Vaticano

A reunião pré-sinodal foi útil?

Omnes-1 de Maio de 2018-Tempo de leitura: 3 acta

O autor, participante mexicano no encontro pré-sinodal de jovens em Roma, avalia o encontro e reflecte sobre o ímpeto recebido.

Texto - Roberto Vera, participante na assembleia pré-sinodal de jovens

Passaram apenas algumas semanas desde a conclusão em Roma do presínodo para jovens, no qual tive a sorte de participar em representação dos estudantes das Universidades Pontifícias. O fruto mais visível desses dias intensos, em que pouco mais de trezentos jovens de todo o mundo estiveram envolvidos no diálogo e no trabalho, é o chamado "Documento Final do encontro pré-sinodal". As quinze páginas deste texto expõem os pontos mais salientes das conversações que realizámos em Roma entre 19 e 24 de Março, e aqueles de nós que contribuíram para a sua redacção estão entusiasmados por se tornar uma das bases fundamentais para o trabalho dos bispos durante a assembleia convocada para o próximo mês de Outubro.

Mas estou convencido de que o documento final é apenas uma pequena parte dos frutos do pré-sínodo. Muitos de nós, jovens que nos conhecemos em Roma, ainda estamos em contacto, principalmente através da WhatsApp, e por isso tomámos conhecimento de outras consequências positivas do nosso trabalho em todo o mundo. Vários dos participantes, por exemplo, partilharam com os bispos das suas dioceses aquilo de que falámos e vivemos na reunião pré-sinodal, o que levou os pastores a considerar acções concretas para melhor servir os jovens nas suas igrejas locais. Outros jovens tiveram a oportunidade de abordar comissões pastorais, constituídas a diferentes níveis, e, na sequência das suas intervenções, foi tomada a decisão de explorar formas de tornar os jovens protagonistas da acção pastoral e formas de reduzir a distância entre a hierarquia local e os jovens. Em vários países, estão também a ser organizadas sessões com jovens para informar sobre o presínodo e actividades semelhantes ao encontro em que participámos.

Não há dúvida de que outros frutos dos dias em Roma estão a amadurecer dentro de cada um dos participantes. O tempo que passou desde Domingo de Ramos, quando o documento final foi colocado nas mãos do Papa Francisco, apenas confirmou uma intuição que tive durante o decurso do presínodo: tive uma experiência que me marcou para sempre. Sem dúvida, o que me impressionou mais profundamente foi poder falar com jovens de diferentes países e, desta forma, conhecer as realidades que os enchem de entusiasmo e as que os preocupam, as histórias das suas vocações, o seu compromisso com a Igreja, o seu desejo de mudar o mundo... Muitas destas conversas enriqueceram-me e mudaram a minha visão da realidade. Tive a oportunidade de lidar com pessoas que participaram no encontro representando as suas Igrejas locais, os seminaristas dos seus países, as suas famílias religiosas, comunidades, movimentos ou associações; havia também pessoas envolvidas na formação e peritos em diferentes áreas (pastoral juvenil, pedagogia, psicologia, sociologia, etc.). Pude falar com jovens não-Católicos, não-Cristãos e não crentes: aprendi com cada um deles e apreciei sinceramente a sua participação no encontro.

O encontro com o Papa Francisco, que abriu o presínodo, foi um dos momentos mais especiais. A sua proximidade e simplicidade causaram-nos uma grande impressão. O Santo Padre encorajou-nos a ouvir os outros e a falar corajosamente, sem medo de perturbar ou estar errado. E foi precisamente isso que tentámos fazer durante o trabalho do grupo linguístico.

Como mexicano, fiz parte de um dos quatro grupos de língua espanhola: éramos dezoito pessoas de catorze países diferentes e com diversas experiências de vida: algumas trabalhavam na pastoral diocesana, outras estavam envolvidas na vida das suas paróquias e outras representavam movimentos ou seminaristas ou religiosos. Nos grandes espaços de diálogo que tivemos, todos participámos e trocámos formas de ver as coisas, problemas, dificuldades, experiências e propostas. Penso que todos nós ficámos muito enriquecidos. Além disso, naturalmente, desenvolveu-se entre nós uma grande amizade.

Uma das ideias que creio ser partilhada por todos os participantes no presínodo - reflectida no documento final - é a importância deste tipo de encontros para a vida da Igreja: esperamos que possa haver muitas experiências semelhantes a vários níveis (universal, nacional e local) destinadas a ouvir a voz dos destinatários das acções pastorais, favorecendo o diálogo entre eles.

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