A parábola da semente e do semeador é uma das parábolas mais conhecidas e mais gráficas de Cristo. Para isso contribui o facto de ele fazer uma exegese clara da mesma, coisa que não costumava fazer.. "Ensinou-lhes muitas coisas por parábolas. Jesus utilizou as parábolas tanto para revelar como para ocultar parcialmente a sua mensagem. Assim, contou várias parábolas sobre o reino, porque não queria ser demasiado claro, quando o povo judeu da época estava obcecado por um reino político e territorial, ao passo que ele queria sublinhar um reino espiritual e universal. É por isso que Jesus diz: "aos de fora tudo se apresenta por parábolas, para que, por mais que olhem, não vejam, por mais que ouçam, não compreendam".. Por outras palavras, para aqueles que estão dispostos a compreender, as parábolas dão muita luz e um ensinamento vivo e gráfico: "A vós foi dado o mistério do Reino de Deus".Mas para aqueles que estão fechados à graça de Deus, o seu significado permanece oculto.
Nesta parábola que a Igreja nos oferece no Evangelho de hoje, a realidade e mesmo o risco da liberdade são fortemente sublinhados.
Quem tem a ideia disparatada de que toda a gente vai automaticamente para o céu não leu nem compreendeu esta parábola, e muito menos a parábola seguinte deste capítulo (Mt 13), que fala do joio a ser queimado num fogo eterno.
A semente exprime as várias respostas possíveis à palavra e ao convite de Cristo. Ele semeia generosamente, abundantemente; a sua graça está à disposição de todos. Mas as pessoas recebem-na ou rejeitam-na de formas diferentes.
A semente pode ser comida pelos pássaros (o demónio e os seus lacaios), não criar raízes devido à superficialidade e à suavidade, ou ser sufocada pelos espinhos da riqueza e das preocupações terrenas.
Estas são as três principais maneiras pelas quais as almas não respondem à graça de Deus. Uma rejeição imediata: a semente nem sequer se enraíza, porque a alma está tão endurecida e tão fechada às realidades espirituais. Uma rejeição secundária, no caso das almas fracas, sem raízes, que só podem acreditar nos bons momentos, mas que se afastam a cada prova. Talvez o perigo que mais corremos: o sufocamento lento e subtil da fé, à medida que a nossa alma é gradualmente estrangulada pelo desejo de riquezas e de bens, ou pelos problemas e preocupações da vida.
Mas há outro caminho possível: receber a semente em boa terra e dar fruto. Esta boa terra são as virtudes adquiridas, o bom conhecimento da nossa fé e os hábitos de oração. Como é importante o papel dos pais para ajudar a criar nos seus filhos esta boa terra, onde a semente pode criar raízes e florescer. Mas mesmo entre as boas almas, a resposta pode variar, "trinta ou sessenta ou cem por cento". Sejamos ambiciosos para dar o maior número possível de frutos, através de obras concretas de amor e do crescimento da nossa vida de oração.
Homilia sobre as leituras do 15º Domingo do Tempo Comum (A)
O sacerdote Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliaUma breve reflexão de um minuto para estas leituras dominicais.