Normalmente esperamos que o Antigo Testamento seja bastante duro, e que o Novo Testamento seja mais suave e gentil. Mas as leituras de hoje parecem ser exactamente o oposto. A primeira leitura é um texto encantador que nos mostra a nova ordem que o Messias trará: os animais viverão em paz uns com os outros, mesmo aqueles que muitas vezes comem ou prejudicam os outros. Os lobos estarão em paz com os cordeiros, as crianças com cobras venenosas. Ele conclui: "Ninguém fará mal ou destruirá na minha montanha sagrada".
Em vez disso, o Evangelho parece mais uma passagem dura do Antigo Testamento. São João Baptista adverte os governantes judeus de retribuição, de julgamento com castigo para vir. O machado é colocado na base da árvore, e pronto para começar a ser cortado, porque "cada árvore que não dá bons frutos é cortada e atirada ao fogo".. Cristo é descrito como um agricultor pronto a separar o bom trigo do joio, que é o seu revestimento exterior. O trigo será trazido para o celeiro de Deus, onde "queimará o joio com uma fogueira que não se apagará".
Porque é que o Evangelho é tão difícil? Devemos recordar que o Baptista está a falar aos governantes judeus, muitas vezes hipócritas. E as poucas vezes que vemos Jesus falar tão duramente é quando ele se dirige a eles. De facto, parece que as únicas coisas que enfurecem Cristo são a hipocrisia, a dureza de coração e a arrogância. Jesus não quer saber das fraquezas. O que lhe interessa é o coração duro e orgulhoso.
João adverte os escribas e fariseus para se arrependerem, e diz-lhes: "E não vos justifiqueis interiormente, pensando: 'Temos Abraão como nosso pai. Porque verdadeiramente vos digo, Deus é capaz de criar crianças para Abraão a partir destas pedras".. Um aviso contra a arrogância presunçosa, que é uma doença espiritual comum, também entre os católicos. "Estou bem ligado. Venho de uma conhecida família católica. O meu tio é um padre.
João ensina que Jesus baptiza com o Espírito Santo e com fogo. Se procurarmos ser honestos com Cristo e connosco próprios, este é um fogo purificador, como o fogo que queima as imperfeições do ouro. As provações e dificuldades da vida podem ser um fogo purificador. Quanto melhor os aproveitarmos, menos precisamos de atravessar o fogo do purgatório. Portanto, não fujamos nem rejeitemos as dificuldades da vida. Façamos melhor uso espiritual deles.
Em última análise, o Evangelho fala-nos da importância da humildade e da sinceridade. Para sermos honestos connosco próprios, com Deus, com os outros e com os representantes de Deus. Para não dar uma falsa impressão de nós próprios. Rejeitar todo o espectáculo. Fazemo-lo sobretudo através da confissão e da direcção espiritual, na qual enfrentamos e aceitamos a nossa miséria. Desta forma, abrimo-nos à cura e à graça de Deus.
A homilia sobre as leituras do Segundo Domingo do Advento
O sacerdote Luis Herrera Campo oferece a sua nanomiliauma breve reflexão de um minuto para estas leituras.