Ecologia integral

Pobreza em 2023, como é que a Igreja Católica responde?

No dia 19 de novembro de 2023, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial dos Pobres. Este artigo identifica a resposta atual da Igreja à situação de milhões de pessoas necessitadas.

Paloma López Campos-19 de novembro de 2023-Tempo de leitura: 4 acta
Pobreza

Um homem a mendigar na rua com o seu cão (Unsplash / Nick Fewings)

A Igreja Católica sempre se preocupou com as pessoas que vivem na pobreza. Por esta razão, celebra todos os anos o Dia Mundial dos Pobres, que em 2023 será comemorado a 19 de novembro. Para esta ocasião, o Papa Francisco escolheu como lema "Não vires o rosto aos pobres", como expresso no mensagem que publicou em 13 de junho por ocasião deste dia.

O Santo Padre advertiu então que "estamos a viver um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres". O ritmo de vida atual, "o apelo ao bem-estar", leva a que o sofrimento seja colocado "entre parêntesis". Para a geração digital, disse o Papa, "os pobres tornam-se imagens que podem ser comoventes por alguns momentos, mas quando se encontram em carne e osso na rua, instala-se o incómodo e a marginalização".

Mas a realidade é que os pobres não são apenas uma imagem. O sítio Web World Population Review estima que cerca de 700 milhões de pessoas vivem na pobreza. Segundo o investigador sociológico inglês Benjamin Rowntree, uma pessoa está em situação de pobreza quando o rendimento total disponível não atinge o mínimo necessário para a sua subsistência.

Números da pobreza

É difícil encontrar dados actualizados e fiáveis sobre a taxa de pobreza nos países. Muitos Estados falsificam os dados, de modo a fazer parecer que a taxa é muito mais baixa do que é na realidade. Apesar disso, existem plataformas e organizações que se esforçam por fornecer números fiáveis para dar a conhecer a situação.

De acordo com o World Population Review, 76,8 % da população da Guiné Equatorial não dispõe de recursos suficientes para cobrir as suas necessidades básicas. No entanto, estes dados são de 2006. Perto desse número está a taxa do Sudão do Sul, que em 2019 tinha 76,4 % da população a viver na pobreza.

Se é verdade que milhões de pessoas não têm o suficiente para viver, o "Banco Mundial" afirma que a pobreza está a diminuir. Mas também é verdade que 85 % da população vive com menos de 30 dólares por dia. Para se ter uma ideia mais ou menos global, este é o número de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema em alguns países:

-Chile: 143,277

-Espanha: 374,152

-Estados Unidos: 3,28 milhões

-México: 4 milhões

-Filipinas: 5,38 milhões

-Brasil: 11,37 milhões

-Índia: 136,81 milhões

(Fonte: Dados do Banco Mundial)

Iniciativas na Igreja

Perante tudo isto, o que é que a Igreja Católica faz? O Papa Francisco é um defensor dos pobres que já se pronunciou muitas vezes. Em 2013, referiu que "entre as nossas tarefas, como testemunhas do amor de Cristo, está a de dar voz ao grito dos pobres".

Por outro lado, o Santo Padre também sublinhou a necessidade de ação. Para o Primeiro Dia Mundial dos Pobres, em 19 de novembro de 2017, Francisco escolheu como lema: "Amemos não em palavras, mas em actos".

A Igreja Católica, consciente de que as acções são importantes, tem uma multiplicidade de iniciativas para combater a pobreza. Uma delas, talvez a mais conhecida, é a "Caritas". Esta organização é "um serviço à comunidade". Como afirma o seu próprio sítio Web, a "Caritas" "responde a catástrofes, promove o desenvolvimento humano integral" e procura acabar com a pobreza e os conflitos.

Entre os vários projectos da "Caritas" em todo o mundo, contam-se a assistência em zonas afectadas por catástrofes naturais e guerras, a distribuição de alimentos, os cuidados médicos em todo o mundo, o acolhimento de migrantes e a promoção de programas para o desenvolvimento de sistemas justos para sair da pobreza.

Outra iniciativa da Igreja que trabalha para as pessoas necessitadas é a "Igreja que Sofre".Comunidade de Sant' Egidio". Este movimento internacional é constituído por "homens e mulheres de diferentes idades e origens, unidos por um laço de fraternidade baseado na escuta do Evangelho e no trabalho voluntário e gratuito a favor dos pobres e da paz". A principal ação desta comunidade a favor dos pobres é o acompanhamento e a escolarização das crianças, mas também trabalham para acolher outros grupos necessitados, como os idosos, os presos e os doentes.

Menos conhecido, mas de grande valor, é "Cristo na cidade"O espírito desta associação é formar jovens missionários que trabalhem no ministério com os pobres, levando amizade, fé e ajuda às pessoas que não têm casa. O espírito desta associação é formar jovens missionários que trabalhem no ministério com os pobres, levando amizade, fé e ajuda aos sem-abrigo.

O Papa e as pessoas em situação de pobreza

É sabido que Francisco promove pessoalmente várias iniciativas para ajudar as pessoas que não dispõem dos recursos necessários. Várias vezes por ano, o Papa organiza almoços com pessoas pobres no Vaticano. O Santo Padre recebe milhares de pessoas na Sala Paulo VI e, a 19 de novembro, voltou a fazer o convite.

Francisco pediu também que o centro de saúde do Vaticano alargasse o seu horário de funcionamento entre 13 e 18 de novembro. Durante esses dias, por ocasião do Dia Mundial dos Pobres, o pessoal de saúde atendeu gratuitamente os pobres. A agência noticiosa Zenit refere que foram oferecidos exames médicos gerais e especializados, vacinas e medicamentos. Para além disso, o Dicastério para a Evangelização foi responsável pelo pagamento das contas de algumas famílias com rendimentos mínimos.

Por outro lado, a Esmola Apostólica tem chuveiros abertos todos os dias (exceto nos dias de audiências gerais ou de grandes celebrações) para as pessoas necessitadas. Os pobres que o frequentam recebem roupa interior limpa, produtos de higiene pessoal e uma toalha. Para além dos duches, existe um salão de cabeleireiro gratuito aberto todas as segundas-feiras das 9 às 15 horas.

Todas estas iniciativas têm um objetivo comum, que é o de acolher pessoas que precisam de recursos. Assim, pouco a pouco, vai-se cumprindo o desejo expresso pelo Papa Francisco em 2020: "O grito silencioso de tantos pobres deve encontrar o povo de Deus na linha da frente, sempre e em todo o lado, para lhes dar voz, defendê-los e solidarizar-se com eles perante tanta hipocrisia e tantas promessas não cumpridas, e para os convidar a participar na vida da comunidade".

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