Gaudete et exsultate, coração e frescura

9 de Maio de 2018-Tempo de leitura: 4 acta

A 9 de Abril, a nova exortação apostólica do Papa Francisco sobre a santidade no mundo de hoje, intitulada Gaudete et exsultate. O bispo de Vitória apresenta-o, sublinhando que é uma referência para a vida cristã e a acção pastoral.

Juan Carlos Elizalde - Bispo de Vitoria

O coração e a frescura exalam desta simples exortação apostólica do Papa Francisco fazendo um apelo universal à santidade. Santidade para todo o povo de Deus, santidade "do lado", "a classe média da santidade" (n. 7).

Mas, ao mesmo tempo, uma santidade exigente e gratificante, que nos pode libertar de "...".uma existência medíocre, diluída e liquefeita" (1). Caminhamos acompanhados, apoiados e guiados pela companhia de todos os santos (4). Em cada santo, Deus diz uma palavra ao mundo (22). "Também precisa de conceber toda a sua vida como uma missão."(23), e a conclusão não é longa: "(23).Que possais reconhecer qual é essa palavra, essa mensagem de Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a vossa vida." (24).

Há duas falsificações de santidade. Uma delas é concebê-la como uma sabedoria abstracta, teórica sem concretude: "...".Um Deus sem Cristo, um Cristo sem uma Igreja, uma Igreja sem um povo(37); e o outro, uma santidade apenas na nossa própria força: "..." (37); e o outro, uma santidade apenas na nossa própria força: "..." (38).Há ainda cristãos que insistem em seguir outro caminho: o da justificação pela própria força, o da adoração da vontade humana e da própria capacidade, o que resulta numa auto-indulgência egocêntrica e elitista, privada do verdadeiro amor." (57).

O coração do documento é o discurso das Bem-aventuranças, "As Bem-aventuranças do Senhor".o bilhete de identidade cristão". "Neles se desenha o rosto do Mestre, que somos chamados a tornar transparente na nossa vida quotidiana." (63). E o "grande protocolo"pelo qual devemos ser julgados, misericórdia:"Pois eu tinha fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, um estranho e deste-me alojamento, nu e vestiste-me, doente e visitaste-me, na prisão e vieste ver-me."(Mt 25, 35-36). É um erro prejudicial dissociar a acção caritativa de uma relação pessoal com o Senhor, uma vez que ela transforma a Igreja numa ONG (100). Mas é também um erro ideológico desconfiar sistematicamente do compromisso social dos outros, "(100).como rasa, mundana, secularista, imanentista, comunista, populista" (101). E o Papa concretiza esta tensão na Igreja. "A defesa do não nascido inocente, por exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque é aqui que a dignidade da vida humana, sempre sagrada, está em jogo, e o amor por cada pessoa para além do seu desenvolvimento assim o exige. Mas igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram, que lutam na miséria [...] e em todas as formas de vida descartada." (101). A migração não é menos importante do que a bioética (102).

As notas de santidade no mundo de hoje são particularmente concretas e sugestivas. Contemplando a primeira comunidade cristã em Jerusalém durante esta época pascal, vemos algumas atitudes que acompanham a santidade que o Papa propõe. Resistência, paciência e mansidão são as primeiras notas. Resistem à perseguição com esperança. Devolvem o bem ao mal. "Os cristãos podem também fazer parte de redes de violência verbal através da Internet e de vários fóruns ou espaços de intercâmbio digital."(115), adverte o Papa. Alegria e sentido de humor são também notas proeminentes, um termómetro da esperança de que a Igreja se espalhe. "Ousadia, entusiasmo, falar livremente, fervor apostólico, tudo isto está incluído na palavra parrésia, palavra com a qual a Bíblia também expressa a liberdade de uma existência aberta, porque está disponível para Deus e para os outros." (129). Estas atitudes têm sempre lugar em comunidade. A última nota de santidade é a oração constante: "...a última nota de santidade é a oração constante" (129).O santo é uma pessoa com um espírito orante, que precisa de comunicar com Deus. Ele é alguém que não suporta sufocar na imanência fechada deste mundo, e no meio dos seus esforços e doação ele suspira por Deus, sai de si em louvor e expande os seus limites na contemplação do Senhor. Não acredito na santidade sem oração, mesmo que ela não envolva necessariamente longos momentos ou sentimentos intensos." (147).

O último capítulo da exortação dedica o Papa ao combate, vigilância e discernimento. Não podemos ser ingénuos porque o diabo "Não pensemos que é um mito, uma representação, um símbolo, uma figura ou uma ideia. Este engano leva-nos a baixar os braços, a negligenciarmo-nos e a ficarmos mais expostos. Ele não precisa de nos possuir. Envenena-nos com ódio, com tristeza, com inveja, com vícios. E assim, enquanto baixamos a nossa guarda, ele aproveita para destruir as nossas vidas, as nossas famílias e as nossas comunidades, porque como um leão que ruge, vagando à procura de alguém para devorar" (1 Pet 5:8)" (161). Da mão de Maria, podemos dar a melhor resposta a cada momento. A sua proximidade é uma garantia da nossa santidade: "Quero que Maria coroe estas reflexões, porque ela viveu as bem-aventuranças de Jesus como ninguém mais. Foi ela que tremeu de alegria na presença de Deus, que guardou tudo no seu coração e se deixou trespassar pela espada. É a santa entre os santos, a mais abençoada, aquela que nos ensina o caminho da santidade e nos acompanha." (176).

Obrigado, Papa Francisco, por oferecer um horizonte para a vida cristã e um ponto de partida para a acção pastoral.

O autorOmnes

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