Para muitos classificações Vejo que, atualmente, não há nenhuma mulher com mais medalhas do que Maria. E remeto-vos para os factos. No dia 15 de agosto, festejámos a sua grande vitória na final e vou explicar-vos por que razão devem regozijar-se mais do que se tivessem sido vocês a ganhar a medalha de ouro.
Nos últimos Jogos Olímpicos, todos nós apreciámos as vitórias dos nossos atletas (cada um pelo seu país, claro). Com os atletas mais conhecidos ou nas categorias mais populares, faz sentido, mas é um pouco estranho ver um completo desconhecido ganhar numa modalidade desportiva que nem sequer sabíamos que existia e, por ser um compatriota, sentimos como nossa.
Quantas horas, dias, meses e anos de treino, com frio, calor, dificuldades económicas, etc., passou essa pessoa sem que nos interessássemos por ela, e agora apropriamo-nos da sua vitória?
Os Jogos Olímpicos mostram-nos, de quatro em quatro anos, que o verdadeiro desporto nacional é ganhar medalhas a partir do sofá, e não digo sem levantar um dedo, porque os comandos da televisão e do ar condicionado têm de ser acionados de alguma forma.
Por outro lado, a adesão patriótica fazia muito mais sentido quando o mundo era mais fechado, mas nas nossas sociedades multiculturais, marcadas por grandes movimentos migratórios, os limites geográficos são cada vez mais ténues e há desportistas que nunca diriam, à primeira vista, que pertencem ao país que representam. Alguns têm mesmo de escolher a bandeira sob a qual competem, uma vez que têm várias nacionalidades, e há mesmo aqueles que jogam por uma bandeira com a qual não se sentem identificados. Então, quem são os meus e quem são os outros?
Entretanto, na festa da Assunção, celebramos, não a ascensão ao Olimpo, mas ao próprio céu de uma pessoa que é minha, da minha família: Maria. E essa é uma vitória de que todos nós participamos! Porque, assim como com Eva toda a humanidade caiu sob a maldição do pecado e da morte, graças a Maria, a nova Eva, todas as nações estão envolvidas na bênção da graça e da vida eterna.
Com mil e um nomes diferentes, todos os povos do mundo invocam hoje Nossa Senhora e celebram com ela as suas festas, porque a recompensa que ela recebeu, estando já no céu, em corpo e alma, é uma recompensa verdadeiramente partilhada com cada um de nós.
Como quando uma cidade acolhe os seus campeões e os faz percorrer as ruas num autocarro panorâmico, em muitas cidades a Virgem sairá em procissão nestes dias, para que seja aclamada por todos e para que todos a sintam perto de si.
Quando falamos da Assunção da Virgem, estamos a falar da sua plena configuração com Cristo ressuscitado. Ou seja: aquela que foi assumida (assumida) por Deus, já está com Ele em todo o lado. O tempo e o espaço não nos separam dela. Maria está aqui, presente em corpo e alma, mesmo que não sejamos capazes de a descobrir com os nossos sentidos.
Ela é a primeira, aquela que nos abriu as portas da glória e que, a partir dali (aqui mesmo), nos acompanha, nos guia e nos consola em cada treino que é cada dia da nossa vida, rumo ao encontro definitivo com o Pai.
Há muitas quedas pela frente, muitas lesões, muitas dores de cabeça e solidão no caminho para a meta, mas em nenhum momento ela deixa de estar ao nosso lado, como fazem os melhores treinadores, como fazem as mães dos melhores ginastas.
Tradicionalmente, milhões de crentes quiseram recordar-nos esta presença próxima e perpétua, materializando a sua imagem sob a forma de uma medalha que penduramos ao pescoço. É por isso que, no início do artigo, eu brincava com a ideia de que não há ninguém com mais medalhas do que ela.
Se tem uma, aproveite a oportunidade para a usar hoje com orgulho, como se fosse uma medalha de ouro olímpica. Porque hoje estamos a celebrar, porque hoje todos subimos ao pódio com ela. Parabéns!
Jornalista. Licenciado em Ciências da Comunicação e Bacharel em Ciências Religiosas. Trabalha na Delegação Diocesana dos Meios de Comunicação Social em Málaga. Os seus numerosos "fios" no Twitter sobre a fé e a vida diária são muito populares.