Silvana tem 46 anos e é casada com Francisco há 13 anos. Este casal peruano tem três filhos, que são a sua maior aventura. Silvana é engenheira, mas o casamento e a família são o local onde desenvolve a maior parte do seu trabalho. Há alguns anos, fez um mestrado em Matrimónio e Família no Universidade de Navarra (Espanha), o que, diz-nos ela, lhe deu uma nova perspetiva. É responsável pelo matrimónio e pela família em dois colégios de Lima, Villa Caritas e San Pedro.
Silvana recorda a sua infância como um tempo cheio de Deus, embora, como ela própria admite, não tenha durado muito tempo. Embora a mãe "se esforçasse por estar presente todos os domingos na missa, quer ela quisesse quer não", a adolescência e a juventude de Silvana foram marcadas pela sua frieza religiosa. Foi por volta dos trinta anos que "redescobriu a sua fé e Deus, que na realidade estava sempre presente".
O gatilho foi a decisão de um irmão seu que, "no auge da adolescência, decidiu sair de casa para consagrar a sua vida a Cristo". Silvana tentou compreender o que tinha levado o seu irmão a fazer aquela escolha e "nesse percurso de compreender o meu irmão e de o fazer 'ver a razão', fui eu que vi a razão!
Um casamento de "risco total"
Uma das paixões de Silvana é o seu casamento. Recorda que, devido à separação dos seus pais, "não conhecia nenhum casal que me dissesse que o casamento era uma coisa bonita. Quando decidimos casar, pouca gente ficou contente. Sugeriam que vivêssemos juntos primeiro, que nos casássemos com bens separados..., em suma. Era como preparar-se para um desastre em vez de uma vida de amor em conjunto. Foi então que Silvana decidiu, com o marido, homem de fé, preparar-se "conscientemente para conhecer melhor o sacramento". Começaram uma vida de oração, naturalmente: "Tentamos que o tema da fé faça parte natural das nossas conversas, histórias e estórias. Agora que tenho dois filhos na adolescência, essas conversas tornaram-se muito mais interessantes e desafiantes. Já não se trata apenas de contar e explicar, mas sobretudo de responder às suas perguntas, de ouvir com o dobro da atenção o que têm dentro de si, de lhes dar espaço e de ser o mais coerente possível na nossa vida de fé.
Esta vida de oração em família evoluiu com o tempo, mas mantém práticas que são hoje tradicionais: "A oração da manhã, que fazemos juntos no carro, é apenas uma jaculatória e uma breve reflexão sobre o Evangelho que não dura mais de 10 minutos, a caminho da escola. Abençoamos a comida (e por vezes das formas mais invulgares) e rezamos juntos todas as noites, sem falta. Agradeço a Deus o facto de serem os meus filhos que, sempre que os mandamos para a cama, encontram como desculpa para uns minutos extra de vigília a frase: "Ainda não rezámos! A par disso, a caridade e a solidariedade também fazem parte da vida de fé da sua família.
Novos desafios
Acompanhados pelo ritmo da família, os desafios desta mãe O número de conselheiros familiares tem vindo a aumentar ao longo dos anos. Atualmente, está a terminar uma especialização em acompanhamento do amor e da afetividade.
Além disso, através de projectos de formação, "que incluem questões relacionadas com a parentalidade, a família, o casal, o desporto, a cultura, a solidariedade e até o ambiente, procuro ter um impacto positivo na ligação entre pais e filhos".
"Repito aos meus filhos que o maior legado que lhes posso deixar é a minha vida de fé. E embora pareça simples, é uma tarefa bastante desafiadora", diz Silvana sobre o futuro.
"Não se trata de levar uma vida perfeita, ou de ser imaculado, isso seria impossível. Penso que uma vida de fé implica sabermo-nos frágeis, vulneráveis, necessitados dos outros, mas sobretudo de Deus", afirma.
Silvana é muito clara sobre o que quer mostrar aos seus filhos e ao mundo: "Que os meus filhos saibam, porque o viram, que as trevas são vencidas pela luz e que as batalhas nunca são ganhas sozinhas. Se alguém quer ir longe, é melhor fazê-lo acompanhado, e que melhor companhia do que a de Deus, que se mostra através daqueles que mais nos amam".