Espanha

"Se olharmos para os outros de uma forma diferente, começaremos a preocupar-nos realmente".

Entrevista com José Luis Méndez, director do Departamento de Pastoral da Saúde da Conferência Episcopal Espanhola, por ocasião do Dia Mundial do Doente.

Maria José Atienza-11 de Fevereiro de 2021-Tempo de leitura: 2 acta

A festa de Nossa Senhora de Lourdes marca o Dia Mundial do Doente, que a Igreja espanhola celebra este ano sob o lema "Cuidemos uns dos outros".

Nesta ocasião, Omnes entrevistou José Luis Méndez, director do Departamento de Pastoral da Saúde no Conferência Episcopal Espanhola.

 P- Como podemos usar o Dia do Doente para aumentar a consciência da necessidade de ajuda mútua e verdadeira fraternidade?

 R- Temos de tirar partido disto para nos ajudarmos uns aos outros. Por um lado, aqueles que são saudáveis, rezam pelos doentes e aqueles que cuidam deles e, ao mesmo tempo, os doentes podem oferecer cada momento de solidão ou sofrimento. Tudo isto é um mistério pelo qual Cristo nos torna participantes na sua redenção e é, portanto, de valor inestimável para toda a humanidade.

P- Como podemos viver este Dia no meio de uma época marcada pelo coronavírus e com notícias diárias de mortes, contágios... que podem causar consternação entre os cristãos?

 R- Antes de mais, não nos devemos instalar numa cultura de queixa. É verdade que os tempos são difíceis, os números de mortes e internamentos hospitalares fazem-nos encolher o coração, mas podemos tomar duas posições: podemos ficar com os dados e ficar assustados, ou podemos ouvir os dados, elogiar os admitidos e propor a repetição de uma breve oração ao longo do dia para aqueles que são admitidos ou que morreram. Precisamos de pensar mais no Céu, para dar razão à nossa esperança, porque o mal tem um fim, porque Deus pôs um limite a ele em Jesus Cristo.

Face à situação pandémica, não podemos contentar-nos com uma "cultura de queixa".

P- Como podemos continuar a encorajar a importância dos cuidados e da dignidade para os doentes e idosos?

R - A primeira coisa é pedir a Nossa Senhora que mude os nossos corações para que ela nos ajude a olhar para os outros com ternura. Gosto muito dessa expressão do pontificado do Papa Francisco "a revolução da ternura". Sem esta ternura, o cuidado é apenas uma questão técnica. Se formos capazes de olhar para os outros de uma maneira diferente, vamos sentir-nos envolvidos na sua dor, limitações, sofrimento... e então começaremos a preocupar-nos realmente. Os cuidados "técnicos" são essenciais, mas há um cuidado mais profundo: o de uma carícia, um olhar, um saber ouvir.

Se olharmos com os olhos de Cristo, descobrimos que um minuto da vida de um doente moribundo é uma ocasião para amar e vale uma eternidade.

P- Como podemos fazer mais progressos na difusão da cultura da vida?

R- Em primeiro lugar, rezar e também encorajar as pessoas a olhar de forma diferente. Como diz esta oração "Que eu possa ver com os vossos olhos o meu Cristo, Jesus da minha alma".. Então compreenderemos o que significa realmente preocuparmo-nos. Descobrimos que um minuto de vida de um doente moribundo, esse minuto, é uma ocasião para amar e vale uma eternidade.

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