Jesus Cristo veio para nos oferecer a verdadeira liberdade, mas é difícil para nós saber em que consiste essa liberdade. Esta questão é muito relevante para as leituras de hoje.
Tanto a primeira leitura como o evangelho apresentam um episódio em que as pessoas falam e agem através do Espírito Santo e alguém tenta impedi-las. Na primeira leitura, dois homens começam a profetizar e Josué quer impedi-los. Josué pensa que eles podem rivalizar com a autoridade de Moisés.
No Evangelho, o apóstolo João tem preocupações semelhantes (tal como Josué era o discípulo amado de Moisés, João era o discípulo amado de Jesus). João disse-lhe: "Mestre, vimos um homem que expulsava demónios em teu nome e quisemos impedi-lo, porque ele não vem connosco. Jesus respondeu: 'Não o impeçais, pois quem faz um milagre em meu nome não pode depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é por nós".
Não lhe agradava a ideia de alguém fora do seu grupo usar o poder de Deus, tal como Josué não gostava da ideia de alguém fora dos 70 anciãos - que era como o grupo de Moisés - profetizar.
Mas em ambos os casos, esta atitude é corrigida. Moisés corrige Josué. "Quem dera que todo o povo do Senhor recebesse o espírito do Senhor e profetizasse!". E Jesus diz a João: "Não o impeçais, pois quem faz um milagre em meu nome não pode depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é por nós". Aqui temos o contraste entre a flexibilidade, a liberdade de espírito, de Moisés e de Jesus e a rigidez dos seus seguidores.
É uma boa chamada de atenção para o perigo da rigidez. Estamos constantemente confrontados com duas tentações: o laxismo ou a licença, por um lado, e a rigidez, por outro. Na Igreja, temos de respeitar a liberdade e as abordagens dos outros. Há muitos caminhos para Deus, muitas formas de culto e de oração. Esta variedade é boa e deve ser respeitada. Também é bom ver pessoas a viver o seu testemunho profético - todos somos chamados a ser profetas - dando testemunho de Deus de muitas maneiras. Devemos também valorizar a fé dos outros cristãos. Não os devemos impedir. Eles não estão contra nós: estão a nosso favor.
Todos os que fazem o bem receberão a sua recompensa. "Quem vos der a beber um copo de água por pertencerdes a Cristo, em verdade vos digo que não ficará sem recompensa.. Por isso, em vez de detectarmos defeitos nos outros, vejamos a sua bondade.
Mas o oposto da verdadeira liberdade no Espírito é a falsa liberdade do vício. Por isso, a outra face da moeda é a vontade de cortar com qualquer ato errado na nossa própria vida. E é por isso que Nosso Senhor fala da necessidade de "cortar" radicalmente toda a forma de pecado.
Homilia sobre as leituras de domingo 26º Domingo do Tempo Comum (B)
O padre Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliaUma breve reflexão de um minuto para estas leituras dominicais.