Estamos a preparar a celebração do Sínodo de 4 a 29 de outubro e em outubro de 2024.
Será um Sínodo especial, pois tratará do carácter sinodal da Igreja e foi preparado por uma consulta a nível da Igreja universal.
Há uma grande variedade de questões a abordar; alguns apelaram a mudanças na moral sexual ou a uma revisão das regras do celibato para os padres da Igreja latina.
Tudo isto cria expetativa em muitos fiéis, mas também perplexidade, medo, dúvida... Toda a dinâmica de preparação para o Sínodo responde à convicção de que o Espírito Santo distribui os seus dons entre todos os fiéis e, por isso, é necessário escutar e dialogar entre todos, com a confiança de que também o mais pequeno tem algo de importante a dizer.
De facto, todos os fiéis participam na compreensão e na transmissão da verdade revelada. O "depósito sagrado", contido na Tradição da Igreja e na Escritura, foi confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja, a todos os fiéis sem exceção. É "o depósito" de que São Paulo fala repetidamente ao seu fiel discípulo Timóteo: "Timóteo, guarda o depósito! "(1Tm 6,20; cf. 2Tm 1,14).
Este depósito, confiado a todos os fiéis pelos Apóstolos, deve ser conservado, praticado e proclamado através da união dos pastores e do povo, com a ajuda da Eucaristia e da oração comum. Parece querer ser um Sínodo com a participação de todos, mesmo quando se trata de votar.
Neste ponto, porém, é preciso ter presente que o carisma da interpretação autêntica da Palavra de Deus, transmitida pela Tradição oral ou escrita, foi confiado pelo Senhor Jesus Cristo somente ao Magistério vivo da Igreja, que o exerce em seu nome, como ensina o Concílio Vaticano II na Constituição Dei Verbum n.10.
Este Magistério vivo foi confiado pelo Senhor não aos teólogos, nem aos carismáticos, nem aos fiéis em geral, mas apenas aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o Bispo na Sé Romana.
Mas nem o magistério nem o povo estão acima da Palavra de Deus, transmitida pela Tradição oral ou escrita, mas estão atentos a ela. Toda a Igreja está sempre atenta a essa Palavra e toda a Igreja recebe com docilidade a interpretação autêntica que o Magistério lhe dá.
É deste modo orgânico que a totalidade dos fiéis - pastores e fiéis - não pode errar na fé (cf. LG, n.12).
O próximo Sínodo difundiu um clima de diálogo e de escuta entre todos os fiéis. Que este clima seja acompanhado também por um clima de docilidade de todos ao Espírito Santo, que falou na Tradição oral e escrita e que o Magistério interpreta com a autoridade recebida do próprio Senhor.