Evangelho

O sofrimento salvífico. 29º Domingo do Tempo Comum (B)

Joseph Evans comenta as leituras do 29º Domingo do Tempo Comum e Luis Herrera apresenta uma breve homilia em vídeo.

Joseph Evans-17 de outubro de 2024-Tempo de leitura: 2 acta

Como é fácil enganarmo-nos nas coisas e como é fácil enganarmo-nos na mensagem e nos planos de Deus. Vemos isso no Evangelho de hoje. O Senhor acaba de anunciar o seu sofrimento e morte iminentes em Jerusalém, o oposto da glória humana e do sucesso político. E, logo a seguir, Tiago e João pedem isso mesmo. Imaginaram que Jesus ia estabelecer um reino político, tornando Israel novamente grande.

Em vez de se zangar, Jesus responde com paciência: "Podeis vós beber o cálice que eu hei-de beber, ou ser baptizados com o batismo com que eu hei-de ser batizado?". Ou seja, o cálice do sofrimento e o batismo da sua morte. Assim, Nosso Senhor está a dizer: "Estais dispostos a participar no meu sofrimento e na minha morte, para poderdes participar na minha ressurreição?". Eles respondem: "Nós podemos". Mas não fazem ideia do que estão a falar.

A sua ambição desmedida enfurece os outros discípulos e, por isso, Jesus tem de lhes dar uma lição sobre a natureza do seu reino. O reino de Deus não consiste em que todos tentem estar no topo, como nos reinos pagãos: "... o reino de Deus não consiste em que todos tentem estar no topo, como nos reinos pagãos".Não será assim entre vós. No Reino de Deus, seguindo o exemplo de Jesus, governar é servir. A verdadeira grandeza é o serviço, mesmo que, por vezes, esse serviço tenha de ser exercido através do exercício da autoridade. Assim, vemos a autoridade simplesmente como outra forma de serviço, aceitando um fardo para o bem dos outros.

Como Tiago e João, podemos desejar a glória sem esforço nem sacrifício. Mas o cristianismo exige necessariamente sacrifício. O nosso símbolo é um homem crucificado. Adoramos um homem que morreu em agonia, que é também Deus. A primeira leitura de hoje, do profeta Isaías, é uma profecia que visa precisamente anunciar o sofrimento de Jesus.

O nosso caminho não é fugir do sofrimento, mas transformá-lo em amor: sofrer por amor, amor a Deus, unido a Cristo na Cruz, e amor aos outros, oferecendo o nosso sofrimento pela sua salvação.

É por isso que nunca devemos ver o sofrimento como uma maldição ou um castigo. É uma bênção de Deus, uma nova forma de o amar e de o servir a Ele e aos outros, uma nova forma de governar: sermos reis do nosso próprio corpo, transformando a dor em oração. É uma nova forma de partilhar o cálice e o batismo de Cristo.

Procuramos servir, não governar, ou se tivermos de governar, apenas servir. É este o caminho cristão: procurar o sofrimento e não o prazer, o serviço e não o poder. Não admira que o cristianismo seja tão mal compreendido. Não admira que muitas vezes nós próprios o compreendamos mal.

Homilia sobre as leituras do 29º Domingo do Tempo Comum (B)

O padre Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliaUma breve reflexão de um minuto para estas leituras dominicais.

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