Evangelização

Irmãs Pobres: "Queremos partilhar a nossa vida contemplativa".

As Irmãs Pobres transformaram as redes sociais numa ferramenta de evangelização, levando a sua vida contemplativa e a sua música a milhares de pessoas.

Javier García Herrería-15 de fevereiro de 2025-Tempo de leitura: 3 acta

As Irmãs Pobres encontraram nas redes sociais uma forma inesperada de evangelização. Através de Instagram e no YouTube, a sua comunidade tem crescido exponencialmente, chegando a milhares de pessoas com a sua música e testemunho. Nesta entrevista, contam-nos como nasceu esta iniciativa, episódios que viveram e a sua visão da formação profissional. 

Falámos com eles no Congresso Vocacional organizado pela Conferência Episcopal Espanhola, onde também tocaram a sua música no concerto de encerramento.

Nas redes sociais, tem-se a impressão de que a vossa comunidade é constituída por irmãs muito jovens e por irmãs muito velhas. Como vivem este fosso entre gerações?

- Na realidade, não há tantos saltos geracionais como parece. A nossa comunidade é composta por 14 irmãs, e temos representantes de todas as décadas. É verdade que a mais nova tem 24 anos e a mais velha 92, mas no meio há uma grande diversidade de idades que torna a vida em comum muito enriquecedora.

Como é que surgiu a ideia de utilizar o Instagram e o YouTube para partilhar o seu dia a dia?

- Tudo começou de uma forma muito simples. Tínhamos uma conta no Instagram com cerca de 7.000 seguidores, mas usávamo-la sobretudo para divulgar o nosso trabalho e mostrar um pouco do nosso modo de vida. No Dia da Vida Contemplativa, perguntámo-nos como poderíamos partilhar com as pessoas a importância deste dia para nós. Por isso, decidimos publicar uma canção.

Começámos com a guitarra e outros instrumentos, à procura do local ideal para gravar. Andámos de um lado para o outro sem sermos convencidos por nenhum deles, até que, cansados, quase desistimos. Mas uma irmã insistiu: "Não, não, vamos fazer como quisermos". E assim fizemos. Gravámos, publicámos... e, a partir desse momento, tudo mudou.

Em que ano é que isso aconteceu?

- No ano passado. Foi incrível. Em pouco mais de um ano, passámos de 7.000 seguidores para mais de 338.000. E o mais bonito é que nos apercebemos do impacto que teve nas pessoas. Muitas pessoas escreveram-nos a dizer que as nossas canções as tinham ajudado em momentos muito difíceis.

Alguma história em particular que o tenha marcado?

- Sim, uma muito especial. Um médico telefonou-nos de França para nos falar de um doente com cancro que estava nos seus últimos dias. O doente estava completamente isolado, não falava com ninguém, nem com a família nem com os médicos. O médico decidiu tocar as nossas canções para ele e, numa delas, uma irmã enganou-se e o doente começou a rir: "Toca outra vez", repetia ele vezes sem conta. Isso quebrou o gelo e, pouco a pouco, ele começou a comunicar com os outros. Até telefonou à família e reconciliou-se com eles antes de morrer.

E alguma anedota engraçada?

- Uma vez, quando estávamos a comprar móveis no Ikea, uma mulher reconheceu-nos e ficou muito entusiasmada. Disse: "Não acredito, pobres irmãs, vocês ajudaram-me tanto". Não pagou os móveis (risos), mas ajudou-nos a carregá-los, o que foi suficiente.

Também promoveu a imagem da Virgen de la Mirada. Como é que surgiu esta iniciativa?

- Santa Clara falava constantemente do olhar. Dizia que é preciso olhar para Jesus para poder segui-lo, contemplá-lo e não desviar o olhar dele. Ela também salientava que Nossa Senhora foi a primeira a olhar para Jesus e a primeira para quem Ele olhou. Esta ligação inspirou-nos a encomendar uma imagem que reflectisse essa relação de amor entre Mãe e Filho.

A imagem é muito particular, pois a Virgem olha diretamente para o Menino...

- Sim, já nos disseram isto muitas vezes. Em muitas imagens, Maria segura Jesus, mas olha para a frente ou para o lado. Nesta, ambos se olham com amor e cumplicidade. É um gesto que convida à contemplação. As crianças agarram-se a ela, tocam-na, aproximam-se dela... Ela já está muito "gasta", como dizemos.

Estamos no Congresso das Vocações, como é que cuidam da formação e do acompanhamento das jovens vocações na vossa comunidade?

- Acreditamos que o acompanhamento é fundamental, não só na vida religiosa, mas em todos os aspetos da vida. Quando uma rapariga está em discernimento, preferimos ser nós a conduzir o processo, acompanhá-la bem e ajudá-la a descobrir realmente se este é o seu caminho.

Não queremos encher a casa de vocações, mas queremos que as pessoas encontrem Deus. Para isso, a formação, o diálogo, a oração e, sobretudo, a Sagrada Escritura. A formação bíblica é uma fonte fundamental da vida cristã. Se não a conhecermos, não podemos amar Jesus Cristo. Tudo o que precisamos de saber está na Palavra de Deus.

Mais alguma coisa que gostaria de partilhar?

- Apenas para agradecer a todas as pessoas que nos seguem e nos apoiam. E lembrar que, apesar de estarmos em rede, o mais importante é sempre o encontro com Deus na vida quotidiana.

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