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Concilium Sinense: Um século de história e profecia para a Igreja Católica na China

Este ano celebra-se o 100º aniversário do "Concilium Sinense", o primeiro concílio da Igreja Católica na China. Por esta ocasião, a Pontifícia Universidade Urbaniana organizou o congresso internacional "100 anos do Concilium Sinense: entre a história e o presente".

Giovanni Tridente-17 de maio de 2024-Tempo de leitura: 3 acta

Peregrinos chineses mostram ao Papa uma pintura da Grande Muralha ©OSV

Na terça-feira, 21 de maio de 2024, a Pontifícia Universidade Urbaniana acolherá um congresso internacional intitulado "100 anos do Concilium Sinense: entre a história e o presente", em comemoração do centenário do Primeiro Concílio da Igreja Católica na China. Este acontecimento histórico, que teve lugar na Catedral de Santo Inácio de Loyola, em Shanghai, em 1924, constituiu um marco na missão apostólica e no processo de desenvolvimento da Igreja local na China, sublinhando a importância de uma Igreja autóctone dirigida por bispos e sacerdotes autóctones.

Um pouco de história

O evento, que já tem um século de existência, foi convocado no contexto da carta apostólica do Papa Bento XV "Maximum Illud" e nasceu como uma tentativa de enraizar profundamente a fé cristã no tecido social e cultural chinês. De facto, o Papa, cujo nome de nascimento era "Giacomo della Chiesa", na sua carta de 1919, exortava ao reconhecimento de que a fé em Cristo não era estranha a nenhuma nação e que ser cristão não implicava a submissão a potências estrangeiras. O Concílio de Xangai alinhou-se com esta visão, promovendo a autonomia eclesiástica chinesa e combatendo as influências coloniais nas práticas eclesiásticas.

Durante o "Concílio Sinense", foram tomadas decisões cruciais para o crescimento de um clero autóctone. Bispos e padres do país asiático foram encorajados a assumir a liderança das comunidades locais, o que marcou um ponto de viragem decisivo na história da Igreja Católica na China. As disposições conciliares visavam, assim, contrariar a mentalidade colonial e favorecer a formação de uma identidade eclesial específica daquele contexto territorial. A promoção de sínodos diocesanos, de encontros entre religiosos e leigos e o apoio à criação de associações de leigos foram também objectivos.

O congresso do centenário

O congresso internacional organizado pela Urbaniana não será apenas uma celebração histórica, mas também uma oportunidade para refletir sobre a atualidade daquela experiência sinodal, anuncia uma nota da Fides, organismo que, juntamente com a universidade, depende diretamente do Dicastério para a Evangelização (Secção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares) e que, juntamente com a Comissão Pastoral para a China, coordena os trabalhos.

Cartaz do Congresso

O evento contará com a presença do Bispo de Xangai, Joseph Shen Bin, do Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, e do Cardeal Luis Antonio G. Tagle, proprefeito do Dicastério para a Evangelização, que fará o discurso de encerramento. Tagle, proprefeito do Dicastério para a Evangelização, que fará o discurso de encerramento.

Intervirão também académicos e investigadores chineses, incluindo o Professor Zheng Xiaoyun, Presidente do Instituto das Religiões Mundiais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, e o Professor Liu Guopeng, investigador da mesma organização.

Os trabalhos serão introduzidos por uma mensagem vídeo do Papa Francisco e pela projeção do documentário "Entre a história e o presente. 100 anos do Conselho de Xangai".

Entre a memória e a profecia

O Concílio de Xangai, com as suas decisões inovadoras, continua a ser "uma fonte de inspiração para a Igreja contemporânea", lê-se no material preparatório. De facto, a promoção do clero local e o desenvolvimento da Igreja local são temas que continuam a ressoar hoje, especialmente numa era de globalização e de crescentes tensões interculturais. A conferência procurará tirar lições dessa experiência para responder aos desafios actuais da evangelização.

Um olhar para o futuro, para continuar a construir, com esperança e determinação, uma Igreja verdadeiramente católica, no sentido mais pleno e universal do termo.

O autorGiovanni Tridente

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