É sabido que a laboriosidade é uma virtude que leva a trabalhar bem, a utilizar bem o tempo, a pôr amor (a Deus e/ou ao próximo) no trabalho, etc. Mas nada disto é possível se não se amar também, de alguma forma, o seu trabalho. O dicionário define a laboriosidade como "inclinação para o trabalho", mas não como uma bola que rola pela encosta abaixo - por si só - mas como um alpinista é atraído pela montanha. O papel atrativo do amor entra em jogo. Por conseguinte, a diligência implica o amor pelo trabalho, o trabalho que corresponde a cada um de nós: o trabalho em si mesmo, independentemente de um eventual reconhecimento ou remuneração.
Um homem trabalhador é aquele que gosta do seu trabalho e tenta fazê-lo da melhor forma possível. Isso mostra que gosta do trabalho e que esse amor o faz suportar com alegria as dificuldades e os esforços que todo o trabalho implica. Cansa-se de trabalhar, mas não se cansa de trabalhar. Sem trabalho, a vida seria para ele monótona e vazia. Quando descansa, trabalha de uma forma diferente: noutra coisa, com um ritmo diferente, com uma alegria diferente; não compreende bem a ideia de descansar "sem fazer nada". A alegria de criar - uma ideia, uma coisa, um resultado - mais do que compensa a dor escondida nesse nascimento.
O significado transcendente do trabalho
Muitos autores actuais descobriram-no e deram-no a conhecer a um vasto público: "O seu trabalho vai ocupar uma grande parte da sua vida, e a única forma de estar verdadeiramente satisfeito é fazer um grande trabalho. E a única forma de fazer um ótimo trabalho é amar o que se faz" (Steve Jobs). "Quando amas o teu trabalho, tornas-te o melhor trabalhador do mundo" (Uri Geller). "Para ter sucesso, a primeira coisa que deve fazer é apaixonar-se pelo seu trabalho" (Mary Lauretta). "Todos os dias, adoro o que faço e acredito que é uma dádiva e um privilégio amar o nosso trabalho" (Sarah Burton). Estas e outras frases semelhantes são o resultado de experiências humanas frutuosas, hoje partilhadas pela rede mundial.
Se, além disso, se acrescentar um sentido transcendente, o resultado é que, amando o trabalho, se ama a Deus e ao próximo. A fé e a esperança colorem inconfundivelmente esse amor, e introduzem a pessoa que trabalha na esfera sobrenatural a que o ser humano está destinado. Dizia São Josemaría Escrivá: "Desempenhai as vossas funções profissionais por Amor: desempenhai tudo por Amor, insisto, e vereis - precisamente porque amais... - as maravilhas que o vosso trabalho produz".
Há casos em que pode parecer difícil - até chocante ou contraditório - a pretensão de amar o trabalho a que nos referimos: ou porque se sofre com o trabalho ingrato (por qualquer razão), ou porque a situação pessoal (saúde, etc.) o torna impossível, ou porque se julga que o amor deve ser reservado para coisas mais elevadas. Poder-se-ia partir do princípio de que todos os homens devem trabalhar, mas que não é obrigatório fazê-lo com prazer.
É evidente que o amor não pode ser imposto. A questão é que o trabalhador, aquele que aprende a amar o seu trabalho - por vezes com esforço e pouco a pouco - tem um longo caminho a percorrer para ser feliz e para fazer felizes os que o rodeiam. "Aquele que é trabalhador aproveita o seu tempo, que não é apenas ouro, é a glória de Deus! Faz o que deve e está no que faz, não por rotina, nem para ocupar as horas... Por isso é diligente [e] diligente vem do verbo 'diligo', que significa amar, apreciar, escolher como fruto de uma atenção cuidadosa e atenta" (São Josemaría Escrivá).
Para além disso, o trabalho é em si mesmo o princípio das relações pessoais e sociais. E a pessoa que está no centro dessas relações deve, com elas, cumprir os deveres razoáveis de convivência que todo o homem tem para com a sociedade. Neste caso, como seria difícil para alguém que trabalha de má vontade - em oposição - ser amável, paciente, responder com doçura, e até mesmo compreender e perdoar os outros! O trabalho árduo permite transmitir à sua volta a visão otimista de quem ama o seu trabalho e sabe gozar as alegrias que este lhe proporciona.
Mesmo fora da esfera profissional, como o mau humor no trabalho pode, involuntariamente, alastrar-se à esfera familiar ou mais íntima! Uma coisa é chegar a casa cansado do trabalho e procurar um descanso natural, e outra coisa é descarregar as frustrações profissionais nos outros. Se, para além de amarmos o nosso trabalho, amarmos Deus e o próximo, o descanso necessário ajudará também a descansar os que nos são mais próximos na vida.
Trabalho amoroso
Quando se fala de amor ao trabalho, é necessário especificar que o termo amor contém um conceito análogo. Pode-se amar as pessoas, os animais, as coisas, as ideias, as atitudes, os sentimentos... mas não se ama da mesma maneira. O mais próprio do amor é amar as pessoas: entre elas, Deus. As outras aplicações do termo devem ser entendidas corretamente. Mas, com esta precisão, pode dizer-se que as outras coisas também são amadas.
Como explicou Bento XVI, o amor tem uma primeira dimensão de "eros": que engloba a atração, o desejo de posse. E uma segunda dimensão de "ágape": na medida em que o verdadeiro amor implica a doação, o dom, a entrega. Todo o amor tem uma proporção de cada um destes aspectos. O amor às pessoas, se for grande, implica uma boa dose de doação, até à doação total no amor conjugal. O amor às coisas e às ideias é, de forma dominante, um amor erótico: de posse e de gozo.
Mesmo assim, é legítimo chamar amor, dentro da analogia, ao que se tem, por exemplo, por um animal de estimação, um lugar (de nascimento, de vida familiar...), uma certa paisagem, a arte, o desporto, o futebol... Este amor é o que nos enche de alegria quando o podemos satisfazer, mesmo que isso exija esforço (chegar a um cume...) ou anos de preparação sacrificial (uma Olimpíada...).
Além disso, esse amor é também aquele que permite desenvolver mais perfeitamente a tarefa em questão. Por exemplo, um músico que não amasse a música nunca seria mais do que um pianista ou violinista medíocre; mesmo que tocasse as notas certas, faltar-lhe-ia "espírito" e expressividade; só um amor intenso pela música em si pode levar alguém a ser um músico extraordinário. Ou ainda, num outro domínio, só um bom caçador - um grande amante da caça - pode ser excelente nessa atividade. Os exemplos poderiam ser multiplicados.
Se se argumentar que estes exemplos se referem antes a passatempos ou gostos, mas não propriamente a empregos "profissionais", pode contrapor-se que trabalhar é uma condição humana quase universal, que se aplica de forma especial aos fiéis leigos da Igreja, como reflecte o Concílio Vaticano II em "...".Gaudium et spes". Neste contexto, João Paulo I chegou a escrever: "Francisco de Sales também defende a santidade para todos, mas parece ensinar apenas uma espiritualidade dos leigos, enquanto Escrivá quer uma espiritualidade laical. Ou seja, Francisco sugere quase sempre aos leigos os mesmos meios praticados pelos religiosos, com as devidas adaptações. Escrivá é mais radical: fala de materializar - no bom sentido - a santificação. Para ele, é o próprio trabalho material que deve ser transformado em oração". Todo o trabalho, mesmo intelectual, pressupõe - mais cedo ou mais tarde - resultados materiais que o comprovem. A referida materialização pressupõe amar, de certa forma, tanto o trabalho como a materialidade que ele contém.
A laboriosidade
Como já dissemos, a diligência é, precisamente, o amor pelo trabalho que cada um de nós tem de realizar. É certo que é possível trabalhar sem amor ao trabalho: como uma obrigação desagradável que não se pode deixar de cumprir. Não são poucas as pessoas que trabalham desta forma. Nesse caso, é muito difícil trabalhar com contentamento, e muito menos trabalhar com perfeição.
É claro que o amor (por Deus, pela família, pela pátria, pelo dinheiro...) pode ser posto em qualquer trabalho. E, nesse caso, o trabalho sacrificado e desagradável será feito com a alegria do cumprimento do dever, o que não é de pouca valia. Mas não é este amor que está implicado no conceito de laboriosidade, ainda que oculte uma certa relação com ele.
Na laboriosidade, ama-se o próprio trabalho - seja ele qual for. Ama-se o ato de trabalhar, a forma de o fazer e o seu fruto. E então o trabalho é profundamente gratificante. E, embora seja sempre possível fazer um trabalho sério e profissional, só com amor é que ele se realiza plenamente: só então é louvável. O amor a Deus ou ao família pode tornar um trabalho sacrificial e compensador, mas é difícil torná-lo humanamente agradável se não se ama o próprio trabalho.
Só o trabalho duro permite trabalhar perseverantemente, dia após dia, sem reconhecimento imediato (financeiro ou outro). E fazê-lo com total retidão de intenções, ou seja, sentir-se "pago" pelo simples facto de trabalhar, de realizar a tarefa, mesmo que ninguém o veja. Não se trata, evidentemente, de renunciar à remuneração devida, mas simplesmente de que o amor ao trabalho faz passar para segundo plano outros interesses materiais.
Como qualquer virtude, a diligência admite graus: é possível amar demasiado ou pouco o trabalho. De facto, é possível pecar contra esta virtude por excesso, se o trabalho chega a prejudicar a saúde ou o tempo devido à família ou a Deus. E também por defeito, quando a preguiça, a desordem ou a rotina transformam o trabalho numa mera "realização" material com repetidas imperfeições.
Ou seja, o amor ao trabalho deve ser ordenado, como tudo o resto. É geralmente a virtude da prudência, humana e sobrenatural, que se encarrega de colocar o trabalho no seu lugar, dentro da complexidade dos interesses que constituem a vida de uma pessoa. Não deve ser necessário esperar por indicações exteriores para se aperceber quando o trabalho está a desorganizar a própria vida.
Em suma, a pessoa diligente, para além de amar Deus e os outros no trabalho, ama o próprio trabalho: como meio, não como fim, mas ama-o. Negar esta dimensão amorosa à diligência é reduzi-la a um mero conjunto de orientações, na sua maioria negativas: não perder tempo, evitar a desordem, não adiar para amanhã o que deve ser feito hoje....
E na vida de qualquer ser humano, porque todas as virtudes estão unidas de certa forma, a laboriosidade facilita virtudes tão distantes, aparentemente, como a temperança: castidade, pobreza, humildade... Por outro lado, a ociosidade - o extremo oposto da laboriosidade -, como resume o ditado ascético, é a origem de muitos vícios.
O amor ao trabalho, juntamente com o amor a Deus e ao próximo, leva as pessoas à maturidade. Facilita essa maturidade humana que se manifesta nos pormenores concretos do espírito de serviço, da entreajuda, do altruísmo, do cumprimento das promessas, etc. Torna as pessoas mais humanas, em conclusão: "pelo seu saber e pelo seu trabalho, tornam mais humana a vida social, tanto na família como em toda a sociedade civil" (Concílio Vaticano II, "Gaudium et spes").
Por outro lado, o mesmo se passa com o trabalho e com outras realidades humanas. No caso de alguém que é obrigado a mudar de país, por motivos profissionais, familiares, etc., é importante - para ele - que aprenda a amar o novo país. Se a estadia durar anos e ele não vier a amar os costumes, o carácter e os modos do lugar, será sempre um desajustado. Será muito difícil para ele ser feliz a viver num ambiente que não ama, ou mesmo que rejeita. Da mesma forma, um caso paralelo seria o de alguém que é forçado a mudar de emprego e a assumir uma nova tarefa que, no início, não lhe parecia atractiva: mais ou menos rapidamente, teria de começar a apreciá-la e a amá-la, ou então estabilizaria como um eterno infeliz.
Trabalho e santificação do trabalho
É bem conhecido o ensinamento de S. Josemaría Escrivá, tantas vezes por ele exposto, sobre a santificação do trabalho e da vida corrente, tendo em conta a chamada à santidade a que todos os baptizados são chamados. Segundo as suas próprias palavras: "para a grande maioria das pessoas, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no seu trabalho e santificar os outros através do seu trabalho, e assim encontrar Deus no caminho da sua vida".
No mesmo livro que acabámos de citar, o entrevistador pergunta-lhe o que São Josemaria entende por "trabalho santificador", já que as outras expressões são mais fáceis de interpretar. Responde que todo o trabalho "deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição possível: ...humana... e cristã... Porque assim feito, esse trabalho humano, por mais humilde e insignificante que pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da Redenção do mundo".
Além disso, "a santidade pessoal (santificar-se no trabalho) e o apostolado (santificar-se através do trabalho) não são realidades que se realizam por ocasião do trabalho, como se o trabalho lhes fosse exterior, mas precisamente através do trabalho, que é assim enxertado na dinâmica da vida cristã e, portanto, chamado a santificar-se em si mesmo".
Tendo em conta estas afirmações, é evidente que quem ama o seu trabalho encontrará na sua execução um duplo motivo de satisfação: o trabalho em si e a convicção de que, com ele, não só está a percorrer o caminho da santidade, mas que o trabalho que ama é como que o "motor" para avançar nesse caminho. Sempre com a graça de Deus, é claro.
Perante estas afirmações, poder-se-ia perguntar: como é possível santificar o trabalho se não o amamos? Porque não se trata de uma santificação subjectiva - santificar-se no trabalho - mas de santificar o exercício e a componente material do próprio trabalho: de santificar essa cooperação com a ação criadora divina, que deixou a criação "incompleta" para que o homem a aperfeiçoasse com o seu trabalho.
E, inversamente, como pode um cristão não amar esta tarefa divino-humana de aperfeiçoar o mundo, contribuindo para a sua redenção em união com Jesus Cristo, "cujas mãos se exercitaram no trabalho manual e que continua a trabalhar para a salvação de todos em união com o Pai". Com este amor, "o homem e a mulher (...) desenvolvem com o seu trabalho a obra do Criador, servem o bem dos seus irmãos e contribuem de modo pessoal para a realização dos desígnios de Deus na história".
Por isso, São Josemaria acrescenta: "Vemos no trabalho - na nobre labuta criadora dos homens e das mulheres - não só um dos mais altos valores humanos, um meio indispensável de progresso... mas também um sinal do amor de Deus pelas suas criaturas e do amor dos homens entre si e por Deus: um meio de perfeição, um caminho de santidade. É isto, no fundo, o que o trabalhador ama quando ama o seu trabalho.
Porque o trabalho é um meio e não um fim, como já dissemos. O fim é Jesus Cristo, a instauração do Reino de Deus: a Igreja, enquanto estivermos neste mundo. Mas como será difícil atingir o fim para aqueles que não amam os meios para o alcançar! O próprio Jesus, em obediência ao Pai, amou a sua Paixão e Morte como caminho para a Redenção dos homens. Embora não se possa dizer que Cristo amou a dor em si mesma, pode-se dizer que Ele morreu amando a Cruz e os pregos que O prendiam a ela, como instrumentos da Vontade do Pai.
"O suor e a fadiga, que o trabalho implica necessariamente na atual condição humana, oferecem ao cristão (...) a possibilidade de participar na obra que Cristo veio realizar. Esta obra de salvação foi realizada através do sofrimento e da morte na cruz. Ao suportar as fadigas do trabalho em união com Cristo crucificado por nós, o homem colabora de certo modo com o Filho de Deus na redenção da humanidade. Ele mostra-se verdadeiro discípulo de Jesus carregando a sua cruz quotidiana no trabalho que foi chamado a realizar". (S. João Paulo II, "Laborem ecvercens").
Mais uma vez, só o amor a esse trabalho transformará a dor e o trabalho árduo, não só numa realidade redentora, mas numa realidade profundamente satisfatória: como Cristo morre contente por dar a sua vida pela humanidade. O contrário, sofrer em desgosto e em negação, não é próprio de Cristo nem do seu discípulo.
As dificuldades
O objetivo é grande e, como tal, implica muitas dificuldades. Muitas delas são externas: circunstâncias adversas, concorrência leal ou desleal, limitações de saúde... e mil outras razões que não dependem da vontade de quem trabalha. Mas não são as únicas, nem as mais difíceis. No interior do sujeito humano, produzem-se os conflitos mais estreitamente relacionados com esta laboriosidade, de que temos estado a falar.
O Papa Francisco resume em poucas páginas de singular clarividência os problemas "interiores" que surgem na tarefa ministerial. Dirige-se aos sacerdotes, mas as suas considerações são válidas em qualquer domínio. Se "não estão felizes com quem são e com o que fazem, não se sentem identificados com a sua missão". ("Evangelii Gaudium"). "Não se trata de um cansaço feliz, mas de um cansaço tenso, pesado, insatisfatório e, no final, inaceitável". "É assim que se cria a maior ameaça, que é 'o pragmatismo cinzento da vida quotidiana'... desenvolve-se a psicologia do túmulo... que nos transforma em pessimistas queixosos, desencantados e com cara de vinagre". Parece muito negativo, talvez exagerado, mas é uma caricatura daquele trabalhador que não está contente com o que faz, que se sacrifica mas sem amor: sem amor a Deus e ao próximo, e sem amor àquela tarefa concreta que a vontade de Deus - muitas vezes através de intermediários humanos - colocou nas suas mãos.
É evidente que o trabalho árduo - o amor pelo trabalho - não é muitas vezes suficiente para resolver os problemas. Há obstáculos que podem permanecer intransponíveis por enquanto. Nestes casos, não há nada a ganhar com queixas e reclamações; mas se tentarmos amar a situação - o trabalho e as suas circunstâncias - um pouco mais todos os dias, acabaremos por conseguir reduzir significativamente o desconforto que sofremos e que comunicamos aos outros. Dá-se uma circularidade bem conhecida: o amor facilita a dedicação e o sacrifício, e estes aumentam cada vez mais o amor. Como qualquer virtude, a diligência desenvolve-se e cresce precisamente na infirmitate: na provação e na fraqueza (cf. 2 Cor 12, 9).
"Somos chamados a ser pessoas-cântaros para dar de beber aos outros"; a difundir entre os que nos rodeiam a esperança e a alegria que nenhuma obra custosa pode diminuir, se aprendermos a amá-la com a ajuda de Deus. Porque, embora seja uma virtude humana, só a caridade sobrenatural nos permite alcançar aquela altura que, para além das razões da lógica, nos faz superar qualquer inconveniente humano. "Quando compreenderes este ideal de trabalho fraterno por Cristo, sentir-te-ás maior, mais firme e mais feliz do que podes ser neste mundo" (S. Josemaría Escrivá, "Sulco").
E depois não só diz, como São Martinho, "non recuso laborem" ("não recuso o trabalho"), mas agradece a Deus por poder trabalhar sempre, todos os dias, até ao último dia da sua vida.
Conclusão
O que é dito sobre a diligência e o trabalho oferece um claro paralelo com outras dimensões da vida humana. Por exemplo, a piedade: a pessoa piedosa ama tudo o que a aproxima de Deus e dos seus pormenores. A oração será mais ou menos frutuosa, talvez até seca por vezes, mas não se importa: sabe ser feliz na presença de Deus, mesmo que não "sinta" nada. Se não for piedoso, cada ação litúrgica ser-lhe-á pesada e longa, mas se amar a Deus, fá-la-á por Ele, com um sacrifício que tem valor em si mesmo. Mas só se for piedoso - se amar os gestos e as palavras - é que desfrutará das suas próprias orações e das orações litúrgicas.
A conhecida parábola dos talentos (cf. Mt 25, 14-29) ensina-nos que aquele que recebeu apenas um talento não amava a tarefa que lhe tinha sido confiada pelo seu mestre. Pelo contrário, os outros dois, entusiasmados com os talentos que tinham recebido, souberam fazê-los frutificar. Amaram a tarefa que lhes foi confiada e dela tiraram fruto.
O trabalho árduo é a virtude que nos ensina a amar o trabalho que Deus dispõe para a nossa vida e nos ajuda a dar os frutos que Deus espera. Temos de aprender a ser laboriosos, como tantas outras virtudes; mas, uma vez aprendida, dá-nos uma satisfação íntima no que fazemos, o que nos ajuda a ser felizes.