As montanhas aparecem frequentemente na Bíblia como lugares de encontro com Deus. Moisés e Elias, que entram no Evangelho de hoje falando com Jesus, tiveram encontros com Deus numa montanha.
As montanhas representam respirar ar fresco, afastar-se da azáfama da vida, ter uma visão mais ampla e contemplar a beleza da criação.
A oração é uma montanha: escapamos à correria do dia a dia para respirar em Deus, elevamo-nos acima dos acontecimentos quotidianos para nos encontrarmos com o Senhor, para vislumbrarmos a sua glória e a sua beleza. Mas também podem ser lugares de provação.
A primeira leitura mostra Abraão a levar o seu filho Isaac para a montanha, pronto para o matar como oferta ao Senhor, em obediência ao que Deus lhe tinha ordenado, embora no final Deus não exija o sacrifício. Era simplesmente um teste à fé de Abraão.
Neste mesmo monte, séculos mais tarde, o Pai celeste oferecerá o seu Filho, Jesus, como sacrifício pela nossa salvação, exigindo de si próprio o que não pediu a Abraão.
"Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, subiu com eles a um monte alto e transfigurou-se diante deles.". Como explicou o Papa Bento XVI, não se trata de uma luz projectada em Jesus, mas de uma luz que vem dele.
"Deus de Deus, luz da luz"É um vislumbre da luz que Jesus tem, que ele é. Mas esta luz era tão cativante que Pedro quis prolongar a experiência. Isto dá-nos uma ideia da alegria e da beleza do céu, onde viveremos para sempre à luz do Cordeiro (Ap 21,23).
No entanto, na descida da montanha "ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos.". Este vislumbre de glória é uma antecipação da Ressurreição, mas para a alcançar, Cristo deve passar pela sua Paixão, pela montanha do Gólgota.
No fim, se permanecermos fiéis, veremos Jesus, o Cordeiro de Deus, glorificado no monte da Jerusalém celeste (Ap 21,9-10.22).
Para chegar a esta montanha gloriosa, temos de subir a montanha da oração e estar dispostos a enfrentar a montanha da provação, obedecendo a Deus mesmo quando não compreendemos o que ele nos pede.
Homilia sobre as leituras do segundo domingo da Quaresma
O sacerdote Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliaUma breve reflexão de um minuto para estas leituras dominicais.