O Papa Francisco aterrou no Sul do Sudão a 3 de Fevereiro, terra a que chegou "como peregrino de reconciliação, com o sonho de os acompanhar na sua viagem de paz". Durante o seu encontro com as autoridades do país e o corpo diplomático, salientou precisamente esta característica: "é a hora da paz".
Francisco considerou esta visita como um itinerário que começa "precisamente a partir da procura das fontes da nossa coexistência". Porque esta terra, que abunda com tantos bens no subsolo, mas sobretudo no coração e na mente dos seus habitantes, hoje precisa de saciar novamente a sua sede em fontes frescas e vitais".
O Santo Padre referiu-se às autoridades como as fontes de que os habitantes necessitam. Portanto, "as gerações futuras honrarão ou apagarão a memória dos vossos nomes com base no que fazem agora, porque, tal como o rio deixa as nascentes para iniciar o seu curso, também o curso da história deixará para trás os inimigos da paz e dará renome àqueles que trabalharam pela paz".
O Papa apelou ao fim da violência no Sudão, dizendo: "Basta de derramamento de sangue, basta de conflito, basta de agressão e de acusações mútuas sobre quem é o culpado, basta de deixar as pessoas sedentas por paz. Basta de destruição, é tempo de construção. Temos de deixar para trás o tempo da guerra e trazer um tempo de paz.
Mais tarde, acrescentou que o fim da violência implica o empenho "numa transformação que é urgente e necessária". O processo de paz e reconciliação precisa de um novo ímpeto.
Encontro com bispos, sacerdotes e pessoas consagradas
Durante o seu encontro com os bispos, sacerdotes e pessoas consagradas, o Papa quis concentrar-se no trabalho evangelizador de todas estas pessoas, perguntando: "Como podemos exercer o nosso ministério nesta terra, ao longo das margens de um rio banhado em tanto sangue inocente, enquanto os rostos do povo confiado aos nossos cuidados estão cheios de lágrimas de dor? A resposta à pergunta é procurada pelo Papa em Moisés, na sua docilidade e na sua intercessão.
Francisco salientou que Moisés se aproximou de Deus com admiração e humildade, "deixou-se atrair e guiar por Deus". Aí reside o exemplo, portanto "confiemos na sua Palavra antes de usarmos as nossas palavras, acolhamos docilmente a sua iniciativa antes de nos concentrarmos nos nossos projectos pessoais e eclesiais; pois a primazia não é nossa, a primazia é de Deus". Sendo dócil, o Santo Padre continua, "faz-nos viver o ministério de uma forma renovada".
Quanto à intercessão, Francisco disse que "a especialidade dos pastores deve ser caminhar no meio: no meio do sofrimento, no meio das lágrimas, no meio da fome dos pobres, no meio do sofrimento dos pobres, no meio da fome dos necessitados, no meio dos necessitados. Deus e a sede de amor de irmãos e irmãs". Usando imagens, convida todos a olhar para as mãos de Moisés, que são frequentemente retratadas como erguidas para o céu, estendidas ou agarradas ao bastão. Isto, que parece simples, não é fácil, pois "ser profetas, companheiros, intercessores, mostrar pela vida o mistério da proximidade de Deus ao seu povo pode exigir dar a própria vida".