A primeira leitura de hoje convida o povo a partilhar da santidade de Deus: "Sede santos, pois eu, o Senhor vosso Deus, sou santo". Em que consiste esta santidade? Não em manifestações de poder, nem em sabedoria sublime, nem mesmo em milagres. Consiste em rejeitar firmemente o ressentimento e, ao mesmo tempo, fazer as repreensões necessárias. Sem ressentimentos, mas correcção aberto. Essencialmente, a santidade é amor pelos outros: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Eu sou o Senhor". E o próprio Deus, na sua vida interior, é amor.
Na homilia do domingo passado, escrevi que "A Antiga Lei estava mais centrada na moralidade social, pelo menos como veio a ser entendida". Na verdade, falava também de atitudes interiores, mas demasiadas vezes o Israel antigo limitava a rectidão à observância exterior. Jesus simplesmente insistiu que a santidade envolveu uma transformação interior e elevou a fasquia a um nível ainda mais elevado. E vemos isto especialmente nas duas antíteses que lemos hoje, que são as duas últimas das seis antíteses famosas que ele entregou no Sermão da Montanha.
Nosso Senhor refere-se a um mandamento dado por Deus no Monte Sinai: "Olho por olho, dente por dente". Se o consideramos brutal hoje, é porque o vemos através de olhos cristãos. No seu tempo, foi um passo em frente, introduzindo um sentido básico de justiça: um crime deve ser pago com castigo proporcional, e não com vingança violenta. Mas Jesus, sem ab-rogar este mandamento (o justiça é ainda necessário), acrescenta a nova dimensão da mansidão cristã. O mal é superado por uma resposta de branda generosidade e não por uma retribuição equivalente. "Mas eu digo-vos...". Não resista ao mal; dê a outra face; se lhe tirarem a túnica, dê também a sua capa; dê àquele que pede e peça emprestado àquele que pede. Por outras palavras, o mal é atenuado quando é sofrido com mansidão generosa, como vemos que Nosso Senhor fez na Cruz.
E a antítese final é a mais exigente e divina de todas. Ouvistes que foi dito: "Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo"".". Mas onde é que Deus diz "odeia o teu inimigo"? Na verdade, não odeia. Dizia-o na tradição judaica, não na Escritura divina. Foi um bom exemplo de como a lei de Deus tinha sido diluída, mesmo corrompida, ao longo do tempo. Então Jesus, ao mesmo tempo que confirma e eleva o que era verdade na lei de Israel, corrige o que era falso.
Insta-nos então a "amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem".Tal como Deus Pai abençoa a todos, maus e bons, com a chuva. Não há mérito em amar apenas aqueles que nos amam: até os pagãos e os cobradores de impostos o fazem. Mas para participar na santidade de Deus, devemos amar a todos sem distinção. "Sede portanto perfeitos, como o vosso Pai celestial é perfeito". E assim, mais uma vez, vemos que a santidade - a perfeição - é amor.
Homilia sobre as leituras do Domingo VII Domingo do Tempo Comum (A)
O sacerdote Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliaUma breve reflexão de um minuto para as leituras deste domingo.