A família, o lugar de partida, o lugar para onde regressa

Voltemos, então, não só ao lugar de onde somos, mas ao lugar "que somos", à família divina e humana da qual fazemos parte, e façamo-lo com todas as suas consequências.

11 de Junho de 2021-Tempo de leitura: 3 acta

O lugar para onde se regressa. É assim que o filósofo Rafael Alvira define a família. Este é o título de um livro de reflexões que, apesar de ter alguns anos, continua a ser um ponto de referência para compreender o que se passa hoje com a instituição familiar e, acima de tudo, como recuperar o seu valor.

Voltamos à família, mais cedo ou mais tarde. Mais ou menos conscientemente, mas nós regressamos. Somos filhos do sangue que corre através das nossas veias. Apesar de toda a loucura genética que hoje vemos, nunca será possível esvaziarmo-nos da nossa genética e substituí-la por outra: a limitação de sermos criaturas, o fruto do "trabalho dos outros" é o que nos torna ser nós. É por isso que, quando falamos da família de todos os cristãos, dos filhos de Deus, não estamos a teorizar um nível de coexistência mais ou menos amigável, mas sim o mesmo sangue, a mesma carne, assim mesmo, sem ar quente.

Regressamos à família, com o nosso corpo e a nossa alma. Vemo-lo sempre naqueles idosos que se lembram mais claramente da infância do que na véspera. O regresso à família (se estamos a falar de uma família enraizada no amor e no respeito) não é outra coisa senão a resposta natural de cada pessoa ao ambiente em que é amada pelo que é, e não pelo que tem.

As páginas de abertura do referido livro de Alvira contêm algumas breves mas profundas pinceladas sobre o infinito vital da família: "nele somos conservadores, porque queremos mantê-lo, temos uma razão para o manter; somos sociais, porque ali aprendemos a apreciar os outros; somos liberais, porque cada um adquire a sua própria personalidade nele; somos progressistas, porque é a instituição do crescimento, e onde inventamos para oferecer algo de bom aos outros".

O trabalho de todos: jovens, velhos, adolescentes ou não nascidos é, infalivelmente, jogar o seu lugar no seio da família. Pensar na família é pensar no "todo" da nossa vida. Portanto, pedir a um pai, uma mãe ou uma criança para escolher entre "trabalho ou família" é um ataque directo ao direito básico de cada pessoa. Além disso, tal escolha não existe: uma não pode ser colocada ao mesmo nível que a outra.

O Ano da Família é todos os anos, mesmo que, em particular, estejamos no Ano da Família deste ano. Amoris laetitia AnoA família, por exemplo, faz parte de uma reflexão global sobre a família e, em particular, sobre a família cristã.

Este é também um momento para reflectir sobre como valorizamos e respeitamos a família do meu vizinho, a dos meus subordinados ou colegas....

Mª José Atienza

Certamente, nunca dói reflectir sobre a família. Sozinhos, sim. Considerar a forma como cuidamos, valorizamos e respeitamos cada um dos seus membros. Este é também um ano para pensar sobre a família dos outros. Um tempo para reflectir sobre como valorizamos e respeitamos a família do meu próximo, a dos meus subordinados ou colegas... porque talvez, arrastados por este mundo hedonista e utilitário, podemos tornar-nos naqueles que, longe de facilitar e proclamar a alegria do amor e da família, vêm pedir aos que nos rodeiam para escolher entre o trabalho, o sustento, a projecção, o lazer... e a família.

Portanto, regressemos não só ao lugar onde estamos, mas ao lugar "que somos", à família divina e humana da qual fazemos parte, e façamo-lo com todas as suas consequências. Temos um ano, ou dois, ou melhor, uma vida inteira.

O autorMaria José Atienza

Editor-chefe da Omnes. Licenciado em Comunicação, com mais de 15 anos de experiência em comunicação da Igreja. Tem colaborado em meios de comunicação como COPE e RNE.

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