Vaticano

Documento do Papa de setembro sobre o Sagrado Coração de Jesus

Em setembro, o Papa Francisco publicará um documento sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, reunindo textos magistrais e reflexões sobre a sua promotora, a freira francesa Santa Margarida Maria Alacoque. Na série de catequeses sobre "O Espírito e a Esposa", que é a Igreja, o Papa Francisco disse que "no serviço está a verdadeira liberdade".  

Francisco Otamendi-5 de junho de 2024-Tempo de leitura: 3 acta
Audiência do Papa 5 de junho de 2024

O Papa Francisco saúda os fiéis na Praça de São Pedro antes da Audiência de 5 de junho de 2024 @OSV

"A festa do Sagrado Coração de Jesus e a memória do Imaculado Coração de Maria, que a Igreja se prepara para celebrar nos próximos dias, recordam-nos a necessidade de corresponder ao amor redentor de Cristo e convidam-nos a confiar-nos com confiança à intercessão da Mãe do Senhor", disse o Papa Francisco no final da Missa, que teve lugar na festa do Sagrado Coração de Jesus. Público na quarta-feira, quando se dirigiu aos romanos e peregrinos.

Aproveitou a ocasião para anunciar que, em setembro, publicará um documento sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, cuja festa é celebrada esta sexta-feira, com reflexões sobre a freira Santa Margarida Maria Alacoque e textos do Magistério. 

Recordou também a festa de hoje de "São Bonifácio", Apóstolo da Alemanha. Agradecidos pela longa e frutuosa história de fé nas vossas terras, invocamos o Espírito Santo para que mantenha viva em vós a fé, a esperança e a caridade", disse ele em palavras dirigidas de modo especial aos peregrinos de língua alemã.

Espírito Santo, "Ruah", o poder de Deus

Dando continuidade ao novo ciclo de catequeses "O Espírito e a Esposa", que é a Igreja, o Santo Padre centrou a sua reflexão no tema "O vento sopra onde quer. Onde está o Espírito de Deus, aí há liberdade" (Leitura: Jo 3, 6-8).

"Continuamos a refletir sobre o Espírito Santo. Na Bíblia ele é chamado de "Ruah", que significa sopro, respiração, vento. A imagem do vento remete-nos para o poder de Deus, que tem uma força imparável, capaz de transformar tudo no seu caminho", explicou o Papa Francisco na Audiência de hoje, na segunda sessão do catequese dedicado ao Espírito Santo.

"O vento sopra onde quer".

Para além da força do vento, o Evangelho sublinha uma outra caraterística: a liberdade. "O vento sopra onde quer, não sabeis de onde vem nem para onde vai", diz Jesus. Isto indica que "o Espírito Santo não pode ser confinado ou reduzido a teorias ou conceitos meramente humanos", sublinhou o Pontífice. 

Por outro lado, S. Paulo afirma que "onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade", ou seja, que o Espírito de Deus nos torna verdadeiramente livres. "Mas a liberdade pode ser entendida de diferentes maneiras, pode tornar-se um pretexto para fazer o que se quer; por isso, o Apóstolo esclarece que a liberdade cristã consiste em aderir livremente à vontade de Deus. E isto exprime-se no amor e no serviço aos outros, como Jesus nos ensinou com a sua própria vida", acrescentou.

O Papa sublinhou então que, neste mês dedicado ao Coração de Jesus, "peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a viver com a liberdade dos filhos de Deus, amando e servindo com alegria e simplicidade de coração. Que o Senhor vos abençoe e a Virgem Santa vos proteja".

O Espírito Santo não pode ser "institucionalizado".

Na sua reflexão sobre o Espírito Santo e a liberdade, Francisco recordou que "uma vez mais, para descobrir o sentido pleno das realidades da Bíblia, não devemos deter-nos no Antigo Testamento, mas chegar a Jesus. Juntamente com o poder, Jesus vai pôr em evidência uma outra caraterística do vento, a liberdade. A Nicodemos, que o visita à noite, diz solenemente: "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai: assim é todo aquele que nasceu do Espírito" (Jo 3,8).

"O vento é a única coisa que não pode ser contida, não pode ser "engarrafada" ou encaixotada. Tentar encerrar o Espírito Santo em conceitos, definições, teses ou tratados, como por vezes tentou fazer o racionalismo moderno, é perdê-Lo, anulá-Lo ou reduzi-Lo ao espírito humano puro e simples. No entanto, há uma tentação semelhante no domínio eclesiástico, que é a de encerrar o Espírito Santo em cânones, instituições, definições. O Espírito cria e anima as instituições, mas Ele mesmo não pode ser "institucionalizado", acrescentou o Santo Padre.

"O vento sopra "onde quer" (1 Cor 12,11). São Paulo fará desta lei a lei fundamental da ação cristã: "Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2 Cor 3,17). Trata-se de uma liberdade muito especial, muito diferente da que é comummente entendida. Não é a liberdade de fazer o que se quer, mas a liberdade de fazer livremente o que Deus quer! Não é a liberdade de fazer o bem ou o mal, mas a liberdade de fazer o bem e de o fazer livremente, isto é, por atração, não por obrigação. Por outras palavras, a liberdade dos filhos, não dos escravos", concluiu.

Para os polacos: liberdade, um compromisso

Saúdo cordialmente os polacos", disse ainda o Papa. "Nestes dias comemorais o aniversário da primeira viagem apostólica de João Paulo II à sua pátria e da sua oração ao Espírito Santo para que descesse e renovasse a face da terra, da vossa terra, e ela foi renovada. Recuperaram a vossa liberdade. Não esqueçais, porém, que a liberdade que vem do Espírito não é um pretexto para a carne, como diz São Paulo, mas um compromisso de crescer na verdade revelada por Cristo e de a defender diante do mundo. Abençoo-vos de coração".

O autorFrancisco Otamendi

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