Evangelho

As tentações de Cristo. Primeiro Domingo da Quaresma

Joseph Evans comenta as leituras do primeiro domingo da Quaresma e Luis Herrera faz uma breve homilia em vídeo.

Joseph Evans-15 de fevereiro de 2024-Tempo de leitura: 2 acta

As leituras da Missa de hoje têm um claro sentido ecológico. A primeira leitura leva-nos ao tempo que se seguiu ao dilúvio. O dilúvio terminou, Noé saiu da arca e Deus faz uma aliança com toda a criação. Promete não voltar a destruir o mundo e faz do arco-íris o sinal da sua promessa. 

O Evangelho da Missa de hoje é a versão de Marcos das tentações de Cristo no deserto, e esta versão é a mais curta de todas. Apresenta-nos simplesmente um resumo. Lemos: "Depois, o Espírito conduziu-o ao deserto. Ficou quarenta dias no deserto, sendo tentado por Satanás; vivia com os animais selvagens e os anjos serviam-no".

Aqui, cada palavra conta. E tem também uma vertente ambiental. O Espírito Santo não nos leva de volta a Noé, mas a Adão e Eva. Jesus é apresentado como o novo Adão. Não está num jardim, mas num deserto, porque o pecado de Adão e Eva estragou o jardim e transformou-o num deserto. E, em vez dos animais com que os nossos primeiros pais viviam em paz, temos animais selvagens. Os animais pacíficos tornaram-se animais selvagens. Assim, a cena é de desolação: o belo e pacífico Éden é agora um deserto estéril com animais selvagens. E tal como Satanás estava lá no Éden a tentar Adão e Eva, aparece agora para tentar Jesus.

Jesus aparece aqui muito na sua humanidade. Parece ter posto de lado a sua divindade. É por isso que precisa do apoio dos anjos bons. O demónio volta aos seus velhos hábitos. Tal como fez com que Adão e Eva comessem avidamente o fruto, tenta agora fazer com que Jesus transforme avidamente pedras em pão. Mas Jesus resiste e, ao fazê-lo, ensina-nos a resistir às tentações de Satanás.

Jesus está aqui, no deserto, transformando-o de alguma forma num paraíso. E o seu triunfo final revelar-se-á no jardim da Ressurreição. É como um novo e melhor Éden. A obra de salvação de Cristo é, em primeiro lugar, para os seres humanos, mas também afecta toda a natureza. Tal como a salvação que Deus concedeu a Noé incluía uma relação nova, renovada e mais respeitosa com a criação, Deus prometeu até ser ele próprio mais respeitoso para nos ensinar a fazer o mesmo. Tal como Deus descansou o Sábado para nos ensinar a fazer o mesmo.

Por isso, as leituras de hoje falam-nos do Jardim do Éden e do mundo depois de Noé. Falam-nos de respeitar a criação e de não abusar dela. Dizem-nos que, se quisermos regressar ao jardim, espiritualmente falando, temos de respeitar a criação. Para que o mundo seja mais um jardim com Deus do que um deserto com Satanás, temos de aprender a dizer não a nós próprios e a limitar o nosso consumo.

Homilia sobre as leituras do primeiro domingo da Quaresma

O sacerdote Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliaUma breve reflexão de um minuto para estas leituras dominicais.

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