Vaticano

O papel das pessoas com deficiência

O Papa Francisco dirigiu uma mensagem por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, onde insistiu que, enquanto leigos e baptizados, são "participantes na mesma vocação que todos os cristãos", e a sua presença "desafia o cuidado pastoral da família e está no centro da preocupação da Igreja pela defesa de toda a vida".

Giovanni Tridente-29 de Novembro de 2021-Tempo de leitura: 3 acta
papa com pessoas com deficiência

Foto: ©2021 Catholic News Service / U.S. Conference of Catholic Bishops.

"A Igreja ama-vos e precisa de cada um de vós para cumprir a vossa missão ao serviço do Evangelho. Estas são as palavras de abertura da mensagem do Papa Francisco às pessoas "vivendo com deficiências" por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, a 3 de Dezembro.

É um aniversário introduzido pelas Nações Unidas em 1992 para aumentar a consciência e compreensão das questões relacionadas com a deficiência, bem como os esforços para assegurar a dignidade, os direitos e o bem-estar das pessoas que vivem com deficiência.

Do Vaticano, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que recentemente iniciou uma reflexão e acção pastoral nesta área, "um novo tema no qual decidimos comprometer-nos e investir muita energia", explicou o Padre Alexandre Awi Mello numa conferência de imprensa ao apresentar a Mensagem do Papa. É um compromisso que diz respeito às três principais competências do Dicastério, porque as pessoas com deficiência, como leigos e baptizados, são "participantes na mesma vocação que todos os cristãos", e a sua presença "desafia o cuidado pastoral da família e está no centro da preocupação da Igreja pela defesa de toda a vida".

O tema escolhido para a Mensagem deste ano é retirado do capítulo 15 do Evangelho de João, "Vós sois meus amigos", e é precisamente sobre estas palavras de Jesus que o Papa Francisco baseou a sua "saudação" e a sua reflexão.

Jesus como amigo

"Ter Jesus como amigo é o maior dos consolos e pode fazer de cada um de nós um discípulo grato e alegre, capaz de testemunhar que a nossa própria fragilidade não é um obstáculo para viver e comunicar o Evangelho", explica o Pontífice no documento, lembrando que precisamente esta "confiança e amizade pessoal com Jesus" pode ser "a chave espiritual para aceitar as limitações que todos experimentamos e para viver a nossa condição de forma reconciliada".

A necessidade da comunidade

Para além do relacionamento pessoal, a comunidade é necessária, e as pessoas com deficiência são membros de pleno direito da Igreja - reitera o Papa Francisco - precisamente devido ao seu baptismo e à escolha de Jesus de "ser nosso amigo".

É portanto necessário banir todas as formas de discriminação, ainda presentes a vários níveis da sociedade, ligadas a preconceitos, ignorância e uma cultura que luta para compreender "o valor inestimável de cada pessoa". Na esfera eclesial, esta ausência de discriminação traduz-se num maior "cuidado espiritual", a começar pelo acesso aos sacramentos.

Protagonismo à luz do Evangelho

Na parte final da Mensagem, o Papa reitera a necessidade de estas pessoas serem protagonistas à luz do Evangelho: "o Evangelho é também para vós. É uma Palavra dirigida a todos, que consola e, ao mesmo tempo, chama à conversão". Isto traduz-se num apelo profundo à confiança em Deus - como testemunham os relatos evangélicos das pessoas com deficiência que encontraram Jesus no seu tempo - e uma vontade de rezar, como missão específica confiada pelo Papa: "queridos irmãos e irmãs, a vossa oração hoje é mais urgente do que nunca".

"Eles precisam de mim"

"Estou feliz por o Papa ter escrito que sou importante para a Igreja, que sou necessário. Certamente, devido à minha situação, preciso de muitas coisas, mas também tenho a minha tarefa como discípula de Jesus", comentou Antonietta Pantone, da Comunidade "Fé e Luz", apresentando a Mensagem deste ano aos jornalistas.

Entretanto, o Dicastério para os Leigos, Família e Vida preparou uma colecção de cinco vídeos para a campanha #IamChurch, a ser lançada a 6 de Dezembro, com os testemunhos de cristãos com deficiências de diferentes países, incluindo jovens surdos do México e freiras com síndrome de Down que vivem a sua vocação num mosteiro em França.

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