Recursos

5 chaves para aproveitar ao máximo a comunhão eucarística

Receber a comunhão é receber verdadeiramente Deus. Por isso, a preparação e a ação de graças por este dom ajudam-nos a tirar o maior fruto de cada uma das vezes que recebemos o Senhor sacramentalmente. Neste artigo, o autor passa em revista cinco chaves ou pontos que nos ajudam a viver a comunhão da melhor maneira possível.

Juan Luis Selma-13 de junho de 2024-Tempo de leitura: 5 acta
5 chaves para aproveitar ao máximo a comunhão eucarística

O Cardeal Wilton Gregory, de Washington, dá a comunhão a uma rapariga ©OSV News photo/Mihoko Owada, Catholic Standard

O grandes catedrais foram construídos pelos nossos anciãos para albergar o Corpo de Cristo. São, tal como as igrejas, a casa de Deus. 

Lembro-me das palavras que adornavam o lintel da entrada da igreja paroquial da minha aldeia: Domus Dei. Entrámos na casa de Deus, e o lugar mais precioso e importante era o tabernáculo. Foi assim que me ensinaram em criança.

O Eucaristia é o tesouro da Igreja, o dom mais precioso de Deus à humanidade. Nele estão presentes o Corpo e o Sangue de Cristo, o Filho de Deus vivo, o próprio Deus feito homem.

Pão comum e pão eucarístico. 

Em todos os sacramentos, como na vida de Jesus, há uma dimensão humana e divina, visível e invisível. A matéria, como o pão e o vinho, revela-nos a graça que contém. Tal como o pão alimenta o corpo, também o Pão Eucarístico alimenta a alma. Embora pareça pão, é o Corpo de Cristo. E isto é assim porque Ele próprio o disse: "Toma e come, este é o meu corpo", "Toma e bebe, este é o cálice do meu sangue".E isso foi dito pelo Filho de Deus, Jesus, que não pode mentir nem falhar.

Perguntei às crianças da primeira comunhão porque é que queriam receber a comunhão. A resposta foi "para receber o Senhor". Uma rapariga disse que a Eucaristia era um banquete e um sacrifício. Acreditamos firmemente que, na sacramentosHá um mistério, algo que não podemos ver com os nossos olhos. A presença de Cristo na Eucaristia é real, mas sacramental.

Há uma diferença misteriosa mas real entre o pão comum e o pão eucarístico. Quando nos aproximamos do altar, devemos saber e acreditar que não estamos a receber um biscoito, mas Deus escondido sob as espécies de pão e de vinho.

Assimilar a Eucaristia 

Há uma diferença entre o desejo e a realidade. Por exemplo, posso gostar da ideia de voar, mas se me atirar de uma janela do décimo andar, vou magoar-me gravemente. O mesmo acontece com a comunhão. 

Posso estar desejoso de receber o Corpo de Cristo, mas se não estiver preparado para ele, pode ser-me prejudicial. Tal como algumas pessoas têm uma intolerância a certos alimentos, eu posso ter um impedimento para assimilar a Eucaristia.

Para receber o Senhor com fruto, é preciso ter fé na sua presença divina e estar na graça de Deus. Isto significa não ter nenhum obstáculo que me impeça de o assimilar, ou seja, o pecado. O pecado é o afastamento voluntário de Deus, a renúncia à sua amizade, de forma mais ou menos consciente. Não é necessário ter a intenção ou o desejo de ofender Deus; basta cometer actos que me afastam dele.

A Escritura ensina-nos que quem come e bebe indignamente o corpo e o sangue do Senhor torna-se culpado da sua condenação (1 Cor 11, 27-29). Por isso, a Igreja pede-nos que nos confessemos antes da comunhão se tivermos consciência de ter cometido algum pecado grave, como o adultério, o homicídio, a idolatria, o roubo, a mentira, etc. (Catecismo da Igreja Católica, n. 1857-1861).

Uma vez, uma menina perguntou-me porque é que há filas para a comunhão e não há filas para a confissão. Senti que a comunhão e a confissão estavam relacionadas. É preciso pôr-se num estado recetivo para receber a comunhão, é preciso preparar-se para receber o Rei dos reis, Deus. 

É um alimento tão forte e poderoso que temos de estar preparados de corpo e alma. 

Deus é o bem supremo, todo bondade e luz, harmonia completa. Para o recebermos na nossa alma, é necessária uma preparação, uma adaptação. É a graça, o brilho da sua presença, que nos prepara para esse encontro sublime. Se juntarmos todo o calor e toda a luz com a escuridão e a frieza de uma alma afastada de Deus, não há contacto possível. O que é preciso é uma preparação, uma adaptação, um treino que vem com o sacramento da reconciliação.

Preparação do corpo

Não somos espíritos puros; o homem é um ser único, com alma e corpo. A santidade da alma, a sua limpeza, não é suficiente para nos aproximar do Eucaristia. O corpo também tem de ser preparado. Jesus entra em nós, recebemos o seu corpo como alimento espiritual, como o pão supremo. 

A Igreja, desde os tempos mais remotos, considerou que este alimento espiritual não devia ser misturado com a alimentação corporal; por isso, recomenda o jejum eucarístico, que antigamente consistia em abster-se de qualquer alimento sólido ou líquido desde a noite anterior. Atualmente, é prescrito pelo menos uma hora antes da comunhão.

Segundo o santo Tomás de AquinoO jejum eucarístico baseia-se em três razões principais: o respeito pelo sacramento, o significado de que Cristo é o verdadeiro alimento e evitar o perigo de o poder devolver.

Além disso, é também importante um certo asseio e dignidade do corpo: asseio pessoal, limpeza e cuidado com o vestuário. Não nos podemos esquecer que vamos encontrar o Senhor do Universo, o Rei dos reis, que, embora não se importe com as aparências, merece respeito. 

Outra questão é a maneira de receber o Senhor em sacramento. Antigamente, isso era feito sempre de joelhos e na boca, em sinal de adoração, em sinal de fé e de respeito. Agora há outras possibilidades, como a de receber a comunhão na mão; isso não é novidade, no passado também se fazia assim. O importante é que estejamos conscientes do que estamos a fazer e que o façamos com o maior amor possível. Ele merece-o.

União a Cristo e com ele aos outros

O fim do comunhão não é simplesmente receber o Corpo de Cristo como se fosse um objeto: uma medalha, por exemplo. Recebemos Jesus vivo e vivificante, todo o seu amor. 

Comunhão é um encontro que pode transformar-nos, pode mudar a nossa vida: curar o nosso egoísmo, abrir o nosso coração aos outros, reforçar a nossa fraqueza. É o instante estelar, a conjunção astral, a fusão nuclear.

É uma oportunidade de segurar a mão de Cristo, de escutar as suas palavras, de se identificar com ele. Isto requer silêncio, recolhimento e intimidade. Depois da comunhão, a Igreja pede-nos um silêncio sagrado.

Neste momento, cumpre-se o desejo de Jesus, o seu pedido de unidade ao Pai: "Pai Santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que sejam um, como nós somos um". É o sacramento da união, com Deus e com os irmãos. A comunhão bem utilizada dá-me os sentimentos de Cristo de amor ao Pai e de doação da vida pelos irmãos. 

Na catequese, as crianças devem ser ajudadas a preparar o que vão dizer a Jesus, que é o seu melhor amigo, e a ouvi-lo. 

A pedra de toque: depois da missa

Quando me perguntam qual é o momento mais transcendental da missa, mesmo sabendo que é a consagração, respondo que é a saída para a rua. 

Numa missa eficaz, numa comunhão eucarística viva, não só o pão e o vinho se transformam no sangue de Cristo, mas também nós somos transformados. 

Somos agora outros Cristos, como diz S. Paulo. É por isso que a missa termina com ite misa est, com a missão. Agora, com Cristo, assimilados a Cristo, com os seus sentimentos e os seus olhos, com as suas mãos, para transformar o mundo.

É preciso notar que recebemos a comunhão. O Sangue de Cristo derramado, o seu Corpo comido, tem uma eficácia enorme de que ainda não temos consciência. O objetivo da comunhão não é receber Cristo, é ser outro Cristo. A graça infinita da comunhão tem uma energia, um poder ilimitado e transformador. Uma só comunhão pode tornar-nos santos.

O quinta-feira santa Jesus institui a Eucaristia ao antecipar a sua entrega de sexta-feira, o derramamento do seu sangue. Depois de revivermos os acontecimentos pascais na Missa, somos capazes de nos entregarmos aos outros, à missão, para vivermos em união quotidiana com Cristo. 

A comunhão é um mistério de unidade com Deus, com a Igreja e o mundo, connosco próprios. "Podes ir em paz" diz o padre, é o ite missa estVai em paz contigo mesmo, vive o que celebraste, transmite-o aos outros. 

O autorJuan Luis Selma

Capelão do Colégio Ahlzahir, Córdova (Espanha)

Boletim informativo La Brújula Deixe-nos o seu e-mail e receba todas as semanas as últimas notícias curadas com um ponto de vista católico.