Os documentos históricos são muito favoráveis à historicidade da existência de Jesus. A comparação com outros textos clássicos mostra que o Novo Testamento tem uma base documental significativamente mais forte do que muitas das obras filosóficas e históricas inquestionavelmente aceites.
De acordo com os dados recolhidos, obras de figuras como Platão, Aristóteles e Júlio César têm um número reduzido de cópias manuscritas e um intervalo de tempo considerável entre a sua redação original e as cópias mais antigas disponíveis. Por exemplo, os escritos de Platão, datados entre 427 e 347 a.C., têm a sua cópia mais antiga em 900 d.C., um intervalo de 1.200 anos e apenas sete cópias conhecidas. Aristóteles, cuja obra foi escrita entre 384 e 322 a.C., tem um intervalo de 1.400 anos desde a sua cópia mais antiga e apenas 49 cópias.
Em contrapartida, o Novo Testamentocomposto entre 50 e 100 d.C., tem manuscritos que remontam a 130 d.C., com uma margem de separação de apenas 30 a 60 anos, um tempo insignificante em termos históricos. Além disso, possui 5.600 cópias, muito mais do que qualquer outro texto antigo.
Estes dados colocam em perspetiva a fiabilidade documental do Novo Testamento e questionam a duplicidade de critérios com que a historicidade de Jesus é avaliada em comparação com outras figuras antigas. Enquanto figuras como Platão, Aristóteles ou César são aceites sem mais debate, o ceticismo em relação aos relatos evangélicos parece responder mais a preconceitos ideológicos do que a critérios historiográficos sólidos.
Autor | Data de vida/escrita | Cópia mais antiga | Separação (anos) | Número de cópias |
Platão | 427-347 A.C. | 900 D.C. | ~1,200 | 7 |
Aristóteles | 384-322 A.C. | 1100 D.C. | ~1,400 | 49 |
Heródoto | 480-425 A.C. | 900 D.C. | ~1,300 | 8 |
Demóstenes | 300 A.C. | 1100 D.C. | ~800 | 200 |
Tucídides | 460-400 A.C. | 900 D.C. | ~1,300 | 8 |
Eurípides | 480-406 A.C. | 1100 D.C. | ~1,300 | 9 |
Júlio César | 100-44 A.C. | 900 D.C. | ~1,000 | 10 |
Homero | 900 A.C. | 400 D.C. | ~500 | 643 |
Novo Testamento | 50-100 D.C. | 130 D.C. | ~30-60 | 5600 |
- A última coluna da caixa refere-se ao número de cópias manuscritas antigas de cada obra que sobreviveram até à atualidade. Estas cópias incluem papiros, códices e pergaminhos transcritos à mão antes da invenção da impressão.
Um viés na divulgação histórica?
O debate sobre a existência de Jesus não é apenas teológico, mas também historiográfico. Apesar das provas documentais que sustentam os relatos do Novo Testamento, algumas escolas de pensamento insistem em negar a sua validade. No entanto, o registo histórico mostra que a figura de Jesus está mais bem documentada do que muitas outras figuras cuja existência não é posta em causa.
Esta análise convida a uma reflexão mais aprofundada sobre a forma como a história é divulgada e sobre os critérios aplicados às diferentes figuras do passado. Será razoável duvidar de Jesus e aceitar sem reservas figuras com menos suporte documental? A resposta, sem dúvida, continuará a gerar debate.