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Cardeal Grech: o desafio da comunicação na viagem sinodal

O processo sinodal coloca muitos desafios para a Igreja, sendo um dos principais a comunicação. O Cardeal Grech falou em Roma sobre esta aventura que envolve "caminhar juntos".

Giovanni Tridente-18 de Dezembro de 2022-Tempo de leitura: 3 acta
Monsenhor Grech

O Cardeal Grech durante a apresentação do livro (Flickr / Pontifícia Universidade da Santa Cruz)

O processo sinodal actualmente em curso na Igreja tem muitos desafios pela frente, e vários deles dizem também respeito à comunicação e à forma como o progresso desta "viagem em conjunto" é divulgado nos meios de comunicação social. Isto foi afirmado pelo Cardeal Mario Grech, Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, no seu discurso na Universidade da Santa Cruz, em Roma, para apresentar o livro Uma Igreja em diálogopublicado pela Faculdade de Comunicação por ocasião do seu 25º aniversário. Estes desafios representam, ao mesmo tempo, uma oportunidade para aprender a "comunicar eficazmente o Sínodo", sabendo que o diálogo deve estar no centro desta comunicação.

Entre os elementos de dificuldade que o Cardeal prevê e que todos puderam experimentar nestes primeiros meses do novo ano estão viagem sinodalMuitos foram identificados pelo próprio Papa Francisco na abertura do Sínodo em Outubro de 2021: "o risco do formalismo, ou seja, de se concentrar no processo; o risco do intelectualismo", ou seja, de ver o Sínodo como "uma espécie de grupo de estudo" no qual "as pessoas habituais dizem as mesmas coisas antigas". De acabar por seguir as divisões ideológicas e partidárias habituais e infrutíferas"; e o risco de complacência ou indiferença, de "não levar a sério os tempos em que vivemos".

Leituras negativas

Há também as "leituras negativas" que apresentam o processo como algo "concebido para impor mudanças na doutrina", sugerindo que tudo já está decidido desde o início; ou a ideia - generalizada entre outros grupos - de que no final a consulta não conduzirá a qualquer mudança real, sem qualquer proposta de acção, mas apenas a uma discussão estéril: 

"Isto também levanta questões importantes do ponto de vista da comunicação sobre a gestão das expectativas relativamente aos resultados do Sínodo", comentou Grech.

Outros receios incluem o risco da Igreja se tornar ainda mais voltada para o interior, numa espécie de auto-referencialidade sobre questões internas, quando em vez disso deveríamos "olhar para o mundo, proclamando o Evangelho às periferias e empenhando-nos no serviço aos necessitados".

"O reconhecimento destas interpretações erradas é o primeiro passo para responder eficazmente", explicou o Presidente do Sínodo dos Bispos.

Como comunicar eficazmente?

Como pode, então, a Igreja sinodal ser comunicada eficazmente? Uma das chaves pode vir da "renovação da nossa missão evangélica, para dar testemunho da Igreja 'hospital de campo' que somos chamados a ser", reflectiu o Cardeal. É necessário, portanto, a capacidade - também comunicativa - de mostrar uma Igreja capaz de acompanhar as pessoas do nosso tempo, servindo por exemplo as pessoas que estão "feridas nas nossas estradas, e também nas ruas digitais", e sem cair em particularismos.

No centro deste processo deve estar o diálogo, que inevitavelmente "começa com a escuta". De facto, "só prestando atenção a quem ouvimos, ao que ouvimos e como ouvimos podemos crescer na arte de comunicar", cujo núcleo não é uma teoria ou uma técnica, mas "a abertura do coração que torna possível a proximidade", acrescentou o Cardeal, citando o Papa Francisco na sua Mensagem para o último Dia Mundial das Comunicações.

Foi novamente o Pontífice na abertura do Sínodo que recordou que "o verdadeiro encontro nasce apenas da escuta" e da escuta com o coração, através do qual "as pessoas se sentem ouvidas, não julgadas; sentem-se livres para contar as suas próprias experiências e a sua própria viagem espiritual".

Para um encontro autêntico

Outro aspecto realçado por Grech é a empatia, a capacidade de "sentir com os outros", essencial para o crescimento do diálogo, para encontrar pessoas onde vivem "e assumir que as suas opiniões são fruto de intenções positivas". Deste modo, o encontro e a escuta são verdadeiramente autênticos; uma responsabilidade, a propósito, que pertence a todos os baptizados, entendendo que o diálogo "significa também resistir a ideologias pré-estabelecidas sem se deixar realmente interpelar, se não mesmo perturbar, pela palavra do outro".

No final, é preciso ter paciência e estar à vontade nas tensões que inevitavelmente se tem de enfrentar, "não confiando apenas nas próprias capacidades, mas invocando sempre a assistência do Espírito Santo", concluiu o Cardeal.

O autorGiovanni Tridente

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