Argumentos

Isaías e Advento: o mistério da Encarnação

O autor propõe para cada semana do Advento um versículo-chave do livro de Isaías, a fim de captar a essência da mensagem deste tempo litúrgico e de facilitar um percurso espiritual que nos aproxime do coração de Cristo.

Rafael Sanz Carrera-15 de dezembro de 2024-Tempo de leitura: 2 acta
Advento

(Unsplash / Myriam Zilles)

Durante o tempo litúrgico do Advento, três figuras bíblicas destacam-se de forma especial: o profeta IsaíasJoão Batista e Maria de Nazaré. Nesta reflexão, centrar-nos-emos na figura de Isaías. Desde a antiguidade, uma tradição universal reservou às suas palavras muitas das primeiras leituras deste tempo. Talvez porque, nele, a grande esperança messiânica ressoa com uma força única, oferecendo um anúncio perene de salvação para a humanidade de todos os tempos.

Ao contemplarmos as leituras para o tempo de Advento deste ano (ciclo C), apercebemo-nos da presença abundante de Isaías. Embora possa parecer ambicioso, tenciono selecionar, para cada semana do Advento, um dos textos que nos são propostos, juntamente com um versículo-chave. Desta forma, espero captar a essência da mensagem do Advento e facilitar um percurso espiritual que nos aproxime do seu coração.

Terceira semana do Advento

Nesta terceira semana do Advento, encontramos duas leituras-chave de Isaías:

  • Domingo (Salmo): Isaías 12, 2-6 - Ação de graças pela salvação que Deus oferece.
  • Sexta-feira: Isaías 7, 10-14 - Anúncio do nascimento do Emanuel, "Deus connosco".

Profecia e versículo-chave (3ª semana)

Dos dois textos de Isaías que são lidos na terceira semana do Advento, Isaías 7,10-14 destaca-se pela sua especial relevância. Esta passagem contém uma das mais significativas profecias messiânicas do Antigo Testamento, antecipando a vinda do Emanuel: "Porque o Senhor vos dará um sinal por sua própria causa. Eis que a virgem está grávida e vai dar à luz um filho, a quem chamará Emanuel" (Is 7,14).

Razões para a escolha da profecia e do versículo.

  1. Profecia messiânica do nascimento virginal. Esta passagem contém uma das mais importantes profecias messiânicas do Antigo Testamento. A promessa de um menino nascido de uma virgem, chamado "Emanuel" ("Deus connosco"), aponta diretamente para o nascimento de Jesus Cristo. Este cumprimento reflecte-se no Novo Testamentoonde Mateus 1, 22-23 cita este versículo para mostrar que o nascimento virginal de Jesus é o cumprimento da profecia de Isaías.
  2. Cumprimento em Jesus. A profecia do nascimento virginal em Isaías 7, 14 cumpre-se na Encarnação de Jesus. Mateus 1, 22-23 cita explicitamente este versículo para mostrar que o nascimento de Jesus da Virgem Maria é o cumprimento desta antiga profecia. O nascimento virginal é importante para realçar a natureza divina de Cristo.
  3. Emmanuel, Deus connosco. A promessa do Emanuel, "Deus connosco", indicava que o próprio Deus viria habitar com o seu povo. Em Jesus, Deus não só actua do alto, mas torna-se presente no meio da humanidade para a redimir. Esta verdade ressoa profundamente no Advento, que é um tempo de preparação para a celebração do nascimento de Cristo, o Emanuel.
  4. Necessidade de preparação. A profecia também salienta a necessidade de preparação espiritual para a vinda do Senhor.

Em suma, Isaías 7,14 é central porque profetiza o mistério da Encarnação, o acontecimento crucial do Advento. O sinal da Virgem e o nascimento de uma criança que trará a presença de Deus são centrais para a mensagem de salvação que o Natal celebra. Em Jesus Cristo, através do seu nascimento virginal e da sua identidade como Emanuel, Deus connosco, a profecia de Isaías cumpre-se, trazendo à humanidade o dom supremo da proximidade divina e da redenção.

O autorRafael Sanz Carrera

Doutor em Direito Canónico

Boletim informativo La Brújula Deixe-nos o seu e-mail e receba todas as semanas as últimas notícias curadas com um ponto de vista católico.