A par da investigação do universo na busca da sua fundação, da sua causa última, há uma outra forma de contemplação que também conduz ao conhecimento do mistério de Deus. Estes são os caminhos centrados no homem, que olham para dentro: partem da análise da psicologia humana, dos desejos mais profundos que se aninham dentro de cada pessoa, das grandes questões pessoais, num exercício de reflexão e introspecção.
Neste campo encontramos as questões do significado e do que a alma humana sonha. Estes são os inevitáveis "porquês" e "onde" existenciais que assolam todo o ser humano. É o desejo pelos grandes bens como o amor, a beleza, a amizade, a alegria, a felicidade; com o desejo de que sejam autênticos, eficazes, sem limitações, plenos. É o grito da alma sedenta, da mente que procura mais, que deseja radicalmente o grande, que não está satisfeita com a satisfação das necessidades materiais. Só o Deus vivo e verdadeiro, que assim moldou o nosso dinamismo competitivo, pode mais do que satisfazer estes desejos profundos. "Só Deus satisfaz" (cf. St. Thomas Aquinas, in: Catecismo da Igreja Católica, n. 1718).
Também desejamos o bem da harmonia na comunidade e o respeito por cada pessoa na sua dignidade. É o sentido de moralidade e justiça, que se encontra em cada ser humano como um grito inato. Só um Deus absoluto pode fornecer a base para valores e normas éticas universais, incluindo os imperativos da consciência, que estão acima das leis positivas. Além disso, só um Deus eterno e transcendente pode fazer justiça suprema. Pois, como afirma Bento XVI, "a questão da justiça é o argumento essencial ou, pelo menos, o argumento mais forte a favor da fé na vida eterna". (carta encíclica Spe salvi, n. 43).
Santo Agostinho resume esta perspectiva de forma precisa e bela no início do seu Confissões quando ele reza assim: "Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso coração ficará inquieto até que descanse em ti". E assinala que se trata de um Deus próximo e íntimo, que "está mais dentro de mim do que a minha própria intimidade".O conceito de "ser humano" não é subjectivo ou manipulável, mas, ao mesmo tempo, superior e transcendente: "mais alto do que o mais alto de mim".
Cristo, a plenitude da auto-revelação e auto-comunicação divina, oferece à humanidade essa fonte interior de luz e vida capaz de satisfazer os anseios do coração humano: "...Cristo, a plenitude da auto-revelação e auto-comunicação divina, oferece à humanidade essa fonte interior de luz e vida capaz de satisfazer os anseios do coração humano: ".Quem tiver sede, deixe-o vir ter comigo e beber."(Jo 7,37). E convida a alma inquieta à paz interior: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos darei descanso". (Mt 11,28). Em última análise, só o Deus revelado em Cristo nos promete justiça sem demora (cf. Lc 18,8), oferece-nos a luz divina da verdade que dissipa as trevas (cf. Jo 1,5-9), e a comunhão de amor em perfeita e eterna amizade (cf. Jo 15,15).