deve ser, por respeito pelas pessoas. Mas, ao mesmo tempo, os seus frutos devem ser visíveis: as pessoas devem conhecer e ver o trabalho que fazeis no acompanhamento da pastoral das igrejas locais. A vossa proximidade com as autoridades das Igrejas locais reforçá-las-á na partilha das boas práticas e na verificação da adequação das medidas postas em prática".

"Memorare", prevenção e reparação de abusos

Francisco recordou ainda a iniciativa "Memorare", definida pelo Vatican News como "um projeto da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores que começou em 2023 para ajudar e trabalhar, juntamente com as igrejas locais em todo o mundo, na formação e capacitação na prevenção e proteção de crianças e adultos vulneráveis. Esta assistência centra-se em três áreas: o acompanhamento de vítimas e sobreviventes, a implementação de políticas de prevenção através do desenvolvimento de directrizes e códigos de conduta, e a resposta adequada e atempada a alegações de abuso, de acordo com a lei da Igreja.

No seu discurso desta manhã, o Papa disse que "o serviço às igrejas locais já está a dar grandes frutos, e sinto-me encorajado ao ver como a iniciativa 'Memorare' está a tomar forma, em cooperação com as igrejas em tantos países do mundo. Esta é uma forma muito concreta de a comissão mostrar a sua proximidade às autoridades destas igrejas, reforçando ao mesmo tempo os esforços de preservação existentes. Com o tempo, criar-se-á uma rede de solidariedade com as vítimas e com aqueles que promovem os seus direitos, especialmente onde os recursos e os conhecimentos especializados são escassos".

Em conclusão, o Papa disse que os comentários da Comissão "nos levarão na direção certa, para que a Igreja continue a empenhar-se com toda a sua força na prevenção dos abusos, na sua firme condenação dos abusos, no cuidado compassivo das vítimas e no compromisso permanente de ser um lugar hospitaleiro e seguro", e agradeceu aos membros da Comissão pela sua "perseverança" e "testemunho de esperança". Como de costume, o Papa concluiu o seu discurso pedindo orações por ele.

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