Vaticano

Brian Farrell: "Atualmente, nenhuma Igreja pode evangelizar sozinha".

O secretário emérito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Brian Farrell, analisa nesta entrevista o caminho percorrido pelo ecumenismo desde o Concílio Vaticano II e a situação atual das relações entre os cristãos.

Giovanni Tridente-23 de novembro de 2024-Tempo de leitura: 2 acta
Brian Farrell

Brian Farrell, Secretário Emérito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CNS photo / Paul Haring)

Por ocasião do 60º aniversário da promulgação do decreto ".Unitatis Redintegratio"A Declaração do Concílio Vaticano II sobre o ecumenismo, a Pontifícia Universidade da Santa Cruz O Instituto de Teologia acolheu um seminário internacional patrocinado pela Faculdade de Teologia. O evento reuniu oradores de diferentes comunhões cristãs para refletir, numa atmosfera de sinceridade e confiança, sobre os esforços feitos nos últimos sessenta anos para promover a unidade dos cristãos.

Um dos momentos mais significativos da jornada, que teve lugar na quinta-feira, 21 de novembro, foi o discurso de encerramento do bispo irlandês Brian Farrell, secretário emérito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que reflectiu sobre a atualidade, os problemas e as perspectivas do ecumenismo hoje. Na entrevista que se segue, o teólogo explica a importância de viver concretamente o caminho ecuménico, redescobrindo uma autêntica fraternidade entre os cristãos.

Quais são os principais desafios que se colocam atualmente ao ecumenismo?

- O ecumenismo, a procura da unidade, é uma realidade diversa e complicada. Não basta resolver, como estamos a fazer, questões teológicas ou diferenças na forma como entendemos e formulamos a fé. Temos também de aprender a viver juntos.

O Papa Francisco insiste frequentemente num ecumenismo que vai para além das questões teológicas. Como deve ser lida esta perspetiva?

- Estamos num momento importante, porque, de facto, a ideia do Papa Francisco é que o ecumenismo não é apenas uma questão a resolver, mas caminhar juntos, rezar juntos e trabalhar juntos.

Temos de nos redescobrir como irmãos e irmãs neste caminho. Em muitos dos nossos parceiros ecuménicos há uma nova esperança de que, ao fazê-lo, avançaremos para o objetivo da plena comunhão entre nós, cristãos.

Olhando para trás, como é que o contexto do ecumenismo mudou desde os anos do Concílio Vaticano II?

- Penso que há 60 anos foi quase o início de uma viagem em conjunto. Havia também um certo otimismo nessa altura, mas o mundo tornou-se mais complicado. Basta olhar para a situação atual: estamos mais fragmentados, mais em confronto. Até as igrejas estão a sofrer. Vivemos num oceano muito líquido e fluido, e as verdades da fé não são tão claras e certas para as pessoas.

Num contexto tão complexo, o que é que dá esperança?

- Temos uma grande esperança, porque quanto mais difícil é a missão, mais nos sentimos obrigados a estar juntos. Hoje em dia, nenhuma igreja pode evangelizar sozinha. Temos de trabalhar em conjunto. Todos sabemos que temos de o fazer, mas agora temos de encontrar os passos concretos para o fazer.


Segue-se a entrevista completa (em italiano) com o Secretário Emérito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos:

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