Vocações

Francisco Eusébio Vinumo: "A Igreja em África é portadora de uma forte mensagem de esperança".

Ordenado diácono em setembro de 2023 em Angola, Francisco Eusébio Vinumo está a estudar em Roma, graças à Fundação CARF. Vinumo está consciente de que a África é hoje a fonte de novos missionários que evangelizam as antigas nações cristãs. 

Espaço patrocinado-1 de março de 2024-Tempo de leitura: 3 acta

Natural de Huambo-AngolaFrancisco Eusébio Vinumo, no município de Caála, em África, é o sexto e último filho de uma família profundamente cristã, cujos seis filhos incluem, para além de Francisco Eusébio, outro sacerdote. 

Como nasceu a sua vocação? 

-Tudo começou com os costumes cristãos que a nossa mãe nos incutiu desde muito cedo: a catequese, a reza do terço, que às vezes fazíamos em casa, e, claro, a participação na Santa Missa. Isso despertou em mim o desejo de estar onde estava o padre, porque a sua maneira de celebrar cativava-me. Na imensidão e diversidade com que Deus chama as pessoas para a sua vinha, também eu me senti chamada a servi-lo. 

Outra figura não menos importante na descoberta da minha vocação foi o meu irmão, que na altura já era seminarista. O seu testemunho teve uma grande influência na minha escolha. Com a graça de Deus, ele é agora padre.

Como é a vida nas comunidades cristãs angolanas?

Angola tem uma fé profundamente enraizada. Apesar dos vários problemas políticos e socioeconómicos que o país enfrenta, o povo permanece firme na sua fé, tendo Deus como único apoio e conforto. 

A comunidade cristã em Angola alimenta e fortalece a sua fé sobretudo através da prática de devoções populares, como a recitação constante do terço, a participação em procissões, peregrinações e vigílias de oração. É um país muito mariano e, sem a Virgem Maria, penso que a fé teria ficado muito enfraquecida. 

Por outro lado, há uma grande participação nas missas semanais e dominicais. 

Como é que a Igreja ajuda a população de um país com uma pobreza acentuada? 

-Infelizmente, a pobreza é um dos maiores problemas do país. Paradoxalmente, somos um dos países mais ricos do mundo. África nos recursos naturais, estamos cobertos de riquezas sem beneficiar a população de forma alguma, porque o bem comum não é gerido com verdade e transparência, é sempre reservado a alguns que tiram proveito pessoal, empobrecendo cada vez mais pessoas pacíficas.

A Igreja lembra constantemente aos detentores do poder que o seu papel é assegurar o bem-estar da população, defendê-la, proteger e promover a dignidade da pessoa humana, garantindo a distribuição universal do bem comum. Além disso, promove diversas acções sociais e garante a formação intelectual e espiritual da população, a chamada formação humana integral.

O que é que a Igreja em África traz ao mundo? 

-Em primeiro lugar, devemos agradecer a Deus pelo crescimento de muitas vocações em África. São países jovens na fé, ou seja, não têm muitos séculos de evangelização como a Europa, pelo que este facto traz alegria e consolação à Igreja africana e não só. A Igreja africana leva uma mensagem muito forte de esperança e de reavivamento da fé ao mundo e, como sinal de gratidão, envia missionários para a Europa, não como sinal de orgulho por termos muitos e não precisarmos de mais ninguém, mas simplesmente para ver a Igreja como uma só.

Os missionários que saem de África vão ajudar os seus "antepassados na fé" na Europa, que tanto fizeram por nós. Agora cabe-nos a nós retribuir, como um filho agradecido apoia sempre os seus pais.

O que significa para ti a possibilidade de estudar em Roma? 

-Roma é única, singular, irrepetível e enriquecedora. O contacto com uma realidade diferente é enriquecedor. 

Estar aqui é tocar as raízes dos nossos antepassados, os nossos patriarcas do cristianismo, viver e conviver com santos, mártires, papas e todos aqueles que deixaram a sua marca na história do cristianismo. 

Estar em Roma é fazer a experiência da universalidade da Igreja. Faz-nos ver e viver verdadeiramente a natureza".una, santa, católica e apostólica"A Igreja, e assim estar unida na diversidade. Roma é a cidade eternanão porque nunca morre, mas porque nos torna eternos. Este tempo contribuiu muito para a minha vida futura como padre, sobretudo com a formação que estou a receber, que me permitirá transmitir a fé cristã para que muitos dos meus irmãos em Angola se possam santificar.

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