Ecologia integral

Construir juntos

O recente início de um novo ano académico apresenta-nos uma oportunidade de enfrentar novos desafios, de construir em conjunto, olhando para além dos nossos próprios interesses ideológicos, políticos ou pastorais.

Jaime Gutiérrez Villanueva-30 de Setembro de 2021-Tempo de leitura: 2 acta
construindo juntos

Foto: Dylan Gillis / Unsplash

Começámos um novo curso. Um tempo para enfrentar novos desafios, para planear e organizar. Uma ocasião privilegiada para construirmos juntos, olhando para além dos nossos próprios interesses ideológicos, políticos ou pastorais. Diálogo autêntico, o Papa Francisco recorda-nos no Fratelli TuttiO ponto de vista da outra pessoa deve ser respeitado, aceitando a possibilidade de esta ter convicções ou interesses legítimos. A partir da sua identidade, a outra pessoa tem algo a contribuir, e é desejável que aprofunde e exponha a sua própria posição, a fim de tornar o debate ainda mais completo.

É verdade que quando uma pessoa ou um grupo é coerente com o que pensa, desenvolve uma forma de pensar e convicções, e isto de uma forma ou de outra beneficia a sociedade. Mas isto só acontece realmente na medida em que tem lugar em diálogo e abertura aos outros, desenvolvendo a capacidade de compreender o que os outros dizem e fazem, mesmo que não o possam tomar em consideração como sua própria convicção. As diferenças são criativas, criam tensão, e na resolução da tensão reside o progresso de todos, trabalhando e lutando em conjunto.

Neste mundo globalizado, os meios de comunicação social podem ajudar-nos a sentirmo-nos mais próximos uns dos outros, a perceber um renovado sentido de unidade na família humana, o que nos pode levar à solidariedade e a um compromisso sério para com uma vida mais digna para todos. A Internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um presente de Deus. Mas é necessário verificar constantemente que as actuais formas de comunicação nos guiam efectivamente para um encontro generoso, para uma busca sincera de toda a verdade, para o serviço, para a proximidade ao mínimo, para a tarefa de construir o bem comum. 

O Papa Francisco lembra-nos constantemente que a vida é a arte do encontro, apesar de haver tantos mal-entendidos na vida. Ele convida-nos repetidamente a desenvolver uma cultura de encontro que vai para além da dialéctica do confronto. É um modo de vida que tende a moldar aquele poliedro que tem muitas facetas, muitos lados, mas todos formando uma unidade cheia de nuances, uma vez que o todo é maior do que a parte.

O poliedro representa uma sociedade ou uma comunidade onde as diferenças coexistem, complementando-se, enriquecendo-se e iluminando-se mutuamente, mesmo que isso implique discussões e tensões. Porque algo pode ser aprendido de todos, ninguém é inútil, ninguém é dispensável. Isto significa incluir as periferias. Quem lá está tem outro ponto de vista, vê aspectos da realidade que não são reconhecidos a partir dos centros de poder onde as decisões são tomadas... Um novo rumo para crescer na cultura do encontro com aqueles que pensam de forma diferente e com os quais sou chamado a construir em comum. Um belo desafio pastoral e político.

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