Vaticano

O Papa institui o ministério do catequista: "Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente".

O Papa Francisco institui através do novo "motu proprio" Antiquum ministerium o ministério laico do catequista. Um ministério que "tem um forte valor vocacional" e "requer o devido discernimento por parte do Bispo e é evidenciado pelo Rito da Instituição".

Giovanni Tridente-11 de Maio de 2021-Tempo de leitura: 4 acta
catequese de catequese de ensino

Foto: Carlos Daniel / Cathopic

Uma nova peça é acrescentada ao espírito geral de despertar na Igreja "o entusiasmo pessoal de cada baptizado". Depois do "motu proprio" com o qual o Papa Francisco abriu a possibilidade de acesso aos ministérios do leitorado e acólito às mulheres em virtude do seu baptismo há apenas quatro meses - alterando o cânon 230 do Código de Direito Canónico com a carta "O compromisso da Igreja com o ministério do leitorado e acólito" - o novo "motu proprio" é mais um passo nesta direcção. Spiritus Domini a partir de 10 de Janeiro de 2021-institui hoje o "ministério laico do catequista" com a Carta Apostólica Antiquum ministerium.

Como se depreende do próprio título, isto tem sido reconhecido na Igreja desde os primeiros tempos. Um caminho que hoje atinge a sua maturidade dada a urgência "da renovada consciência da evangelização no mundo contemporâneo", que o Santo Padre já tinha oportunamente destacado no seu "documento programático" Evangelii gaudium em 2013.

Envolvimento dos leigos

Lendo o novo "motu proprio", pode-se vislumbrar uma série de razões que levaram à decisão do Pontífice, que evidentemente encontram uma base sólida para discussão e motivação no Concílio Vaticano II, que em muitos documentos tinha apelado à participação directa dos leigos "de acordo com as várias formas em que o seu carisma pode ser expresso".

Obviamente, coube a Paulo VI começar a sedimentar esta consciência na Igreja do último meio século, como o Papa Francisco explica no seu documento, sabendo muito bem que todo este envolvimento dos leigos visa dar "maior ênfase ao compromisso missionário próprio de cada baptizado, que em qualquer caso deve ser levado a cabo de forma totalmente secular sem cair em qualquer expressão de clericalização" (Antiquum ministerium, 7).

Forte valor vocacional

Hoje o Papa Francisco confere a este ministério histórico, embora nunca formalizado até agora através de um Rito de Instituição - a ser publicado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos - um "forte valor vocacional", deixando aos Bispos a tarefa de discernir a quem atribuir este serviço que, nesse caso, se torna estável.

Há uma passagem na Carta Apostólica que sugere que no contexto desta decisão poderia ter havido - talvez até um pouco inconscientemente - a recente experiência do Sínodo sobre a Amazónia, em particular quando sublinha, no n. 3, que a multidão de homens e mulheres que "animados de grande fé e autênticas testemunhas de santidade" ao longo dos anos fundaram Igrejas, "e até deram as suas vidas", ou que ainda deram as suas vidas. 3, aquela multidão de homens e mulheres que "animados por uma grande fé e autênticas testemunhas de santidade" ao longo dos anos fundaram Igrejas, "e chegaram ao ponto de dar as suas vidas", ou que ainda nos nossos dias "estão à frente de comunidades em várias regiões", levando a cabo "uma missão insubstituível na transmissão e no aprofundamento da fé".

Também se pode compreender melhor, desta forma, a abordagem com que o Papa Francisco decidiu vir a esta instituição: "fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente" (n. 5), com a única intenção de reavivar a missão da Igreja no mundo, podendo contar com testemunhas credíveis, activas e disponíveis na vida da comunidade e adequadamente formadas.

Guardião da memória de Deus

Alguns meses depois de tomar posse, o Papa Francisco já tinha oferecido um retrato do catequista, na Missa celebrada por ocasião do Dia dos Catequistas no Ano da Fé (29 de Setembro de 2013): o catequista "é aquele que guarda e alimenta a memória de Deus; ele guarda-a em si mesmo e sabe como despertá-la nos outros".

Uma atitude que "envolve toda a vida", que só pode funcionar através de uma relação vital com Deus e com o próximo: "se é um homem de caridade, de amor, que vê todos como irmãos e irmãs; se é um homem de "...", é um homem de "amor".hypomone"É um homem de paciência, perseverança, que sabe enfrentar dificuldades, provações e fracassos, com serenidade e esperança no Senhor; se é um homem bondoso, capaz de compreensão e misericórdia".

Semeadores de esperança e alegria

No Jubileu dos Catequistas, no Ano Extraordinário da Misericórdia, a 25 de Setembro de 2016, o Papa tinha falado de semeadores de esperança e alegria, com uma visão ampla, aprendendo a olhar para além dos problemas, sempre na proximidade do nosso próximo: "perante os muitos Lázaros que vemos, somos chamados a preocupar-nos, a procurar formas de encontrar e ajudar, sem delegar sempre nos outros".

A importância do primeiro anúncio

Em 2018, numa mensagem vídeo dirigida aos participantes na Conferência Internacional de Catequistas promovida pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, o Pontífice sublinhou a importância do "primeiro anúncio" que um catequista faz hoje num "contexto de indiferença religiosa", que mesmo que inconscientemente pode vir "para tocar o coração e a mente de muitas pessoas que estão à espera de encontrar Cristo".

Isto significa que a catequese não deve ser entendida como uma lição, mas como "a comunicação de uma experiência e o testemunho de uma fé que incendeia os corações", porque encontra a sua seiva na liturgia e nos sacramentos.

Vanguarda da Igreja

A última vez que o Papa se referiu aos catequistas foi a 30 de Janeiro último, durante uma audiência na Sala Clementina para participantes numa reunião organizada pela Oficina Nacional de Catequese da Conferência Episcopal Italiana. Aqui falou da catequese como "a vanguarda da Igreja", que realiza "a tarefa de ler os sinais dos tempos e de acolher os desafios presentes e futuros", aprendendo a ouvir as questões, fragilidades e incertezas do povo, sempre numa dimensão comunitária.

E o facto de hoje o ministério de catequista se ter tornado estável e formalmente instituído, com o acompanhamento de pastores e através de um processo formativo, vai precisamente no sentido de reacender o entusiasmo apostólico em pequenas e grandes comunidades.

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