Dia do Seminário

Em torno da celebração do Dia do Seminário é importante encorajar a única e única vocação cristã: santidade, serviço, entrega absoluta da própria existência traduzida em dedicação total, consagração a Deus ou casamento.

15 de Março de 2023-Tempo de leitura: 3 acta
padre do seminário

Foto: Jose Antonio Flores /Cathopic

Neste dia, em 1660, Santa Luísa de Marillac morreu em Paris. Quando adolescente, queria tornar-se freira, mas a sua saúde precária impediu-a de o fazer, pelo que casou com um homem com quem partilhou 12 anos de difícil casamento. Quando o seu marido morreu, ela consagrou-se ao Senhor, servindo os pobres e os doentes, acompanhando São Vicente de Paulo na fundação da Sociedade de Santa Luísa de Marillac. as Filhas da Caridade.

A sua vida ensina-nos que a vocação cristã é uma só: a santidade, e que esta se desenvolve nas circunstâncias concretas em que Deus se faz presente na história de cada um de nós. Luísa era uma santa quando era solteira, casada e consagrada, porque a sua vida era um deixar-se fazer pelo Senhor em cada um desses três estados.

Nos dias que antecedem o dia da festa de São JoséA Igreja está a realizar a sua tradicional campanha do Dia do Seminário. É um momento de reflexão sobre as vocações e de encorajar os jovens a considerar o seu possível apelo ao sacerdócio. É claro que é importante que surjam vocações sacerdotais, mas penso que projectamos involuntariamente uma certa predilecção por uma vocação em detrimento de outras, o que creio que poderia ser contraproducente hoje em dia.

Até há alguns anos atrás, nas nossas sociedades sociologicamente católicas, o casamento era a norma. Era considerado o chamamento natural e muitas pessoas chegavam lá quase sem pensar nisso. Conheceram um rapaz ou uma rapariga, começaram a namorar e casaram na igreja porque era o que todos os outros faziam. Aqueles que aprofundavam a sua fé, chegavam a uma reflexão mais séria sobre a sua vocação e podiam considerar o sacerdócio ou a vida consagrada. Casamento também, mas como o que é: um sacramento de serviço à comunidade, um caminho para a santidade.

Hoje em dia as coisas mudaram muito. Se no ano 2000 75% dos casamentos celebrados em Espanha eram católicos, em 2020 esta percentagem caiu para 10%. Mesmo assim, muitos dos poucos que ainda vão aos escritórios paroquiais para pedir o sacramento fazem-no manifestamente contra, pois não esperaram pelo casamento para viverem juntos e não estão dispostos a aceitar o que a fé nos revela sobre o seu significado e propósito. Nestas circunstâncias, O casamento cristão é ainda muito desvalorizada dentro da própria Igreja e é normal que ainda seja considerada uma vocação de "segunda classe", porque é obscurecida.

No prefácio ao Itinerários Catecumenais de Casamento e Vida Familiar do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, o Papa Francisco reflecte sobre esta realidade, chamando a atenção para "o facto de a Igreja dedicar muito tempo, vários anos, à preparação dos candidatos ao sacerdócio ou à vida religiosa, mas dedicar pouco tempo, apenas algumas semanas, aos que se preparam para o casamento".

Não nos ocorre ordenar um jovem, por muito desejo e convicção que tenha pela sua vocação sacerdotal, depois de lhe ter dado um curso de oito sessões ou de fim-de-semana. Também não nos ocorre admitir um candidato ao sacerdócio depois de um curso de oito sessões ou de fim-de-semana. vida consagradapor muito apaixonada que esteja pelo carisma da fundadora, sem um longo período de noviciado e de discernimento vocacional. Mas, para ter acesso ao sacramento do matrimónio, basta pegar no seu namorado ou namorada no braço, assistir a algumas conversas, e sair, para fundar uma Igreja doméstica para a vida, de acordo com os desígnios do Senhor!

Ao apresentar o casamento como uma vocação inferior, uma vez que é necessária menos preparação ou discernimento para entrar nele, estamos a fazer com que muitos entrem nele enganados, pois enquanto os costumes sociais costumavam acompanhar os cônjuges, aquilo que a sociedade de hoje entende como viver como um casal nada tem a ver com a família cristã. Alguns casamentos são directamente nulos e muitos outros falham porque estão fechados à graça sacramental.

Mas esta subavaliação do casamento pode também fechar a porta a muitos candidatos potenciais à ordenação que podem não se acreditar capazes de atingir as (supostamente) maiores exigências do sacerdócio, optando pela (aparentemente, por ignorância) vida matrimonial sempre mais fácil.

Não façamos distinções na apresentação aos jovens das diferentes formas como o Senhor os pode chamar. Com os ensinamentos de Santa Luísa de Marillac, no meio da campanha do Dia do Seminário, encorajemos a única vocação cristã: santidade, serviço, dedicação absoluta da própria vida... E que seja Deus a chamar através das diferentes formas de vida, que não estão tão distantes umas das outras. São José, santo padroeiro dos seminários e casado até ao fim, pode também servir de exemplo.

O autorAntonio Moreno

Jornalista. Licenciado em Ciências da Comunicação e Bacharel em Ciências Religiosas. Trabalha na Delegação Diocesana dos Meios de Comunicação Social em Málaga. Os seus numerosos "fios" no Twitter sobre a fé e a vida diária são muito populares.

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