Na época de Jesus, os fariseus e os saduceus eram dois grupos de Israel que tinham visões radicalmente opostas do judaísmo. Como aprendemos mais tarde nos Actos dos Apóstolos: "(Os saduceus afirmam que não há ressurreição, nem anjos nem espíritos, enquanto os fariseus admitem ambos)". (Actos 23:8). Os saduceus eram como os liberais modernos: acreditavam muito pouco e eram muito mundanos. Mas tinham conseguido ocupar as posições mais altas na vida de Israel nessa altura. Os saduceus eram a classe sacerdotal e deles provinha o Sumo Sacerdote. Os fariseus pretendiam ser um movimento reformador no seio de Israel, com um profundo apego e zelo pela Lei. Mas este zelo conduziu à rigidez e até ao fanatismo. Pode parecer surpreendente que Jesus tenha sido mais duro com os fariseus. Porque é que não atacou os saduceus, mundanos e corruptos? Provavelmente porque pensava que havia pouca esperança de que se convertessem. Mas a força das repreensões de Cristo contra os fariseus sugere que ele pensava que havia uma hipótese de pelo menos alguns deles se converterem. De facto, o mais famoso convertido de todos, S. Paulo, era fariseu.
Muito ocasionalmente, apesar da sua oposição geral uns aos outros, aliaram-se contra Jesus. No evangelho de hoje, ficamos a saber como os fariseus, ao ouvirem que Jesus tinha silenciado os saduceus, se aliaram contra Jesus, "conheceu". para tentar apanhá-lo, para "pô-lo à prova". A mesma palavra, "prova", é utilizada para a tentação do demónio sobre Jesus no deserto. Perguntaram a Jesus qual era o maior mandamento. Na altura, havia discussões sobre esta questão entre as diferentes escolas rabínicas. Mas, tal como na tentação sobre o pagamento ou não de impostos a César, a resposta de Jesus vai ao cerne da questão, ao princípio essencial. Apoiando-se na revelação do Antigo Testamento, Nosso Senhor ensina que o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas e o segundo, sua contrapartida, é amar o próximo como a si mesmo. A resposta não é seguir uma regra específica, mas o amor que inspira as regras.
É claro que o amor conduz a certas acções boas e a evitar as más. A primeira leitura indica uma série de más acções a evitar: tratar mal os estranhos, tratar mal os órfãos e as viúvas, exigir juros excessivos, etc. O amor não faz mal e esforça-se certamente por se afastar das más acções. Mas a tónica deve ser colocada no amor a que aspiramos e não na norma a seguir. Trata-se de uma distinção subtil mas importante: a busca do amor não significa abandonar todas as regras. Não se trata de ceder à permissividade: de facto, algumas das chamadas formas de amor não são, de todo, amor verdadeiro. É antes uma questão de prioridade, do que realmente pretendemos em cada ato: amar ou seguir uma regra. O objetivo final deve ser agir com amor e não apenas com razão.
Homilia sobre as leituras de domingo 30º Domingo do Tempo Comum (A)
O sacerdote Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliaUma breve reflexão de um minuto para estas leituras dominicais.